Excesso de stock: que estratégias deve implementar para evitar este problema?

A prevenção de ruturas de stockconstitui, decerto, uma das preocupações prioritárias para qualquer gestor logístico. Não obstante, também o excesso de stockpode comprometer a fluidez da cadeia de abastecimento, acarretando perdas bastante significativas — dos prejuízos financeiros aos danos reputacionais. Conheça, então, as principais causas de excesso de stock e que estratégias deve adotar para o combater.

O que se entende, afinal, por excesso de stock?

O excesso de stockocorre quando uma empresa adquire mais matéria-prima ou produtos do que, de facto, consegue vender. Em suma, decorre de um desequilíbrio entre as entradas e as saídas de stock. Desse modo, os produtos acabam por ficar acumulados em armazém durante mais tempo do que inicialmente previsto.

Note-se, no entanto, que este problema nem sempre se revela óbvio: uma parte significativa das consequências nefastas do excesso de stocknão emerge imediatamente, tornando-o mais difícil de detetar. Além disso, muitas empresas acreditam que a acumulação de stock extra não constitui, necessariamente, uma ameaça à eficiência das suas operações logísticas.

Importa, então, atentar noutro conceito-chave — o stock de segurança. Trata-se, na verdade, do volume extra de inventário necessário para colmatar situações imprevistas. O cálculo rigoroso das quantidades ideais a manter em armazém torna-se, assim, imprescindível para manter o equilíbrio. Se, por um lado, se pretende mitigar o risco de rutura nos pontos de venda, por outro, revela-se vital evitar o excesso de stock.

Como se pode, então, identificar o excesso de stock?

Naturalmente, não existem orientações transversais a todos os negócios. Aliás, a dimensão ideal de um inventário depende de um conjunto amplo de fatores, como a tipologia dos produtos ou das matérias-primas e o espaço de armazenagem disponível, por exemplo.

Contudo, existem alguns indicadores essenciais na identificação de excesso de stock, como a taxa de rotação de stock (inventory turnover ratio). Esta calcula o período decorrido, em média, entre a aquisição de um produto e o momento da sua venda, recorrendo à seguinte fórmula:

Taxa de rotação de stock= Custos de posse associados aos produtos vendidos, num determinado período ÷ Valor do stock médio em armazém, no período definido

Caso este indicador se apresentasse demasiado baixo, então a empresa poderia deparar-se com um problema de excesso de stock. Tal significaria, portanto, que os produtos permaneceriam no armazém, estagnados, durante demasiado tempo.

Quais são as principais consequências do excesso de stock?

A acumulação excessiva de stock pode desencadear um conjunto vasto de problemas para as organizações. Entre os desafios críticos que podem emergir, neste contexto, frisamos os seguintes:

Incremento dos custos

O excesso de stockgera, inevitavelmente, um aumento do investimento concernente à armazenagem. Além dos custos associados ao espaço necessário, devemos contemplar, também, os gastos relativos à gestão do armazém (decerto mais complexa e ineficiente), bem como a perda de lucro com a ocupação de locais onde poderiam constar produtos com maior procura.

Ademais, importa enfatizar que os custos das operações de armazenagem são bastante significativos: de acordo com a McKinsey, as organizações despendem neles, anualmente, cerca de 350 mil milhões de dólares.

Obsolescência ou deterioração dos produtos

O excesso de stockacarreta, ainda, outras despesas. Tipicamente, os produtos tendem a perder o valor inicial ou a ficar obsoletos, ao longo do tempo, podendo provocar, assim, perda de receitas e desperdício de recursos (principalmente de bens perecíveis).

Retenção de capital

No limite, o excesso de stockrepresenta um investimento sem retorno para a empresa. Afinal, o capital utilizado nessa compra acaba por ficar “capturado” no armazém, quebrando o ciclo de reinvestimento que viabiliza, em muitos casos, a aposta na inovação ou o acompanhamento das oportunidades e das tendências do mercado.

Insatisfação dos clientes

Inegavelmente, o excesso de stockem armazém pode tornar a cadeia de abastecimento mais permeável a falhas humanas ou técnicas. Além de complexificar a movimentação de produtos, bem como a rigorosa monitorização do inventário, este problema pode ainda resultar na falta de espaço para mercadorias com mais procura.

Erros nos pedidos, atrasos no processo de picking ou rutura de stockde determinados produtos podem, portanto, prejudicar a experiência do cliente final. Trata-se, assim, de uma ameaça para o capital reputacional de qualquer marca.

O que está na origem do excesso de stock?

Para estruturar uma estratégia que permita combater, eficazmente, o risco de acumular stock em excesso, revela-se imprescindível conhecer as suas principais causas:

Previsão da procura irrealista

Num quadro comercial pautado por incessantes transformações, a falta de capacidade para antever, dentro do possível, as flutuações da procura pode comprometer a sobrevivência dos negócios. A sobrestimação da procura ou a incorreta interpretação do comportamento dos consumidores podem, pois, desembocar num cenário de excesso de stock.


Na análise das variações da procura, devem contemplar-se os fatores mais controláveis, como os hábitos de consumo sazonais ou os esforços de marketing, mas não só. Importa considerar, também, os fatores externos à organização (mais difíceis de prever). Este exercício analítico deve, então, abranger as flutuações da economia, as tendências de consumo, os acontecimentos sociopolíticos e os fenómenos climáticos.

Gestão de inventário desadequada

A eficácia de uma cadeia de abastecimento está diretamente dependente da capacidade de monitorização dos movimentos dos produtos em armazém. Ora, uma gestão de stocks eficaz e precisa revela-se fundamental para assegurar que a empresa dispõe dos níveis adequados de mercadorias, em cada momento.

Quando se detetam irregularidades que comprometem a visibilidade da cadeia de abastecimento, torna-se bastante provável que as organizações acabem, então, por cometer erros nas suas operações logísticas. Tal pode desencadear, evidentemente, múltiplos problemas, nomeadamente excesso de stock.

Receio de enfrentar ruturas de stock

As ruturas de stockconstituem, certamente, uma das principais preocupações dos operadores logísticos, atendendo aos efeitos nocivos que apresentam na atividade de qualquer empresa.

A tentativa de compensar eventuais disrupções na cadeia de abastecimento — como as consequentes da guerra na Ucrânia ou da eclosão da pandemia de COVID-19, por exemplo — pode conduzir à acumulação excessiva de stock. Similarmente, esta sobrecompensação tende a ocorrer como resposta à falta de fiabilidade dos fornecedores relativamente aos prazos de entrega estipulados.

4 estratégias para prevenir o excesso de stock

Para evitar eficazmente o excesso de stock, importa, então, considerar algumas práticas imprescindíveis no que concerne à gestão de armazém:

1. Planeamento

A prevenção de problemas relacionados com o excesso de stockcarece, inegavelmente, de um trabalho meticuloso de planificação. Revela-se, por isso, crucial que as organizações identifiquem os aspetos que influenciam o comportamento da procura. Através da avaliação destes dados — contemplando fatores externos e internos —, será possível definir o stock de segurança indicado para cada artigo.

Inegavelmente, as ferramentas tecnológicas, alicerçadas em big data, imprimem uma maior precisão a esta análise preditiva (forecasting). Desse modo, recorrendo aos históricos de vendas, estes algoritmos sofisticados constituem aliados fundamentais para a deteção atempada das tendências do mercado.

2. Warehouse Management System (WMS)

A implementação de um software WMS viabiliza um controlo mais eficaz — e com menor probabilidade de erro — das operações que decorrem no interior do armazém. Além de automatizar grande parte dos processos (da receção das mercadorias até à sua expedição), oferece uma visibilidade de 360º, em tempo real.

Por conseguinte, estes sistemas de gestão garantem mais rigor no controlo dos inventários, ajudando a prevenir ruturas ou excesso de stock.

3. Análise e classificação dos produtos

A definição da metodologia a aplicar à gestão e ao controlo de stocks revela-se, igualmente, decisiva. A curva ABC, por exemplo, pode constituir uma técnica útil para algumas empresas, permitindo classificar os produtos consoante a sua relevância para o negócio. Oferece, pois, orientações valiosas aquando do reabastecimento do armazém, evitando o excesso de stock.

4. Otimização da cadeia de abastecimento

A resiliência de uma cadeia de abastecimento manifesta-se crucial na resposta a disrupções imprevistas. Nesse sentido, há algumas precauções estratégicas que podem marcar a diferença, como, por exemplo:

  • Trabalhar com vários fornecedores e transportadores (com o intento de reduzir a vulnerabilidade relativamente a eventuais falhas de um parceiro);
  • Distribuir o stock por locais distintos, sempre que possível;
  • Centralizar a informação, facilitando a coordenação de operações entre os vários departamentos e as diversas etapas da supply chain;
  • Contar com o know-how de operadores logísticos especializados.

Neste último ponto, importa frisar o papel central destes parceiros na implementação das soluções mais adequadas ao perfil de cada negócio.

Assim, para adotar uma estratégia de armazenamento otimizada, visando evitar problemas relacionados, por exemplo, com a rutura ou o excesso de stock, contacte a Rangel. Com uma vasta experiência na área, a nossa equipa especializada ajudá-lo-á a encontrar as soluções logísticas de armazenamento indicadas para as suas necessidades.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
McKinsey & Company. “Improving warehouse operations — digitally”. Acedido a 2 de junho de 2023.
https://www.mckinsey.com/capabilities/operations/our-insights/improving-warehouse-operations-digitally
Intuendi. “Excess stock: absolutely everything you need to know”. Acedido a 2 de junho de 2023.
https://intuendi.com/resource-center/everything-about-excess-inventory/
EngageBay. “The hidden dangers of overstocking and how to avoid them”. Acedido a 2 de junho de 2023.
https://www.engagebay.com/blog/overstocking/
ShipBob. “Overstocking 101: what causes overstock & how to avoid it”. Acedido a 2 de junho de 2023.
https://www.shipbob.com/blog/overstocking/
Inventoro. “Why and how retailers can stop overstocking”. Acedido a 2 de junho de 2023.
https://inventoro.com/retail-overstocking/