Principais desafios do transporte aéreo de medicamentos

Principais desafios do transporte aéreo de medicamentos

Entre os produtos que suscitam maiores cuidados logísticos estão os medicamentos. Por serem materiais muito sensíveis às oscilações de temperatura, à humidade e à luz, o seu transporte e o seu acondicionamento estão sujeitos a regras muito apertadas. Um exemplo recente de como o transporte aéreo de medicamentos (bem como o transporte terrestre) e o seu armazenamento representam um desafio logístico é o caso das vacinas contra a Covid-19.

Quando em novembro de 2020, a farmacêutica Pfizer anunciou que a vacina que estava a desenvolver contra a Covid-19 demonstrou ter um elevado grau de eficácia nos ensaios clínicos, os governantes de todo o mundo respiraram um pouco de alívio. Afinal, a ciência tinha acabado de encontrar uma solução para debelar a pandemia.

Mas ao mesmo tempo que eram dados os passos para a aprovação da vacina junto das entidades reguladoras de saúde, começava também uma das maiores e mais sensíveis operações logísticas mundiais de sempre. Como fazer chegar, em segurança, as vacinas contra a Covid-19, desde os centros de produção localizados em diversos pontos do globo, até aos centros de vacinação de cada país? Tudo isto com uma dificuldade acrescida, já que era preciso manter algumas destas vacinas a temperaturas ultrabaixas (entre os -60 e os -80 graus).

Fatores críticos no transporte aéreo de medicamentos

Garantir uma temperatura estável é, aliás, um dos principais fatores críticos no transporte aéreo de medicamentos. Afinal, as oscilações de temperatura podem reduzir ou eliminar a eficácia dos medicamentos e interferir nas suas propriedades, inutilizando-os. Mas não basta garantir a temperatura correta no avião e durante toda a cadeia de abastecimento. É ainda fundamental assegurar o correto acondicionamento e manuseamento dos medicamentos e outros produtos farmacêuticos, para que estes cheguem ao destino em perfeito estado. Quando isso não acontece, as perdas podem ser elevadas.

Algumas estimativas apontam para que as empresas que operam no setor da saúde registem perdas anuais que rondam os 35 mil milhões de dólares devido a desvios de temperaturas. No caso do transporte aéreo de medicamentos, a International Air Transport Association (IATA) sublinha que a maioria das variações de temperatura ocorrem enquanto os medicamentos estão ao cuidado das companhias aéreas/aeroportos. Na verdade, é preciso lembrar que, no interior do avião, as temperaturas podem subir com o calor gerado pelas turbinas/motores. E ao aterrar, basta haver um atraso para que a carga seja deixada na pista do aeroporto vulnerável às temperaturas exteriores.

Para prevenir a ocorrência destes problemas e diminuir as perdas associadas a falhas na cadeia de frio durante o transporte de medicamentos, a IATA criou em 2014 o Center of Excellence for Independent Validators (CEIV) Pharma Logistics Program. Trata-se de um programa de certificação global sobre as melhores práticas para o transporte aéreo de medicamentos e de material farmacêutico e que promove a colaboração e a comunicação entre os diferentes stakeholders da cadeia de abastecimento. Num setor que é altamente regulado e em que cada país define as suas próprias normas, o CEIV surge assim como uma tentativa de harmonizar e definir padrões de qualidade globalmente aceites no handling e no transporte dos medicamentos e outros produtos farmacêuticos.

O tema da certificação será, aliás, um dos principais drivers para o futuro dos operadores do setor. Dada a sensibilidade e a importância dos produtos farmacêuticos, é crucial que as companhias aéreas e operadores logísticos responsáveis pelo transporte destes bens garantam as melhores práticas e métodos nas suas operações. Ou seja, não pode ser uma empresa qualquer a assegurar estas operações: é necessário que os operadores tenham um comprovado know-how e expertise sobre o setor.

Essa garantia pode ser dada através da obtenção do Certificado GDP (Good Distribution Practices, ou em português, Boas Práticas de Distribuição) para o setor farmacêutico. Esta certificação é atribuída às empresas que cumprem com os princípios e normas definidas pelo regulamento das boas práticas de distribuição de medicamentos para uso humano e são um garante de que a qualidade e a integridade dos medicamentos se mantêm durante toda a cadeia de abastecimento.

A certificação é um passo para contribuir para a redução de perdas associadas aos desvios de temperaturas no transporte aéreo de medicamentos. Mas não chega. Cada vez mais, é essencial a aposta crescente em tecnologia que permita monitorizar as condições dos medicamentos durante o seu transporte. Ao mesmo tempo, e tal como a pandemia o demonstrou, é crucial uma cooperação mais estreita e alinhada entre todos os agentes da cadeia de abastecimento.

Tendências do transporte aéreo de medicamentos

Segundo as previsões da Pharmaceutical Commerce, uma das tendências a que vamos assistir nos próximos anos é o crescimento do setor medicamentos e produtos biológicos que exigem condições controladas de temperatura (cadeia de frio) e que deverão atingir um valor total de 440 mil milhões de dólares em 2024. Em 2018, estima-se que tenham sido investidos 10,6 mil milhões de dólares no transporte de produtos da cadeia de frio. Deste valor, cerca de 7,8 mil milhões de dólares terão sido direcionados para o transporte aéreo.

A tecnologia terá um peso cada vez maior

Além da tendência óbvia da procura por mais equipamentos e sistemas de controlo de temperatura, a IATA refere que existe também uma maior propensão para o uso de sistemas eletrónicos para rastrear as mercadorias, nomeadamente no que diz respeito às suas condições e à sua localização em tempo real.

Através da Internet of Things (IoT) e da tecnologia blockchain, por exemplo, será possível criar embalagens ou recipientes inteligentes que permitam analisar e tratar os dados sobre o estado do material médico durante o seu transporte e armazenamento. Dessa forma, garante-se uma visão mais completa de toda a cadeia de abastecimento, eliminando ineficiências. Só em 2018, e de acordo com dados disponibilizados pela IATA, terão sido investidos perto de 4,4 mil milhões de dólares em embalagens da cadeia de frio.

Maior capacidade de adaptação a um mercado fortemente regulado

O setor farmacêutico é um dos mais dinâmicos e também um dos mais regulados mundialmente. As preocupações em garantir a eficácia e a segurança dos medicamentos durante o seu transporte levam a que o ambiente regulatório seja cada vez mais exigente, trazendo uma maior complexidade na forma como se fazem os negócios.

Preocupações ambientais vão sentir-se também sobre o setor

Segundo a IATA, as preocupações ambientais vão refletir-se também no transporte aéreo de medicamentos, com a tendência crescente para a utilização de recipientes recicláveis. Mas esta preocupação poderá também conduzir a uma preferência pelo transporte marítimo de medicamentos, uma vez que representa uma menor pegada ecológica.

As exigências associadas ao transporte de medicamentos tornam este serviço muito especializado e requerem um conhecimento profundo do setor por parte das empresas logísticas. E, neste campo, o grupo Rangel criou há 10 anos uma unidade dedicada ao transporte e armazenamento de medicamentos, licenciada pelo Infarmed.

A Rangel Pharma assegura a totalidade dos serviços logísticos ao longo da cadeia de abastecimento farmacêutica, desde a receção, o armazenamento, a expedição e o transporte até à entrega no destino. Dotada de uma das maiores redes de temperatura controlada, a Rangel Pharma é o operador logístico farmacêutico líder em Portugal.

Se tem dúvidas sobre a melhor solução para transportar medicamentos e material farmacêutico, contacte-nos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
IATA, “How to Become CEIV Pharma Certified – Q4 2020”. Acedido a 31 de maio de 2021.
https://www.iata.org/contentassets/494bc14afd934b0193735e9a47091d72/iata_ceiv-pharma_how20to20become20ceiv20pharma20certified.pdf
Pharmatech, “Reducing the risk of pharma air transport – 2018”. Acedido a 31 de maio de 2021
https://www.pharmtech.com/view/reducing-risk-pharma-air-transport
Healthcare Packaging, “3 Air cargo trends shaping pharma transportation – 2019”. Acedido a 31 de maio de 2021.
https://www.healthcarepackaging.com/home/blog/13688520/3-air-cargo-trends-shaping-pharma-transportation

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