Supply Chain Control Tower (SCCT): Qual a sua função?

Supply Chain Control Tower (SCCT): Qual a sua função? 1

Nos aeroportos, existe um edifício que salta à vista, mesmo para os mais distraídos: a Torre de Controlo. É a estrutura mais alta, a partir da qual os controladores de tráfego aéreo têm a visibilidade e os meios necessários para gerir com mestria e rigor todas as descolagens e aterragens de um aeroporto. É, por isso, vital e o garante do normal funcionamento das operações. Tal como na aviação, também nas cadeias de abastecimento pode ser aplicado este conceito. Perceba então o que é a Supply Chain Control Tower (SCCT) – uma inovação que tem emergido à boleia da transformação digital e que poderá moldar o futuro das operações logísticas.

O que é uma Supply Chain Control Tower?

“As torres de controlo são como a inteligência artificial na cadeia de abastecimento: todos querem tê-las, mas ninguém sabe exatamente como funcionam”. A frase é de Christian Titze, especialista da consultora Gartner, e mostra como é difícil encontrar uma única definição que ajude a cimentar o conceito de Supply Chain Control Tower (SCCT).

De acordo com esta consultora, uma torre de controlo na cadeia de abastecimento pode ser definida como uma plataforma ou estrutura de gestão que combina diferentes elementos – pessoas, processos, dados e organização – suportados por tecnologias que promovem a transparência e a coordenação das operações.

Assim, tal como num aeroporto a torre de controlo é o centro nevrálgico da gestão do tráfego aéreo, também nas cadeias de abastecimento as SCCT funcionam como a central de informação que integra e “orquestra” os diversos processos da cadeia de abastecimento, permitindo a tomada rápida de decisões.

SCCT: Como surgiram estas estruturas?

Graças à crescente digitalização dos processos e à introdução de novas tecnologias (como a inteligência artificial ou a blockchain), é hoje possível garantir uma maior conectividade e transparência das operações ao longo das diversas etapas da cadeia de abastecimento. Assim, as empresas têm atualmente acesso a dados e informações em tempo real que lhes permitem obter insights relevantes para melhorar o desempenho e a eficiência dos seus processos.

Neste cenário de rápidas transformações, a Deloitte, por exemplo, defende que estamos perante uma mudança de paradigma na forma como são geridas as operações das cadeias de abastecimento. Se antes tomavam as suas decisões com base em dados históricos, hoje as empresas estão a gerir o futuro com base nas informações do presente.

É neste contexto que as SCCT emergem como um instrumento incontornável para as empresas, num momento em que as cadeias de abastecimento se tornam cada vez mais complexas, dinâmicas e rápidas e com múltiplos intervenientes.

Quais são as principais funcionalidades de uma SCCT?

De acordo com o estudo da Deloitte, “Supply Chain Control Tower – The information link for operations across the live enterprise”, tipicamente as SCCT são estruturas geridas por equipas relativamente pequenas com a capacidade e o poder de tomar decisões. As SCCT, ao terem ampla visibilidade sobre as operações nas diversas etapas da cadeia de abastecimento, conseguem identificar riscos e mitigá-los, rastrear os problemas desde a sua origem e reagir rapidamente a ameaças que possam surgir.

Neste sentido, segundo a Gartner, uma Supply Chain Control Tower eficiente deverá permitir aos seus utilizadores as seguintes ações:

  • Perceber: ter acesso a dados em tempo real e visibilidade de toda a cadeia de abastecimento;
  • Analisar: com base na informação recolhida, detetar insights relevantes;
  • Prever: recorrendo a instrumentos avançados de analytics, conseguir fazer previsões;
  • Resolver: detetar, gerir e resolver as situações e os eventos imprevistos;
  • Executar: impulsionar uma resposta colaborativa;
  • Aprender: permitir uma aprendizagem contínua.

Mas as funcionalidades de uma SCCT podem ir mais além. À medida que a inovação cresce e vão surgindo soluções tecnológicas disruptivas, caminhamos para o desenvolvimento das chamadas Intelligent SCCT. Através da inteligência artificial e do machine learning, as SCCT são capazes não só de analisar a informação em tempo real, mas também de realizar simulações complexas de cenários e executar decisões de forma autónoma.

O que ter em conta na implementação de uma Supply Chain Control Tower?

A Supply Chain Control Tower é um conceito relativamente recente. Por isso, ainda está a ser consolidado, existindo dúvidas sobre a melhor forma de implementação. O primeiro ponto a salvaguardar é que esta metodologia de gestão poderá não se adequar a todas as empresas.

Segundo Christian Titze da Gartner, a implementação de uma torre de controlo só fará sentido numa organização da cadeia de abastecimentos que já tenha um determinado nível de integração multifuncional, quer internamente, quer com parceiros externos. Caso contrário, a torre não conseguirá captar e analisar informação suficiente para apoiar os gestores na tomada das melhores decisões.

Por outro lado, é preciso lembrar que muitas das ferramentas tecnológicas usadas pelas empresas que operam na cadeia de abastecimento já oferecem um elevado nível de visibilidade sobre as suas operações. A dúvida está em saber se as organizações estão, ou não, a tirar o máximo partido das informações fornecidas pelas soluções instaladas e integradas. Assim, as empresas deverão analisar à lupa os seus sistemas e verificar se é, ou não, necessário investir na implementação de uma SCCT.

Estando a decisão tomada, outro aspeto fundamental na implementação de uma SCCT é garantir a qualidade dos dados e da informação que será recolhida e analisada por esta estrutura. Afinal, só com dados fiáveis e uma visão holística das diversas operações será possível uma gestão realmente eficaz da SCCT.

Dessa forma, o desenvolvimento destas estruturas é um reflexo do processo de profunda transformação que as cadeias de abastecimento enfrentam atualmente. E, claro,  no qual a tecnologia desempenha um papel preponderante. Para se manterem competitivas, as organizações terão, certamente, de se apoiar em soluções tecnológicas que lhes permitam entregar os seus produtos de forma rápida, com o menor custo, sem sobressaltos e com a maior eficiência.

Se procura soluções inovadoras para os seus processos logísticos, fale connosco. Na Rangel, dispomos de equipas especializadas que desenvolvem ferramentas de IT para automatizar e melhorar os serviços prestados, de acordo com as necessidades de cada cliente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Supply Chain Dive. Gartner: What supply chain managers should know about control towers. Acedido a 18 de outubro de 2021.
https://www.supplychaindive.com/news/gartner-what-supply-chain-managers-should-know-about-control-towers/574098/
Deloitte. Supply Chain Control Tower. The information link for operations across the live enterprise. Acedido a 18 de outubro de 2021.
https://www2.deloitte.com/content/dam/Deloitte/de/Documents/operations/10-19-supply-chain-control-tower.pdf
Mundo Logística. Prepare-se para o maior desafio logístico da próxima década. Acedido a 18 de outubro de 2021.
https://revistamundologistica.com.br/blog/marco/prepare-se-para-o-maior-desafio-logistico-da-proxima-decada
Gartner. What you need to know about control towers but had no time to ask. Acedido a 18 de outubro de 2021.
https://omp.com/gartner-what-you-need-to-know-about-control-towers

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *