Curva ABC: qual a sua importância para a gestão de stocks?

Curva ABC: qual a sua importância para a gestão de stocks?

As empresas, especialmente as que operam na área do retalho e no eCommerce, têm de monitorizar milhares de referências de produtos, espalhados por diversos armazéns em diferentes localidades do país. Gerir e controlar os inventários neste contexto é uma tarefa desafiante, mas crucial para garantir que não existem ruturas de stocks ou desperdício de mercadorias. Para facilitar a gestão de inventários, as empresas socorrem-se de diversas metodologias de organização, classificação e armazenamento de produtos. É o caso da Curva ABC. Saiba em que consiste esta estratégia e quais as suas vantagens.

O que é a Curva ABC?

A Curva ABC é um método de classificação que, quando aplicado ao controlo de stocks, serve para determinar quais são os produtos mais relevantes e com maior impacto na atividade da empresa.

Este conceito tem por base o Princípio de Pareto, desenvolvido no início do século XX por Vilfredo Pareto. Este economista e sociólogo italiano, ao observar o cultivo de ervilhas, percebeu que 80% da produção era gerada por apenas 20% das vagens.

Pareto resolveu então aplicar esta observação ao estudo da distribuição de riqueza na Itália. Resultado? Verificou-se que 80% da riqueza estava concentrada nas mãos de 20% da população.

Um dos aspetos mais curiosos da regra dos 80/20 é a sua universalidade, sendo possível aplicá-la em qualquer campo, desde a distribuição de riqueza, aos resultados de uma empresa, ou mesmo às despesas do orçamento pessoal de uma família. O Princípio de Pareto foi, entretanto, expandido na década de 40 por Joseph Juran e está na génese da metodologia da Curva ABC.

Curva ABC à lupa

Pegando na ideia de que 80% dos resultados são gerados por 20% das causas, a Curva ABC ajuda a classificar e ordenar a informação. Desta forma, a empresa consegue identificar rapidamente aquilo que traz mais – ou menos –  valor para o seu negócio.

Esta estratégia pode ser aplicada em diversas dimensões dentro de uma organização: desde as vendas, passando pela análise de produtividade ou mesmo no marketing. Mas é usada, sobretudo, no controlo e na gestão de inventários. Como funciona na prática?

Na Curva ABC, a classificação é feita tendo por base três diferentes categorias – A, B e C – que correspondem a diversos níveis de importância e representadas por uma curva.

Os inventários podem ser classificados de acordo com diversos critérios, como o custo unitário da mercadoria, a rotação dos produtos ou o seu peso na faturação da empresa, entre outros.

Imaginemos o seguinte exemplo:

  • Categoria A – Reservada aos produtos com maior peso na faturação da empresa. Estas são as mercadorias a que a organização precisa de prestar mais atenção, uma vez que geram maior volume de negócio. São os artigos prioritários e que não podem faltar. Regra geral, nesta categoria, entram 20% dos produtos em stock, mas que, juntos, correspondem a 80% da faturação da empresa.
  • Categoria B – Aqui estão categorizadas as mercadorias que representam um nível intermédio na faturação. Aqui entram 30% dos produtos, correspondendo a um peso de 15% na faturação da empresa.
  • Categoria C – Neste último patamar, estão os artigos com menor relevância nas vendas da empresa. A categoria alberga a maioria dos produtos disponíveis (50%), mas, no total, estes bens garantem apenas 5% da faturação da organização.

Através desta categorização, a Curva ABC ajuda a evitar as ruturas de stocks dos produtos mais importantes para o negócio. Da mesma forma, previne a existência de um volume excessivo de stocks de produtos pouco relevantes ou com pouca rotação – e que representam um custo financeiro elevado para as empresas.

Quais as vantagens da aplicação deste método?

Entre os principais benefícios associados à aplicação da metodologia da Curva ABC no controlo dos inventários, destacamos então os seguintes aspetos:

Melhor planeamento

Ao identificar os produtos mais relevantes e com um maior peso na faturação (Categoria A), a empresa consegue planear as encomendas e as operações, assegurando que estes produtos estão sempre disponíveis.

Menos custos

Esta metodologia ajuda as empresas a evitarem demasiados esforços financeiros na aquisição e no armazenamento de stocks excessivos de produtos que são pouco relevantes para o negócio. Recorde-se que os artigos com pouca procura ficam parados no armazém, ocupando espaço que poderia ser rentabilizado de uma melhor forma.

Facilita as operações em armazém

A categorização dos produtos em função do seu nível de relevância é uma variável importante a ter em conta nas operações de armazenamento. Por exemplo, tipicamente, as mercadorias da Categoria A são armazenadas nas zonas nobres do armazém, em locais de fácil acesso aos operadores e perto das docas de saída. O objetivo é facilitar e agilizar o armazenamento e a movimentação destes artigos.

Já os artigos da Classe C – com menor rotação e relevância – estão nas prateleiras mais altas e menos acessíveis. Ou seja, a Curva ABC exerce um papel importante na definição do layout de um armazém, contribuindo para a maior otimização das operações nesta etapa.

Desenvolvimento de novas estratégias

A Curva ABC constitui também um instrumento de análise para as organizações desenvolverem novas estratégias. Por exemplo, ao identificarem quais são os artigos menos relevantes (categoria C), as empresas podem delinear medidas específicas para fazer escoar estes artigos, seja através de operações de marketing ou de promoções.

Inventários mais alinhados com as necessidades dos clientes

Outra vantagem associada a esta metodologia advém do facto de permitir às equipas que gerem os inventários ter uma noção clara dos produtos com maior procura, ajudando-as a fazer as compras no momento certo, na quantidade ideal e alinhados com as necessidades dos clientes.

Note-se, no entanto, que a Curva ABC é apenas um parâmetro e um caminho possível para controlar e gerir stocks. Este método deverá ser conjugado com outras variáveis e ferramentas, que devem estar integradas de forma a garantir um controlo rigoroso dos inventários.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
uMov.me. “Curva ABC: o que é, para que serve e como usar na gestão de stock”. Acedido a 03 de julho de 2022.
https://www.umov.me/
Mecalux. “Curva ABC: vantagens para a classificação de inventários no armazém”. Acedido a 03 de julho de 2022.
https://www.mecalux.pt/blog/
Eazystock. “ The importance of ABC analysis in inventory management”: Acedido a 03 de julho de 2022.
https://www.eazystock.com/uk/blog-uk/