Exportação de vinho: 5 passos para ser bem-sucedido

Exportação de vinho: 5 passos para ser bem-sucedido

Portugal constitui, sem dúvida, um dos principais produtores de vinho a nível global. Aliás, os vinhos nacionais apreciam-se nos quatro cantos do mundo. Contudo, devido às particularidades deste produto, as empresas produtoras devem conhecer profundamente as especificidades dos mercados externos a explorar, bem como os requisitos regulamentares e aduaneiros a cumprir. Portanto, o objetivo será assegurar que o processo de exportação de vinho se concretiza com sucesso. Descubra, então, como o garantir, neste artigo.

Exportação de vinho: retrato dos vinhos portugueses no mundo

De acordo com as estatísticas da International Organisation of Vine and Wine (OIV), Portugal ocupa a 10.ª posição no ranking mundial dos países produtores de vinho. Surge, então, apenas atrás de Itália, França, Espanha, Estados Unidos da América (EUA), Austrália, Chile, Argentina, África do Sul e Alemanha.

Todavia, na exportação de vinho, Portugal tornou-se na nona potência do comércio internacional deste “néctar dos deuses”, em 2022. Nesse ano, o total de exportações de vinho nacional atingiu, assim, o valor recorde de 941 milhões de euros.

Contudo, afinal, quem são os clientes estrangeiros dos vinhos portugueses? Segundo dados do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), os principais mercados de destino da exportação de vinho português incluem: França, EUA, Reino Unido, Brasil e Canadá. No total, estes cinco países representaram mais de 45% das exportações de vinho nacionais.

Além destes mercados, existem outros com grande potencial de crescimento, graças ao desenvolvimento de novos hábitos de consumo um pouco por todo o mundo. Por exemplo, um estudo elaborado pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em 2021, identificou a China e a Alemanha como dois dos destinos com maior potencial para a exportação de vinho português, através de e-commerce.

Aliás, a AICEP sublinhou que a venda de vinhos diretamente aos clientes, através de lojas online próprias ou e-marketplaces, consiste “numa das estratégias que as empresas do setor devem adotar para acederem a novos mercados internacionais, sem as limitações impostas pelas cadeias de valor tradicionais”.

Relativamente às tipologias de vinhos mais vendidas para os mercados externos, alguns indicadores sobressaem: 45,6% do vinho exportado, em 2022, consistiu em vinhos certificados. A estes seguiram-se, então, o vinho do Porto, o vinho não certificado, o vinho da Madeira e os vinhos espumantes.

Como concretizar a exportação de vinho em 5 passos

Representando 10,4% das exportações de bens agroalimentares, as vendas de vinhos a mercados externos comprovam, inegavelmente, o dinamismo deste setor.

Todavia, para que o processo de exportação de vinho se torne bem-sucedido, as empresas produtoras têm de desenvolver um exaustivo planeamento para selecionar:

  • Mercado ideal para o seu produto;
  • Canal de distribuição adequado;
  • Abordagem com mais potencial de sucesso.

Atente, então, nas principais recomendações a ter em conta na exportação de vinho:

1. Participe em feiras e eventos setoriais

Para as empresas produtoras interessadas na exportação de vinho, participar em feiras internacionais, provas de vinhos e outros eventos setoriais revela-se, certamente, incontornável.

Estes encontros tornam-se vitais para aprender o modo de funcionamento dos mercados externos, entrar em contacto com potenciais clientes e dar a conhecer os seus vinhos e a sua marca aos maiores players do setor do vinho. No portal Wines of Portugal, poderá descobrir eventos de promoção do vinho português no estrangeiro.

2. Conheça os padrões de consumo e a regulação do mercado a explorar na exportação de vinho

Lembre-se: um vinho ter sucesso num mercado externo específico não significa que tal se repita noutro país. Afinal, os padrões de consumo de vinho variam consoante o mercado e os canais de distribuição podem divergir. Além disso, o nível de concorrência e a regulação à entrada de vinhos estrangeiros também se diferenciam.

Por exemplo, nos Países Baixos, o preço constitui a variável mais relevante no consumo de vinho. Aliás, revela-se desafiante apostar na exportação de vinho para este mercado maduro e altamente competitivo.

Por outro lado, na China, o consumo de vinho está a aumentar e os consumidores percecionam esse produto como benéfico para a saúde. Além disso, a embalagem desempenha um papel fulcral na decisão de compra: valorizam-se rótulos com selos de qualidade e certificação ou prémios.

Assim, torna-se determinante conhecer as especificidades de cada mercado, analisando os preços praticados pela concorrência para cada gama de vinhos, os custos de transporte, as taxas e os impostos, além das comissões aplicadas pelos intervenientes na cadeia de distribuição.

3. Procure um parceiro local

Trabalhar diretamente com os canais de distribuição locais (por exemplo, cadeias de supermercado) revela-se uma tarefa árdua para os produtores de vinho.

Uma solução alternativa poderá passar, então, pelo estabelecimento de parcerias com importadores ou distribuidores especializados. Um parceiro na exportação de vinho não só irá ajudá-lo a inserir-se nos canais mais adequados (restauração, lojas de vinhos e clubes de vinho), mas também o apoiará na promoção dos seus produtos em múltiplas plataformas.

4. Informe-se sobre as obrigações legais a cumprir na exportação de vinho

De acordo com o Instituto da Vinha e do Vinho, estes constituem os principais requisitos legais para as empresas produtoras se dedicarem a exportação de vinho:

Inscrição no Instituto da Vinha e do Vinho

A inscrição no IVV, na atividade económica de “Exportador ou Importador”, revela-se assim obrigatória na importação e na exportação de vinho. Além disso, deverá inscrever-se numa atividade do setor vitivinícola relevante (por exemplo, armazenista ou negociante sem estabelecimento).

Emissão do documento de acompanhamento

Segundo o regulamento da União Europeia (UE), carecerá de um documento que acompanhe o transporte dos produtos vinícolas. Existem, aliás, diversos tipos de documentos (e-DA, DAS ou DA), consoante o transporte adotado na exportação de vinho.

Contudo, lembre-se: esse documento cobre apenas o trânsito entre as instalações do expedidor e o último ponto de expedição no território comunitário.

Declaração de intenção de expedição/aquisição de produtos vínicos

Esta obrigação declarativa recai apenas sobre os trânsitos a granel com entrada ou saída do território nacional. Deverá, assim, enviar o documento ao IVV com um mínimo de 48 horas de antecedência à saída/receção dos produtos a granel.

Pagamento da taxa de promoção e da taxa de coordenação e controlo

As empresas produtoras que queiram explorar a exportação de vinho deverão, assim, realizar o pagamento da taxa de promoção e da taxa de coordenação e controlo ao IVV, aquando da comercialização de vinhos e produtos vitivinícolas sem Denominação de Origem Protegida (DOP) ou Indicação Geográfica Protegida (IGP).

Boletim de análise

Em determinadas situações, poderá então precisar do boletim de análise, a emitir num laboratório autorizado.

Certificado de origem

O certificado de origem consiste, sem dúvida, num dos documentos essenciais na exportação de vinho. Nos vinhos sem DOP ou IGP, esse documento emite-se no Instituto da Vinha e do Vinho. Por outro lado, para os vinhos com DOP ou IGP, entidades responsáveis pela sua certificação emitem esse certificado.

Outra documentação para a exportação de vinho

Dependendo do quadro regulamentar de cada país, os exportadores de vinho poderão precisar de outros documentos mais específicos, como, por exemplo:

  • Declaração de livre venda;
    • Certificado sanitário;
    • Declaração de registo de entidade;
    • Declaração de pequeno produtor;
    • Certificado de tipicidade.

Rotulagem

Não se esqueça de que o envio de um original do rótulo para o IVV constitui também uma obrigação legal!

Formalidades aduaneiras

Além dos aspetos mencionados, torna-se ainda crucial acautelar os requisitos aduaneiros associados à exportação de vinho. Afinal, recorde-se da vasta diversidade de formalidades aduaneiras a cumprir. Portanto, consulte a página Market Access Database, para obter informação mais detalhada sobre cada mercado.

Além disso, poderá revelar-se relevante considerar o papel dos entrepostos aduaneiros e fiscais no processo de exportação de vinho e em toda a cadeia de abastecimento de mercadorias sujeitas a Imposto Especial sobre o Consumo (IEC).

5. Conte com um parceiro logístico de confiança para a exportação de vinho

O armazenamento, o embalamento e o transporte de vinho requerem, certamente, soluções especializadas. Afinal, trata-se de um produto frágil (transportado em garrafas de vidro), além de sensível à temperatura e à humidade. Por conseguinte, qualquer falha no controlo destas variáveis nas várias etapas da cadeia de abastecimento pode afetar as propriedades dos vinhos.

Desse modo, torna-se essencial contar com o apoio de um parceiro logístico de confiança, com serviços especializados na logística de vinhos, para garantir a proteção da mercadoria até ao destino.

Assim, o produtor poderá libertar-se do planeamento e da gestão das atividades de suporte à cadeia de abastecimento e exportação de vinho.

Além de assegurar a integridade e a segurança da mercadoria ao longo do percurso, o operador logístico pode também apoiar o seu negócio nas responsabilidades fiscais e nos processos aduaneiros associados à exportação de vinho.

Se procura um operador logístico que o auxilie nas operações de exportação de vinho, então contacte a Rangel. Afinal, o nosso grupo possui uma unidade especialmente dedicada à logística e ao transporte de vinhos e bebidas (Wines & Beverage), dotada do know-how técnico necessário para transportar os seus produtos para todo o mundo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AICEP Portugal. “Vinho nos Países Baixos — Ficha de entrada no mercado”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.portugalexporta.pt/sites/default/files/2023-03/vinho-paises-baixos.pdf
AICEP Portugal. “Vinho na China — Ficha de entrada no mercado”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.portugalexporta.pt/sites/default/files/2023-03/vinho-china.pdf
AICEP Portugal. “Exportação de vinhos: como conquistar o mercado online”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.portugalexporta.pt/noticias/exportacao-vinhos
AICEP Portugal. “Melhores mercados para vender vinhos portugueses online: Reino Unido, Alemanha e China”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.portugalexporta.pt/noticias/melhores-mercados-vender-vinhos-online-reino-unido-alemanha-china
Instituto da Vinha e do Vinho. “Exportação”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.ivv.gov.pt/np4/499/
Instituto da Vinha e do Vinho. “Comércio internacional de vinho — dezembro de 2022”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.ivv.gov.pt/np4/%7B$clientServletPath%7D/?newsId=10194&fileName=Informa__o_Mercado_02_2023_Com_rcio_Inte.pdf
International Organisation of Vine and Wine (OIV). “State of the world vine and wine sector in 2022”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.oiv.int/sites/default/files/documents/2023_SWVWS_report_EN.pdf
Wines of Portugal. “Dossier de Imprensa”. Acedido a 27 de julho de 2023.
https://www.winesofportugal.com/pt/media/dossier-de-imprensa/

Comentários
  • Olá.
    Não seria também pertinente aumentar o expositivo nas redes sociais, que atualmente são tão utilizadas por vários utilizadores e possíveis consumidores? Fazendo assim face aos problemas impostos pela pandemia no que toca ao agrupamento de pessoas num pequeno espaço.
    Obrigada! Achei muito interessante a sua publicação.

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