Efeitos do Coronavirus no transporte de mercadorias 14 de Março, 2020 Rangel Logistics Solutions Importação, Transportes A desaceleração da produção na China devido ao surto de Coronavírus (COVID-19) está a impactar fortemente o comércio internacional e pode resultar numa redução de cerca de 45 mil milhões de euros nas exportações em toda a cadeia de valor global, segundo estimativas publicadas pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development). Embora seja ainda prematuro avaliar ou traçar cenários sobre os efeitos negativos que o Coronavírus pode ter no transporte internacional de mercadorias e consequentemente na economia mundial, prevê-se um impacto significativo a nível global. O COVID-19 lançou um novo nível de incerteza nas perspetivas para 2020 no setor dos transportes de mercadorias. Transporte marítimo De acordo com um relatório apresentado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, o transporte marítimo de mercadorias já apresenta alterações nas operações, especialmente na movimentação dos navios porta-contentores pelo mundo. O número de navios porta-contentores que diariamente chegam aos portos chineses caiu consideravelmente nos meses de janeiro e fevereiro, registando-se uma subida acentuada das escalas perdidas. No entanto, de acordo com a mesma fonte, a desaceleração nas escalas portuárias está a ocorrer em todo o mundo, e não apenas na China, o que se explica pela centralidade da China na movimentação de mercadorias em todo o mundo e também pela rápida propagação do vírus por quase todo o mundo. De acordo com os dados do Fórum Económico Mundial 90% do comércio internacional é feito por via marítima e a China é responsável por 40% do movimento nos 50 maiores portos marítimos que operam contentores no mundo. De acordo com Mário Silva, Country Manager da unidade Air & Sea Freight da Rangel, “o cenário atual é desafiante a nível global, exigindo um trabalho muito próximo com importadores e exportadores na procura de múltiplas soluções alternativas que permitam ultrapassar os atuais constrangimentos causados pelo COVID-19.” “Apesar dos constrangimentos sentidos pelas dificuldades de equipamento e ações industriais em curso, tem sido possível manter os fluxos de exportação para os vários destinos com quem trabalhamos. Inclusive desde o inicio de março sentimos que a produção industrial da Ásia vem dando sinais de recuperação, sendo já neste momento possível importar mercadorias com origem em portos da China.” O responsável pela unidade Air & Sea Freight da Rangel, acrescenta ainda que “o vasto portefólio de serviços da Rangel centra-se nas necessidades específicas de cada indústria, o que permite responder com tempos de trânsito inferiores às necessidades de rapidez na chegada ao mercado ou mais alargados quando se destinam a reposição de stocks, permitindo manter os fluxos de abastecimento intactos.” Transporte aéreo Também as companhias aéreas estão a sofrer os efeitos negativos do Coronavírus, que tem motivado o cancelamento de milhares de voos internacionais, principalmente depois da propagação do surto de COVID-19 fora do território chinês. No início do mês a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) já tinha alertado para as potenciais perdas das companhias aéreas, que podem ascender aos 113 bilhões de dólares a nível global. Recentemente, a consultora internacional Bernstein Research, afirmou que “a forma como o surto está a impactar as companhias aéreas é uma reminiscência do 11 de setembro” (de 2001), isto porque o decréscimo na produção de mercadorias, que leva à queda da procura de transporte não foi motivado pela economia, mas sim por um fator externo. Mário Silva, afirma que “neste momento, a unidade Air Freight da Rangel está a trabalhar de perto com a sua rede global de parceiros no sentido de encontrar soluções unimodais, intermodais e multimodais para assegurar o fluxo de mercadorias e a continuidade das cadeias de abastecimento dos clientes. Este surto do novo coronavírus obrigou à proibição de voos de e para um número crescente de países, mas existem alternativas como: rotas com aviões cargueiros, voos fretados ou combinados com o comboio ou o transporte terrestre . São nessas soluções que estamos a trabalhar para conseguir ultrapassar os desafios causados por este fenómeno.” Transporte terrestre internacional A disseminação do COVID-19 a nível global e a dificuldade por parte das autoridades de saúde nacionais e internacionais em controlar o surto, está a levar a um controlo mais rigoroso das fronteiras, nomeadamente na Europa. Itália, que tem a 3ª maior economia da União Europeia, apresenta a situação mais crítica do velho continente, que levou o governo italiano a decretar a quarentena obrigatória a todo o território, restringindo as entradas e saídas. Embora o transporte rodoviário de mercadorias não tenha sido restringido, por ser considerado uma atividade fundamental, o governo italiano decretou novas regras para este serviço, que podem ser consultadas na página oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação Internacional. De acordo com a ANTRAM, também a Alemanha, Áustria, Eslovénia, Eslováquia, Bulgária, Croácia, Polónia e Republica Checa também já introduziram controlos de saúde nas suas fronteiras. Os motoristas poderão ser sujeitos a medição da temperatura corporal e a um inquérito relativo à sua viagem procedente, pelo que dependendo dos resultados, as rotas podem sofrer atrasos.1 No caso da Eslováquia, os motoristas de transporte de carga devem usar máscara durante a carga e descarga de mercadorias, devem limitar ao máximo o contacto direto com terceiros e devem ter consigo, no camião, luvas de borracha e gel antibacteriano para lavar regularmente as mãos. Embora afetados pelo surto, países como a Bélgica, Espanha, Dinamarca, França, Grécia, Luxemburgo, Países Baixos, Suécia, Suíça, Reino Unido e Roménia anunciaram medidas de contenção do coronavírus que não afetam o transporte rodoviário de mercadorias.2 Hélder Correia, Country Manager da unidade Road Freight da Rangel, afirma que “embora neste momento as restrições impostas pelos vários países não se apliquem ao transporte de mercadorias, é natural que criem constrangimentos na livre circulação de bens que terá consequências no transit time habitual. É de esperar que sejam aplicadas restrições mais severas nos próximos dias, que terão certamente impacto nos níveis de serviço.” “Ainda assim, é importante ressalvar que a manutenção das cadeias de abastecimento estarão sempre asseguradas entre os países, através da criação de medidas de exclusão para o transporte de mercadorias, que embora com algum atraso, vão continuar a registar atividade.” “A Rangel está preparada através da sua rede de parceiros europeus com soluções para fazer face a constrangimentos maiores que possam vir a aparecer no futuro.” 1,2 Informação disponibilizada a 13 de março de 2020. Todas as informações que constam neste artigo foram consultadas a 13 de março de 2020 pelas 18h. Referências Bibliográficas: International Air Transport Association – Updates COVID-19 Financial Impacts -Relief Measures Needed, consultado a 13 de março de 2020 ANTRAM – Ponto de situação: Coronavírus, consultado a 13 de março de 2020 CNBC International – Coronavirus impact on airlines ‘has a 9/11 feel,’ analyst says, consultado a 13 de março de 2020 Eno Center for Transportation – The Effects of Coronavirus on Transportation, consultado a 13 de março de 2020 Logística e Transportes Hoje – Efeitos (a curto prazo) do Coronavírus no transporte marítimo, consultado a 13 de março de 2020 United Nations Conference on Trade and Development – Short-terms effects of the coronavirus outbreak: what does the shipping data say?, consultado a 13 de março de 2020 World Health Organization – Coronavirus disease 2019 (COVID-19) Situation Report – 52 Etiquetas:coronavirus importações transporte aéreo transporte marítimo transporte terrestre Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn
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