Previsões económicas para 2022 segundo os principais organismos internacionais

Previsões económicas para 2022 segundo os principais organismos internacionais 1

Depois de, em 2020, a economia mundial ter enfrentado a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, 2021 foi um ano de recuperação de parte dos danos causados pela pandemia. As perspetivas dos principais organismos é de que a economia mundial continue a registar um crescimento apreciável em 2022, à boleia dos pacotes de estímulos que estão a ser injetados. Mas apesar do outlook otimista, alguns riscos – como as pressões inflacionistas e a evolução da pandemia – mantêm-se à espreita e podem condicionar o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Conheça as previsões económicas para 2022 e os grandes temas que vão marcar o desempenho das empresas e influenciar o funcionamento da supply chain.

Crescimento económico a diferentes velocidades

De acordo com as estimativas dos principais gabinetes económicos, 2022 será um ano pautado por um forte crescimento da economia mundial, com as estimativas de evolução do PIB global a variarem entre os 4,3% (Banco Mundial, previsões de junho de 2021) e os 4,9% (Fundo Monetário Internacional – FMI, projeções de outubro de 2021). Dessa forma, acredita-se que o desempenho do PIB mundial decorrerá a um ritmo inferior ao registado em 2021. Mas, ainda assim, será um crescimento robusto, impulsionado pelos fortes apoios que os governos estão a implementar para estimular as economias.

No entanto, tanto a Organização Para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) como o FMI alertam para as divergências de crescimento entre os países mais desenvolvidos e os mais pobres, onde as taxas de vacinação contra a Covid-19 permanecem muito baixas. “As desigualdades no acesso às vacinas estão a acentuar as divergências económicas entre regiões. Quanto mais tempo persistirem estas desigualdades, maiores as probabilidades de surgirem novas e mais perigosas variantes, pondo em causa os progressos na saúde e na economia que fizemos até agora”, afirmou recentemente a diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala.

As assimetrias podem sentir-se também em outras áreas, como o mercado de trabalho. “Muitas pessoas estão a ter dificuldades para encontrar trabalho, mas há empresas em vários setores que têm dificuldade em recrutar trabalhadores. As competências exigidas hoje não são necessariamente as mesmas do passado”, explica a OCDE no seu outlook, publicado no início de dezembro.

Mais: nem todos os setores de atividade vão registar o mesmo dinamismo. Setores como o das viagens, do turismo e lazer deverão continuar a ressentir-se. Já as empresas que operam na área dos bens de consumo deverão ter um bom desempenho, devido ao aumento da procura por este tipo de bens, sobretudo nos Estados Unidos da América (EUA).

O que vai acontecer ao comércio internacional?

No que diz respeito às trocas comerciais – uma derivada importante para as organizações que participam na cadeia de abastecimento global –, a Organização Mundial do Comércio (OMC) antecipava em outubro um crescimento de 4,7% do comércio mundial de mercadorias para 2022, apesar dos atuais constrangimentos que as cadeias de abastecimento enfrentam.

“As dificuldades relacionadas com a oferta, nomeadamente a escassez de semicondutores e os atrasos nos portos, podem pressionar as cadeias de abastecimento e afetar o comércio em determinadas áreas, mas é pouco provável que tenham consequências importantes nos agregados mundiais. Os maiores riscos assentam na própria evolução da pandemia”, sublinha a organização.

Perspetivas à lupa para os três gigantes mundiais

Conheça em detalhe as previsões económicas para 2022 para os três grandes blocos económicos mundiais: EUA, China e União Europeia.

 EUA

As previsões de crescimento para a economia norte-americana para 2022 variam entre os 3,7%, segundo a OCDE, e os 5,2% apontados pelo FMI, no seu outlook divulgado em outubro último.

De acordo com a Schroders, este crescimento deverá ser impulsionado pelo consumo, pelos investimentos estatais em infraestruturas e pelas despesas de capital das empresas. Já a OCDE antecipa que as disrupções na supply chain deverão ser restabelecidas gradualmente. Isto facilitará a reposição dos inventários e levará a um crescimento mais forte do consumo. Também o mercado de trabalho deverá continuar a recuperar.

Contudo, um dos temas que irá dominar as atenções das autoridades é o controlo da subida dos preços e uma alteração do rumo da política monetária. Com a inflação em novembro a registar a maior subida desde 1982, a Reserva Federal indicou recentemente a sua intenção de proceder a três subidas da taxa de juro de referência durante o ano de 2022 para controlar a escalada dos preços.

China

O ritmo de crescimento do gigante asiático deverá ser mais brando em 2022 comparativamente ao verificado em 2021. As previsões dos organismos internacionais apontam para um crescimento do PIB chinês que varia entre os 5,1% (OCDE) e os 5,6% (FMI).

Na verdade, depois de ter tomado a dianteira da recuperação económica mundial – protagonizando uma forte subida das exportações –, a China regista um abrandamento do ritmo de crescimento no segundo semestre de 2021.

Para a alteração da dinâmica da economia chinesa contribuíram diversos fatores. A OCDE destaca, entre outros riscos, os problemas em torno da gigante imobiliária chinesa Evergrande – que entrou em incumprimento. O caso está a abalar a confiança dos mercados financeiros e a enfraquecer o investimento no setor imobiliário chinês. Ao mesmo tempo, as perspetivas de investimento industrial também pioraram devido aos cortes temporários de energia em muitas províncias chinesas.

Zona Euro

Na Europa, a Zona Euro deverá registar um crescimento de 4,3%, segundo as previsões económicas para 2022 da Comissão Europeia, publicadas no passado mês de novembro, e que estão em linha com as estimativas do FMI e da OCDE.

A Comissão Europeia considera que a economia europeia está a recuperar a um ritmo superior ao esperado, contudo, refere que a evolução em 2022 está condicionada por alguns aspetos: “Estas perspetivas dependem fortemente de dois fatores: a evolução da pandemia e o ritmo a que a oferta se ajusta à procura, após a reabertura da economia”.

Do lado positivo, a Comissão Europeia destaca que a procura interna deverá continuar a ter um peso importante na expansão das economias, assim como a implementação do mecanismo de recuperação e resiliência terá um papel importante no estímulo do investimento público e privado.

No entanto, o mesmo organismo frisa que a progressão das economias europeias enfrenta alguns “ventos” contrários. Por um lado, as disrupções no abastecimento global estão a pesar na atividade da UE, em particular sobre a indústria transformadora. Ao mesmo tempo, os preços da energia aumentaram bastante e estão acima dos níveis antes da pandemia, podendo ter um impacto sobre o consumo e também sobre o investimento.

Quanto à crescente subida dos preços, a Comissão Europeia considera que a inflação está a ser “impulsionada principalmente pela alta nos preços de energia, mas tudo indica que também está ligada a um amplo conjunto de ajustes económicos pós-pandemia, sugerindo que os atuais níveis são em grande parte transitórios”.

E a economia portuguesa, como irá comportar-se?

A economia portuguesa deverá registar um crescimento acima da média da Zona Euro. Aliás, o Banco de Portugal e a OCDE projetam um avanço de 5,8% do PIB nacional, enquanto a Comissão Europeia aponta para um crescimento de 5,3% e o FMI de 5,1%.

O Banco de Portugal refere no boletim económico, divulgado em meados de dezembro, que a trajetória de crescimento da economia portuguesa é suportada pela manutenção de condições financeiras favoráveis e pela aplicação de fundos da União Europeia.

No entanto, no curto prazo, a atividade está condicionada por uma nova vaga da pandemia na Europa e pelos problemas nas cadeias de fornecimento globais. O consumo privado vai crescer 4,8% à boleia das poupanças acumuladas ao longo da crise. O consumo público seguirá a mesma trajetória e estima-se que as exportações aumentem 12,7% em 2022, com especial enfoque no comportamento das exportações de serviços.

O Banco de Portugal considera ainda a execução eficiente de projetos abrangidos pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e a implementação das reformas que lhe estão associadas como uma “oportunidade única” para potenciar o ritmo de crescimento da economia portuguesa no longo prazo.

Pandemia e Inflação: dois temas-chave que vão condicionar o desempenho das economias

Em resumo, 2022 deverá ser marcado pela continuação da recuperação económica após a crise global gerada pela pandemia. Mas existem variáveis que podem comprometer este caminho de crescimento.

A evolução da pandemia, o impacto que a nova variante ómicron poderá vir a exercer e o acesso às vacinas são temas determinantes para 2022. O alerta é deixado pela economista-chefe do FMI, Gita Gopinath: “Se a Covid-19 tiver um impacto prolongado no médio prazo, o PIB mundial pode encolher num valor acumulado de 5,3 biliões de dólares nos próximos cinco anos face às nossas projeções atuais“.

Mas este não é o único tema imerso em incerteza. A subida generalizada dos preços de bens registada em 2021 está também a preocupar economistas e governantes. O banco de investimento Morgan Stanley chamou-lhe de “o grande elefante na sala”. Dessa forma, cresce a expetativa sobre as medidas que as principais autoridades monetárias vão tomar para controlarem a subida dos preços e o impacto que essas mesmas medidas podem vir a ter no comportamento da economia.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Gabinete de Estratégia e Estudos, Síntese Estatística de Conjuntura, nº50/2021. Acedido a 19 de dezembro de 2021.
https://www.gee.gov.pt/pt/lista-publicacoes/sintese-de-conjuntura/2021-3/9531-sec-n-50-2021/file
Banco de Portugal, Boletim Económico de Dezembro de 2021. Acedido a 19 de dezembro de 2021.
https://www.bportugal.pt/comunicado/comunicado-do-banco-de-portugal-sobre-o-boletim-economico-de-dezembro-de-2021
Comissão Europeia, Autumn 2021 Economic Forecast: From Recovery to expansion, amid headwinds, November 2021. Acedido a 19 de dezembro de 2021.
https://ec.europa.eu/commission/presscorner/detail/en/ip_21_5883
OCDE, OCDE Economic Outlook – December 2021.Acedido a 19 de dezembro de 2021.
https://www.oecd.org/economic-outlook/
FMI, World Economic Outlook_October 2021: Recovery during a pandemic. Acedido a 19 de dezembro de 2021
https://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2021/10/12/world-economic-outlook-october-2021
Morgan Stanley, 2022 Global Macro Outlook: Growth Despite Inflation. Acedido a 19 de dezembro de 2021.
https://www.morganstanley.com/ideas/global-macro-economy-outlook-2022

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