Logística inteligente para smart cities: desafios e tendências

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Metade da população mundial vive nas cidades. Mas a percentagem de pessoas que viverão nos grandes centros urbanos irá acelerar nas próximas décadas e atingir os 70% em 2050. Esta tendência comporta diversos desafios que os governos, bem como as autoridades municipais, estão a considerar para tornar as suas cidades mais sustentáveis e eficientes. É neste contexto que o conceito de smart cities, ou cidades inteligentes, emerge como um vetor de transformação da sociedade do futuro. Conheça com mais detalhe o que são as smart cities e qual o papel que a logística inteligente desempenha nesta nova geração de centros urbanos.

Como se caracterizam as smart cities?

Atualmente, de acordo com a Organização das Nações Unidas, as cidades ocupam apenas 3% do território global. Contudo, são responsáveis por 60% a 80% do consumo da energia e por 75% das emissões de carbono. Estes dados levantam questões preocupantes sobre a sustentabilidade da utilização dos recursos naturais. Mas não só. À medida que o número de megacidades – com mais de 10 milhões de habitantes – cresce, surgem dúvidas práticas, nomeadamente relativas à mobilidade urbana: como se gere o tráfego, os transportes e o estacionamento em cidades desta dimensão?

Para resolver estes problemas, governos e empresas apoiam-se cada vez mais na tecnologia e na transformação digital para o desenvolvimento de soluções urbanas inteligentes. A tecnologia está, portanto, na base das smart cities. Segundo o estudo da McKinsey, Smart cities: Digital solutions for a more livable future”, as cidades inteligentes caracterizam-se pelo facto de utilizarem soluções tecnológicas (inteligência artificial, Internet of Thingsblockchain, open data e data analytics, entre outros) para ajudarem os gestores a tomar as melhores decisões e a melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes.

Por exemplo, implementando semáforos inteligentes é possível definir os tempos dos semáforos em função dos fluxos de trânsito. Assim, poderá existir uma maior fluidez do tráfego rodoviário. Aliás, as estimativas apontam para que as cidades que em 2025 utilizem soluções de mobilidade inteligentes consigam reduzir entre 15 e 20% os tempos de deslocação das pessoas.

Mais, no plano ambiental, a introdução de sistemas automatizados nos edifícios, em conjunto com outras soluções inteligentes, pode levar ao corte das emissões poluentes entre 10% e 15%. E há vantagens também na segurança. Uma delas é as cidades conseguirem reduzir a mortalidade relacionada com crimes, incêndios e acidentes rodoviários entre 8-10% recorrendo a aplicações tecnológicas e à análise de informações, em tempo real, das zonas problemáticas.

Smart cities exigem uma logística inteligente

A emergência deste novo conceito de cidade moderna exerce também um forte impacto na forma como as empresas gerem as suas operações logísticas.

Pois bem, as pressões ambientais e a necessidade de utilizar os recursos de modo mais eficiente está a obrigar as empresas a encontrarem soluções de transporte que impliquem uma redução da pegada ecológica.

Além disso, a “conectividade e automação irão transformar a mobilidade não só das pessoas, mas também das mercadorias, à medida que as empresas logísticas utilizam cada vez mais tecnologia autónoma para responder à crescente procura de bens”, explica a Deloitte no estudo “Urban future with a purpose – 12 trends shaping the future of cities by 2030”. Entre os principais desafios e tendências da logística inteligente, destacamos os seguintes pontos:

Necessidade de pensar em novas soluções de transporte e entrega

Numa altura em que o e-commerce regista uma elevada expansão, um sistema de entrega de porta a porta torna-se difícil de gerir. Particularmente, nos grandes centros urbanos, onde o tráfego rodoviário é intenso.

É necessário criar soluções logísticas otimizadas que permitam reduzir o impacto ambiental das operações e que também garantam o cumprimento dos prazos de entrega. Nesse sentido, a utilização de robots, drones, cargo-bikes e veículos elétricos será uma realidade cada vez mais presente nas grandes cidades – especialmente tendo em conta as crescentes restrições impostas à circulação nos centros de muitas cidades.

Ao mesmo tempo, as entregas deverão ser feitas apostando cada vez mais nas redes de proximidade. Por exemplo, criando pontos de entrega nas estações de metro ou comboio através da instalação de cacifos automáticos.

Estabelecimento de mais sinergias entre os diversos operadores da cadeia de abastecimento

Para limitar o volume de grandes viaturas que circulam diariamente pela cidade, os operadores que movimentam mercadorias precisam de trabalhar juntos. Desse modo, uma logística inteligente implica criar mais sinergias entre os diversos operadores da supply chain e implementar modelos logísticos colaborativos.

Aposta na inovação para aliar a crescente procura de bens às exigências das cidades inteligentes

O desenvolvimento do comércio eletrónico trouxe novas exigências para os operadores logísticos, como prazos mais curtos, entregas fragmentadas de pequenas encomendas, com impacto na taxa de utilização da capacidade dos veículos. É, por isso, necessária uma maior aposta na inovação e em soluções tecnológicas que permitam às empresas assegurar a eficiência, a agilidade e a rapidez destas operações, no contexto das condicionantes da logística urbana associadas às smart cities.

Aposta na micrologística

Alguns especialistas defendem, igualmente, a aposta na micrologística e na criação de pequenos armazéns nas cidades como forma de otimizar as operações e ir ao encontro dos objetivos ambientais e de sustentabilidade das smart cities. Dessa forma, em vez das empresas terem grandes centros logísticos fora das cidades, o futuro poderá passar pela adoção de um modelo de micrologística dentro dos centros urbanos.

Estes são exemplos dos desafios e novas tendências que o setor logístico está a desenvolver para responder às necessidades das cidades inteligentes.

Através do aumento da digitalização de operações, da robotização e automação de processos, da aposta em rotas de distribuição dinâmicas e em tempo real e da adoção de veículos mais amigos do ambiente, as empresas estão hoje a trabalhar para uma logística urbana mais inteligente e mais sustentável.

Em última instância, a logística inteligente assume um papel importante para proporcionar uma maior qualidade de vida às populações e apoiar a competitividade económica das cidades.

Se tem dúvidas sobre como tornar o processo logístico da sua empresa mais eficiente e ágil, contacte-nos. O grupo Rangel tem um conjunto alargado de soluções logísticas, para garantir que o seu negócio tem todo o apoio para ser bem-sucedido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
McKinsey, Smart cities: Digital solutions for a more livable future. Acedido em 27 de setembro de 2021
https://www.mckinsey.com/business-functions/operations/our-insights/smart-cities-digital-solutions-for-a-more-livable-future
Delloite, Urban future with a purpose – 12 trends shaping the future of cities. Acedido em 27 de setembro de 2021
https://www2.deloitte.com/global/en/pages/public-sector/articles/urban-future-with-a-purpose.html
Swisslog, Digitalization promotes and demands new directions in logistics. Acedido em 27 de setembro de 2021
https://www.swisslog.com/en-us/about-swisslog/our-offering/industry-40/smart-city-logistics-urban-fulfillment
Taylor & Francis Group, Smart cities for sustainable urban freight logistics. Acedido em 27 de setembro de 2021
https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00207543.2021.1893970
ONU, Sustainable cities: Why they matter. Acedido em 27 de setembro de 2021
https://www.un.org/sustainabledevelopment/wp-content/uploads/2019/07/11_Why-It-Matters-2020.pdf
Instituto da Mobilidade e dos Transportes, Logística Urbana: Guião Orientador. Acedido em 27 de setembro de 2021.
https://www.imt-ip.pt/sites/IMTT/Portugues/Noticias/Documents/2020/Noticia%20-%20Consulta-Publica-Proposta-GUIAO-ORIENTADOR-LOGISTICA-URBANA/GUIAO_ORIENTADOR_Logistica_Urbana_VERSAO_Discuss%c3%a3o_Publica.pdf

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