Rangel Talks: Pedro Nunes, diretor do Museu da Misericórdia do Porto, e a comissária de arte Charlotte Crapts, sobre a exposição de Giacometti

Rangel Talks: Pedro Nunes, diretor do Museu da Misericórdia do Porto, e a comissária de arte Charlotte Crapts, sobre a exposição de Giacometti

Foto: Filipe Ramos – Rangel, Pedro Nunes – MMIPO, Carla Bastos Pinto – Rangel, Charlotte Crapts – Comissária de Arte

Os Portugueses agradecem ao MMIPO – Museu da Misericórdia do Porto pelo facto de ter acreditado que era possível trazer para Portugal uma exposição mundialmente reconhecida.”  [a exposição “Alberto Giacometti – Peter Lindbergh. Capturar o Invisível”]

CHARLOTTE CRAPTS

Trazer para Portugal e para o Porto uma exposição de um dos mais importantes escultores do século XX parece ser, à partida, uma missão impossível. E embora tenham sido necessários quatro anos para que o trabalho do escultor suíço Alberto Giacometti (1901-1966) conseguisse ser exposto no nosso país, este ano aconteceu. Assim, com o patrocínio da Taylor’s, a exposição “Alberto Giacometti – Peter Lindbergh. Capturar o Invisível” pode ser visitada no MMIPO – Museu da Misericórdia do Porto até 24 de setembro de 2021.

Nem a pandemia adiou este sonho, alimentado sobretudo por duas pessoas: a comissária da exposição, Charlotte Crapts, e o diretor do MMIPO, Pedro Nunes. Trata-se de uma exposição com um sabor especial, uma vez que junta as esculturas de Giacometti com as fotografias inéditas de uma referência também do século XX, sobretudo na área da moda, Peter Lindbergh (1944-2019).

Montar a exposição em pleno confinamento foi de facto uma dificuldade acrescida, mas que conseguiu ser ultrapassada com a ajuda da FeirExpo e com o profissionalismo e experiência de toda a sua equipa. “O nome FeirExpo, agora FeirExpo by Rangel, está num patamar muito elevado no mundo da arte internacional, o que é muito bom”, refere a comissária de arte Charlotte Crapts. Um facto que reforça a sua convicção de que é importante trabalhar com empresas portuguesas, desde o transporte à cenografia, ideia pela qual prometeu lutar quando quis trazer Giacometti para Portugal e pela qual continuará a empenhar-se, no âmbito daquilo que propôs inicialmente ao MMIPO: “cinco anos, cinco grandes exposições”.

Como nasceu o MMIPO – Museu e Igreja da Misericórdia do Porto e qual é o objetivo deste museu?

Pedro Nunes: A Misericórdia do Porto sempre teve uma componente cultural muito forte. No final do século XIX, o provedor Conde de Samodães mandou construir uma galeria de ferro e de vidro cujo objetivo era exatamente esse: promover ações de carácter cultural. Ali, fizeram-se todo o tipo de iniciativas ao longo do século XX, ali expuseram-se grandes pintores portugueses do século XX, como António Carneiro ou Aurélia de Souza. Foi um espaço cultural por excelência. A ideia de ter um museu no edifício começou nessa altura, no final do século XIX, mas só se concretizou em 2015, com o atual provedor.

O museu tinha dois objetivos essenciais: o primeiro era contar a História e a ação da Misericórdia do Porto. Sendo uma instituição com mais de cinco séculos, tem obviamente uma História e muitas estórias para contar. O segundo objetivo era mostrar a nossa coleção de arte, oferecida ou adquirida pela instituição ao longo de todos estes séculos. As obras do museu começaram em 2014, tendo aberto ao público em julho de 2015. Desde aí, fez o seu percurso natural de crescimento sempre ininterrupto até ao início de 2020, altura em que surgiu a pandemia.

É também um museu que tem a ambição de trazer grandes nomes da arte mundial a Portugal, como aconteceu com Picasso e, agora, com Giacometti?

Pedro Nunes: Isso acontece porque, em 2018, fomos contactados pela comissária Charlotte Crapts no sentido de estabelecermos uma parceria para trazer à cidade do Porto um conjunto de grandes exposições internacionais. A ideia era fazer “cinco anos, cinco grandes exposições”. Essa ideia começou a ser concretizada com a exposição Pablo Picasso Suite Vollard, realizada em 2019. Em 2020, estava previsto Alberto Giacometti e Peter Lindbergh, que, por força da pandemia, teve de ser adiada para 2021. Agora, estamos a perspetivar quais serão as próximas.

Depois desta época de paragem, o que é essencial para conseguirmos retomar a normalidade nos museus? De que forma é que o MMIPO está a planear esta nova fase?

Pedro Nunes: O primeiro sinal que os museus têm de dar é que é seguro visitar os museus. Ou seja, foram criadas uma série de condições e de regras que tornam os museus em locais muito seguros para visitar: o uso obrigatório de máscara, higienização das mãos, lotação de pessoas por sala, limite do número de entradas em função das áreas, etc. Esta é uma mensagem muito importante: é seguro visitar os museus. Cabe-nos a nós, e aos agentes culturais no geral, passar esta mensagem. E as pessoas já estão a perceber isso.

Em Portugal, também é importante criar uma espécie de transformação na forma como as pessoas olham para aquilo que é a oferta cultural. Devemos começar a utilizar a educação através da cultura. Isto é, começar a trazer pessoas mais novas, habituá-las a visitar museus, a conhecer a nossa História. A partir daí, elas vão ser pessoas mais completas e, à medida que a sua educação vai evoluindo, elas também se vão tornando cada vez mais completas naquilo que é a sua formação. O MMIPO, dentro daquele que é o seu espectro de audiência, tem feito esse trabalho.

Como têm trabalhado essa componente?

Pedro Nunes: Temos o serviço escolar que faz visitas, workshops temáticos e peddy papers dentro do museu. Mas também jogos com miúdos mais pequenos, em que estes, por exemplo, vão à descoberta dos animais que estão nos quadros ou nas salas. Há uma série de atividades que foram desenvolvidas exatamente para proporcionar e para tornar as visitas adaptadas às diversas faixas etárias. Queremos que cada um, com o seu nível de maturidade e capacidade de entendimento daquilo que é a arte, comece pouco a pouco a evoluir e a perceber a forma de interpretar os vários elementos.

Para nós, esse tem sido um ponto essencial. Apesar de as 14 obras, transversais a todas as misericórdias, não incluírem a cultura como uma obra de misericórdia, a Misericórdia do Porto teve sempre esse cuidado de utilizar a cultura como um mecanismo de educação e de transformação de mentalidades. No fundo, é um desígnio que já existe há séculos na instituição e que nós só estamos a perpetuar com a existência física do museu.

É importante cativar mais públicos?

Pedro Nunes: Sim. Vamos visitar cidades e visitamos todos os museus e todas as atrações turísticas, e, depois, esquecemo-nos da nossa própria cidade. Temos de combater isto. Eu faço um mea culpa. Acontece comigo também. Nós queremos alterar este paradigma. É importante que as pessoas conheçam os seus locais e a sua História.

Temos uma ligação grande com a Igreja Católica, com a Diocese do Porto, e que se reflete na nossa coleção permanente com muita arte sacra, mas tentamos também introduzir alguns elementos de contemporaneidade e disruptivos, que não estão ligados à arte sacra. O melhor exemplo disso é talvez a obra mais visível do museu, a de Rui Chafes, que começa dentro do museu, atravessa a parede e faz a ligação à cidade. É uma peça disruptiva: num museu com peças do século XVI ao século XX, temos uma peça do século XXI de arte contemporânea e de um artista plástico de renome internacional. São também esses elementos que queremos trazer, rompendo a ideia de que é só arte sacra. Há muitos elementos ligados à História da instituição que fazem a ponte com a história da cidade.

Além disso, neste museu, tentámos que houvesse uma museografia com design arrojado, diferente, muito mais a puxar o lado contemporâneo. No fundo, as peças continuam a ser as mesmas, mas a forma como estão expostas, a forma como a história é contada é que é diferente. Esse também foi um desígnio importante que criou uma rutura com a tal perceção daquilo que são os museus da Misericórdia.

Ao mesmo tempo, está a criar novos espaços para a cidade, como é o caso da “nova esplanada secreta do Porto”.

Pedro Nunes: Todo o edifício acompanha a vertente até chegar à Rua da Vitória e havia um antigo espaço com jardim que não estava a ser utilizado, com uma vista sobre o chamado Morro da Pena Ventosa, ou seja, a cidade medieval do Porto. Nós nunca tínhamos utilizado esse jardim por razões que têm a ver com a evolução do próprio museu. Temos cerca de seis anos de existência, há muitos passos a dar e este era mais um. Achámos que esta exposição, na parceria que tínhamos com a Taylor’s e com o Vinho do Porto, convidava a isso, e o timing era perfeito. Portanto, demos mais esse passo: abrimos um novo miradouro, um novo jardim à cidade.

A ideia do museu foi essa: ir conquistando o seu espaço na cidade e dando espaços à cidade. Ao mesmo tempo, cria a componente de ter uma parte da visita que é de relaxamento, de aceder ao wi-fi, partilhar fotografias, onde nos sentimos bem. Faltava essa componente.

Como surgiu a ideia desta exposição, de trazer Alberto Giacometti e Peter Lindbergh ao Porto?

Pedro Nunes: Em 2017, a Fundação Giacometti convidou o fotógrafo Peter Lindbergh, da área da moda, a fotografar grande parte do seu espólio. Ele esteve no storage da fundação durante três dias, fechado, só com as peças, a fotografar e ficou absolutamente fascinado com aquilo que encontrou, com as fotografias que conseguiu fazer. Há um statement dele, em que diz: “Se eu pudesse escolher os cinco dias mais bonitos da minha vida, estes três certamente estariam dentro desses cinco”. E ficou fascinado, em particular, com a figura da Annette, a mulher de Alberto Giacometti, que está representada nas peças centrais da exposição. Por isso é que toda a exposição anda em torno daquele espaço central.

Surgiu a ideia, entre o Peter Lindbergh e a Fundação Giacometti, de criar uma exposição que confrontasse as peças e as fotografias das peças. Essa exposição aconteceu na Fundação Giacometti em Paris, no início de 2019.

Entretanto, nós tínhamos a parceria com a comissária Charlotte Crapts e com a Taylor’s, bem como a ideia dos “cinco anos, cinco exposições”, que tinha começado com o Picasso. Mas já antes de Picasso, tinha existido a ideia de trazer Giacometti, ainda que em absoluto segredo, até porque sabíamos que era uma exposição difícil.

A comissária Charlotte Crapts tinha uma ligação à Fundação Giacometti e surgiu a ideia de trazer esta exposição em concreto para a cidade do Porto e para o museu. Na altura, houve várias visitas técnicas para se perceber o espaço e o enquadramento, para conhecer o museu e a História da instituição. Em duas dessas visitas, veio o Peter Lindbergh e, numa das vezes, ele visitou o museu. Nessa visita, fizemos uma reunião e ele ficou maravilhado: primeiro, com o espaço central, com a luz, com o museu, com a História da instituição.

De repente, quando Lindbergh percebeu que a galeria central se chama Galeria dos Benfeitores porque estava totalmente forrada com quadros de imagens de benfeitores, ficou fascinado. Ainda mais fascinado ficou quando soube que existia uma instituição que homenageava as pessoas que a ajudavam fazendo retratos da sua imagem. Ele, que era um retratista, ficou fascinado. Criou-se uma relação de grande proximidade e ele tornou-se quase um embaixador do museu junto da fundação. Tivemos um almoço fantástico em São Bento e várias reuniões. Quando saiu daqui, eu fiquei claramente com a sensação de que ele queria fazer aqui a exposição.

Foram ponderados outros espaços na cidade?

Charlotte Crapts: Eu fui visitar vários sítios. Como tinha esta relação com o Giacometti, queria perceber primeiro qual era o sítio ideal para fazer a exposição. Quando cheguei aqui, ao sítio onde estamos agora [a entrevista decorreu no espaço do coro alto da Igreja da Misericórdia], eu fiquei tão encantada que disse: “É este espaço que eu quero”. Estive cá com o cenógrafo, que me ajudou a ver vários espaços, e foi logo love at first sight.

O mesmo aconteceu com o Peter Lindbergh?

Charlotte Crapts: Sim. Este espaço é muito agradável para se estar. E o conceito que eu queria criar era ter uma exposição dentro de um espaço que tivesse muita alma e “cantinhos”, com um caminho onde pudéssemos andar e parar, juntando uma exposição deste nível internacional com a arquitetura e o estilo portugueses. Para mim, foi muito bom fazer isto em Portugal, Porto. Como eu vivo no Porto e os meus filhos nasceram cá, havia uma grande vontade, pela paixão que tenho pela cidade. Mas considero esta uma exposição nacional. Estamos a ter muitas visitas de Lisboa.

Isto aconteceu quando?

Charlotte Crapts: Em final de 2017, tive a primeira reunião com o provedor da Santa Casa da Misericórdia. Nós começámos a trabalhar com as fundações em 2018, com várias  reuniões lá e cá, tendo o  Peter Lindbergh nos visitado no final desse ano. No início de 2019, realizou-se a exposição em Paris e infelizmente em setembro o Peter faleceu. No entanto, continua a ser o curador da exposição e fizemos tudo como ele idealizou, como por exemplo ter as fotografias em grande formato.

Que é um formato diferente ao da exposição original…

Charlotte Crapts: Sim. O Instituto de Giacometti, em Paris, era um espaço pequeno e não havia hipótese de ter grandes formatos. Peter Lindbergh achava uma pena, porque gostaria de colocar as suas fotografias em grande escala. Quando esteve cá, o cenógrafo da exposição, arquiteto Duarte Morais Soares, sugeriu fechar as  janelas do espaço e foi feita uma cenografia específica para esta exposição. Era preciso adaptar o espaço, porque era todo aberto e o arquiteto considerou que era importante ter “cantinhos”. O que achámos bonito e sentimos o mesmo na reação das pessoas.  É uma exposição muito cosy, com muito mimo, e as pessoas gostam de estar aqui.

Pela sua dimensão, é também uma exposição que se pode ver em menos tempo?

Charlotte Crapts: Este é um conceito que estou a tentar criar, já o fizemos com o Picasso e vamos manter: conseguir visitar uma exposição desta grandeza em 45 minutos ou uma hora, começando a criar o hábito de visitar à hora do almoço ou no final do dia, depois do trabalho. Podem ver a exposição e combinar com os amigos um jantar a seguir. Não tem de ocupar um dia, uma manhã ou uma tarde.

A minha ideia é ter um conceito em que a arquitetura enquadre bem a exposição e a exposição enquadre bem a arquitetura, mas com muitos espaços que fazem parte do edifício em si: a capela, a igreja, a sacristia, que tem um filme, e o cofre, onde podemos assistir a um  filme do Giacometti a trabalhar no seu atelier.

E há um circuito específico para se visitar?

Charlotte Crapts: Não há regras quanto à ordem da visita, há uma cronologia das obras que pode ser seguida, mas as pessoas gostam de descobrir. Por isso, não temos setas. Também existe uma sala de retratos de moda do Peter Lindbergh e optámos por não colocar legendas nas fotografias, porque a sala enquadra muito bem a ligação entre os desenhos do Alberto Giacometti e as fotografias do Peter Lindbergh. Nós não queremos que as pessoas olhem só para as caras das modelos,  pois o importante é fazer a ligação entre os desenhos e as fotografias. É uma ligação interessante para a arte moderna e para a arte contemporânea.

Como foi montar esta exposição numa altura de pandemia e num contexto de confinamento?

Charlotte Crapts: Tivemos a grande equipa da FeirExpo.

Pedro Nunes: Houve vários desafios. O primeiro foi transportar a exposição de 2020 para 2021. O calendário deles é muito apertado. Há muitos pedidos de exposição. Foi uma negociação difícil. Nós conseguimos passar, até porque a certa altura era evidente que em 2020 não havia condições para fazer a exposição. O segundo desafio foi tentar não seguir tudo aquilo que eles queriam: cenógrafo francês, transportadora francesa, seguros franceses.

Tudo tinha de ser como eles queriam. Nós introduzimos aqui alguns elementos, um dos quais tinha a ver com o transporte, e aí a reputação da empresa foi essencial para se conseguir. Ou seja, se não houvesse boas referências da FeirExpo, nós nunca conseguiríamos que o transporte fosse feito por uma empresa portuguesa. De outra forma, eles não iriam ceder, porque eram muito intransigentes nessa matéria.

Charlotte Crapts: Mas a FeirExpo é muito conhecida lá fora. Eu noto isto com vários museus: muitos conhecem a FeirExpo. O nome FeirExpo, agora FeirExpo by Rangel, está num patamar muito elevado no mundo da arte internacional, o que é muito bom. Eu, não sendo portuguesa mas vivendo cá há muitos anos, sinto orgulho por uma empresa portuguesa conseguir estar no mundo da arte. Isto foi uma grande vantagem. O nome da FeirExpo até apareceu na comunicação.

Portugal tem tantas coisas boas, tanta capacidade, tantos profissionais bons, e eu pensei, por exemplo, como é possível contratarmos um arquiteto francês, quando nós temos aqui dos melhores arquitetos do mundo, temos de ter alguém no Porto que possa fazer o projeto connosco.

Pedro Nunes: Em termos logísticos, aquelas duas semanas anteriores à abertura da exposição foram difíceis, porque tivemos desde logo um constrangimento enorme: foi imposta uma restrição de entrada de cidadãos franceses e a equipa que acompanhava o transporte, quer da Fundação Giacometti, quer da Lindbergh, vinha de Paris. Eram oito e acabaram por vir quatro.

A Fundação Giacometti contactou a Embaixada de França em Lisboa pedindo que esta contactasse o Governo português, no sentido de este dar uma autorização especial para eles entrarem em território nacional só para fazerem a montagem de uma exposição de arte. Explicaram o contexto e, na altura, o Governo autorizou, mas com a condição de ser apenas por 48 horas. Eles tinham de trazer o teste negativo, estavam 48 horas, tinham de sair, fazer novo teste em Paris, voltar, estar 48 horas e tornar a sair. Isso, em termos logísticos, trouxe-nos algumas dificuldades e obviamente algum stress. Montar uma exposição destas é, por si só, um momento de tensão.

Com todos estes constrangimentos, como acabou por correr a operação de transporte?

Pedro Nunes: A partir do momento em que o camião chegou, eu fui às instalações da FeirExpo em Alfena. Fui lá buscar a Clara Gibertoni, a responsável pela elaboração dos condition reports que acompanhou sempre as peças desde que saíram de Paris até chegarem ao Porto; tudo era controlado por ela, desde a abertura das caixas até à autorização para retirar as peças.

Quando ela entrou no carro, vinha completamente encantada porque o serviço foi fantástico, são superprofissionais. Além disso, a FeirExpo tinha uma equipa fantástica que falava francês e ela ficou maravilhada. O senhor Cavaco era de uma cortesia e de uma calma… Ela adorou toda a equipa, superprofissional. Além disso, devido às regras Covid, a Clara teve transporte privado que veio sempre a acompanhar o camião. Ela própria dizia que nunca tinha tido um serviço com tanto luxo [risos].

Como caracteriza esta parceria com a FeirExpo?

Charlotte Crapts: Foi um grande trabalho de equipa. Equipa é a palavra correta. As pessoas foram espetaculares, toda a equipa.

Foi uma surpresa terem isso numa empresa portuguesa?

Charlotte Crapts: Para mim, não foi uma surpresa, foi a confirmação de algo pelo qual eu própria lutei. Conseguirmos montar uma exposição desta qualidade com uma equipa portuguesa!

Pedro Nunes: Eu usaria duas palavras para classificar o serviço: qualidade e excelência. Foi aquilo que eu senti da parte da FeirExpo. E não fui só eu, foi toda a equipa do museu que também esteve presente e a equipa das fundações, quer Lindbergh, quer Giacometti. Fomos jantar todos no último dia e falámos da excelência dos serviços, que foi destacada pela Clara Gibertoni, a conditioner reporter da Fundação Giacometti.

Charlotte Crapts: Foi único, mesmo.

Como foi o salto para a exposição do Francis Bacon?

Charlotte Crapts: Surgiu a oportunidade de termos a coleção de Francis Bacon em Portugal, e sendo a Taylor’s  o grande patrocinador desta exposição [de Giacometti e de Lindbergh] sugeri a sua galeria no WOW ( World of Wine)  que ainda não tinha sido inaugurada.

Montámos a exposição com a mesma equipa da FeirExpo e correu lindamente também, mas foram trabalhos muito diferentes. Trabalhámos com a mesma equipa em termos de transporte e de cenografia, o que achei muito importante, pois já nos conhecemos mutuamente e criou-se uma relação de confiança.

Em termos pessoais, como classificam esta experiência de trazer Giacometti e Lindbergh para o MMIPO?

Charlotte Crapts: Agora, com o tempo, eu percebo que as pessoas visitam a exposição com emoção e isso faz-me muito bem. Mas, ao mesmo tempo, é muito intenso. Num testemunho, o arquiteto Siza Viera agradece ao MMIPO ter trazido esta exposição para cá. É muito bom ouvir isto, de pessoas tão reconhecidas.

Pedro Nunes: O arquiteto Souto Moura esteve cá, visitou a exposição e elogiou. Ele é fã do Giacometti. A certa altura, estávamos na sala dos desenhos, ele parou um bocado e comentou: “Ainda dizem que não é possível morrer de beleza, olhem-me para esta exposição! Isto é uma coisa linda!”

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