Material Requirements Planning (MRP): como implementar?

Na produção de um automóvel, utilizam-se cerca de 4.000 componentes diferentes, provenientes de múltiplas geografias, integrados, posteriormente, em diversas etapas do ciclo de produção. Garantir, junto dos fornecedores, que todas as peças estão disponíveis, na quantidade certa e no momento necessário exige, pois, um trabalho complexo e coordenado. Para facilitar estas tarefas, muitas empresas industriais e fabris apostam, então, na implementação de um sistema de Material Requirements Planning (MRP).

Desenvolvido no início da década de 70, o MRP consiste num sistema desenhado para gerir as etapas de produção, prever as necessidades de materiais em cada uma e coordenar as diversas fases do ciclo de produção, até ao momento da entrega do produto final.

Descubra então, detalhadamente, as mais-valias desta ferramenta essencial para as organizações evitarem paralisações na produção, minimizarem as suas necessidades de stock e conseguirem produzir mais, em menos tempo.

Para que serve o MRP?

O principal objetivo de um sistema de MRP consiste em acelerar o processo de produção, através da organização das atividades e da otimização da gestão de stocks. Na verdade, esta ferramenta apoia as empresas na identificação das matérias-primas e das quantidades indispensáveis em cada fase do ciclo de produção de determinado bem.

Efetivamente, através do cruzamento de diversas variáveis, os softwares de MRP permitem traçar cronogramas de produção, monitorizar os níveis de stock e otimizar o uso dos recursos da empresa — incluindo matérias-primas, pessoas, máquinas e equipamentos.

Desse modo, tendo em conta as suas características, as organizações dedicadas à produção em larga escala e adeptas da estratégia just-in-time revelam-se as principais utilizadoras desta solução. Graças a este método, as empresas recebem as mercadorias no momento em que necessitam delas, passando depois para a etapa seguinte.

Como funciona, na prática, o MRP?

Em suma, o sistema de MRP está concebido para dar resposta a três perguntas fundamentais:

  • Quais são os materiais indispensáveis?
  • Em que quantidades devem existir?
  • Quando serão necessários?

Para responder com rigor a estas dúvidas, o MRP carece de dados robustos e atualizados. Sem eles, a sua eficiência e os seus benefícios ficam comprometidos.

Embora cada empresa possa parametrizar o sistema com base em informações específicas do seu negócio, a implementação deste tipo de ferramentas tende a implicar os seguintes aspetos:

Bill of Materials (BOM)

O primeiro passo para o desenvolvimento de um sistema de MRP é, assim, a criação de uma lista de materiais. Tal como uma receita culinária especifica os ingredientes necessários para cozinhar, também a bill of materials indica informações sobre os componentes e as quantidades indispensáveis na produção de determinado produto.

Procura estimada

O segundo passo num processo de MRP consiste na recolha de dados relativos à procura. Aqui incluem-se não só as informações sobre os pedidos dos clientes, mas também os indicadores preditivos que ajudam a antever a evolução das vendas a curto e médio prazo.

Inventários

Para funcionar corretamente, o software de MRP necessita também de aceder a informações detalhadas, em tempo real, sobre os níveis de inventário da empresa. Só assim será possível mensurar a quantidade de stock disponível, a sua localização, os materiais encomendados ou em falta e o tempo de espera para a sua receção.

Master Production Schedule (MPS)

Por último, deve-se também definir um Master Production Schedule (MPS), ou seja, um plano-mestre de produção. Este instrumento auxilia a empresa no planeamento dos recursos, indicando os produtos a fabricar numa determinada janela temporal, os equipamentos e os trabalhadores necessários para concluir cada etapa. Por conseguinte, torna-se uma ferramenta imprescindível para determinar os fluxos de produção.

Através do cruzamento destas informações, o sistema de MRP consegue fornecer à equipa um calendário com:

  • Datas de início e conclusão de cada etapa de produção;
  • Lista de materiais e quantidades necessárias em cada fase.

Além disso, o sistema fornece inputs precisos à equipa responsável pela área de procurement, alertando para as datas em que deverá realizar novas encomendas aos fornecedores. Assim, assegura-se a disponibilidade das matérias-primas, consoante o cronograma de produção.

Os principais benefícios de um MRP

Maior eficiência e rapidez nas operações: estas constituem, sem dúvida, as principais vantagens proporcionadas pelo sistema de MRP. Além destas, podemos realçar, por exemplo:

Maior controlo dos stocks

Um dos pontos fortes da implementação de um Material Requirements Planning (MRP) deriva da gestão mais controlada e inteligente dos níveis de inventários, diminuindo o risco de rutura de stocksque pode causar atrasos na produção – ou de excesso de stocks.

Menores custos

A gestão de stocks e inventários pesa, certamente, nos fluxos de caixa de muitas empresas. Afinal, stocks em excesso representam custos elevados de manutenção, armazenamento e obsolescência. A adoção de um sistema de MRP liberta, assim, as organizações destes encargos financeiros.

Ciclos de produção mais rápidos

O MRP assegura que, em cada fase do ciclo de produção, estão disponíveis as matérias-primas, as pessoas e os equipamentos necessários. Desse modo, evitam-se atrasos ou paralisações, contribuindo para uma maior celeridade dos ciclos de produção. Por conseguinte, a empresa consegue entregar os produtos finais mais rapidamente e, com isso, melhorar os níveis de satisfação dos clientes.

Risco de falhas inferior

Os softwares de MRP centralizam, no mesmo sistema, informações que, no passado, se encontravam dispersas por folhas de Excel. Portanto, a centralização de dados e a automatização de tarefas minimizam os erros causados por intervenção humana.

Em suma, esta ferramenta de planeamento melhora a visibilidade das operações e simplifica o acompanhamento das diversas variáveis que influem nos ciclos de produção, assegurando uma maior eficiência.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Oracle Netsuite. “What is Material Requirements Planning (MRP)?”. Acedido a 26 de maio de 2023.
https://www.netsuite.com/portal/resource/articles/inventory-management/material-requirements-planning-mrp.shtml
ShipBob. “Material Requirements Planning Guide”. Acedido a 26 de maio de 2023.
https://www.shipbob.com/blog/material-requirements-planning/
Flowlens. “What is an MRP System and how does it work?”. Acedido a 26 de maio de 2023.
https://flowlens.com/learning/what-is-mrp-and-how-does-it-work/
Mecalux. “MRP: a production process milestone”. Acedido a 26 de maio de 2023.
https://www.mecalux.com/blog/mrp-material-requirements-planning