Impactos do COVID-19 na zona de Xangai, na China

Conheça os impactos do COVID-19 na zona de Xangai, na China, e as medidas de apoio que estão a ser tomadas



MEDIDAS GOVERNAMENTAIS DE RELANÇAMENTO ECONÓMICO E APOIO ÀS EMPRESAS

O governo municipal de Xangai anunciou 28 medidas para atenuar os prejuízos que possam advir da epidemia:
  • Intensificação de apoio fiscal e financeiro para empresas que desempenham papéis importantes na prevenção de epidemias, como farmacêuticas;
  • Isenção de imposto para a importação de produtos médicos relacionados com a prevenção da epidemia;
  • Redução ou isenção temporária de rendas de imóveis para PME que arrendem imóveis do Estado, entre fevereiro e abril;
  • Isenção de imposto sobre montante fixo para empresas em nome individual;
  • Redução das taxas de juro nos empréstimos a empresas que estejam diretamente envolvidas no combate à epidemia, PME ou dos setores mais afetados;
  • Redução temporária da contribuição de segurança social para empregadores.
Em março a Comissão de Comércio de Xangai introduziu onze novas medidas de apoio à economia local:
  • Otimização do mecanismo de importação de produtos médicos essenciais;
  • Apoio a empresas em reinício de atividade;
  • Reforço do apoio financeiro a empresas que operem no comércio externo;
  • Otimização da regulamentação de procedimentos aduaneiros;
  • Aumento da preponderância do seguro de crédito;
  • Apoio a empresas no ajuste dos seus planos com vista à participação em feiras internacionais;
  • Apoio às empresas com o objetivo de incrementar a sua presença no mercado internacional;
  • Otimização dos serviços de liquidação financeira transfronteiriça;
  • Facilitação na obtenção de licenças de importação via online;
  • Otimização das funções da China (Xangai) International Trade Single Window;
  • Melhoria no acesso à assistência e aconselhamento legal no estrangeiro.
Xangai planeia investir, nos próximos três anos, pelo menos 270 mil milhões de RMB (US $ 38,6 mil milhões) na construção de infraestruturas tecnológicas, com o objetivo de impulsionar a inovação e o desenvolvimento económico da cidade e de melhorar o nível da sua gestão urbana. Este projeto prevê que, até 2022, Xangai esteja dotada de mais de 100 fábricas / linhas de produção autónomas, e que o número de estações-base 5G disponíveis tenha capacidade de cobertura sobre toda a sua área metropolitana. No âmbito do mesmo projeto, estão ainda previstos melhoramentos substanciais nos Internet Data Centers que suportam aplicações cloud e de Inteligência Artificial e ainda a construção de estradas e espaços destinados a veículos autónomos.


QUAIS OS PRINCIPAIS CONSTRANGIMENTOS NO MERCADO

No dia 28 de março de 2020, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da R.P.C. suspendeu a entrada de todos os estrangeiros, mesmo residentes, por um período indeterminado, excetuando apenas portadores de passaporte diplomático ou especial de serviço. Essa situação tem vindo a ser gradualmente alterada, sendo agora possível que cidadãos estrangeiros de 36 diferentes países, entre estes Portugal, com autorização prévia de residência permanente na China ainda válida, possam solicitar a emissão de novo visto de entrada.

De uma forma geral, e numa tentativa de reavivar o ambiente de negócios e o consumo, o governo chinês tem vindo a relaxar o nível de restrições às viagens dentro do país. No entanto, embora a grande parte da atividade económica esteja a voltar à normalidade, encontram-se ainda em vigor várias políticas de controlo em pequena escala que se podem verificar um pouco por todo o território.

Por exemplo, alguns pontos turísticos e locais de entretenimento continuam com as suas operações suspensas. Na mesma linha, vários edifícios de escritórios, hotéis, centros comerciais, metros e outros transportes públicos mantêm em vigor medidas de prevenção e controlo epidémico, tais como a medição da temperatura corporal, identificação por intermédio de um código de cores nos passageiros e o uso obrigatório de máscaras. As salas de cinema têm vindo a reabrir desde meados de Agosto e em algumas cidades apenas.

Segundo dados económicos recentemente transmitidos pelo Departamento Municipal de Estatísticas de Xangai, o PIB desta cidade terá registado uma contração de -0.3% nos primeiros três trimestres de 2020, representando mesmo assim um melhoramento da situação económica, considerando que nos primeiros três meses do ano o impacto havia sido de -6.7%.

Apesar deste avanço positivo em comparação com os primeiros meses de 2020, vários os indicadores económicos sofreram um forte impacto negativo em comparação com o período homólogo em 2019: hotelaria e restauração: -22.8% (-40.7% no primeiro trimestre); grossista e retalhista: -6.9% (-19.5% no primeiro trimestre); transporte e armazenagem: -11.1% (-18.5% no primeiro trimestre); setor imobiliário: -0.3% (-10.3% no primeiro trimestre). Porém, algumas indústrias apresentaram bons resultados que permitiram alcançar uma evolução positiva do PIB em 2020: construção: +0.4% (-22.5% no primeiro trimestre); financeira: +7.9% (+ 7.3% no primeiro trimestre) e tecnologias de informação (TIC): +15.1% (+ 13.1% no primeiro trimestre).

Até ao final de outubro de 2020, o rendimento per capita dos residentes na Província de Xangai aumentou em relação ao período homólogo em 2019 (residentes na cidade de Xangai: +3.5%; residentes urbanos/grande Xangai: +3.3% e rurais: +4.5%). Contudo, e como de esperar no contexto da pandemia COVID-19, o consumo per capita baixou substancialmente em comparação com o mesmo período do ano passado: residentes na cidade de Xangai: -8.5% (aumento de -10.9% no primeiro trimestre); residentes urbanos/grande Xangai: -8.8% (-11.2% no primeiro trimestre) e rurais: -5.8% (-6.4% no primeiro trimestre).

Os efeitos da pandemia COVID-19 e as restrições à movimentação de pessoas que daí advieram também se refletiram no número de novas empresas estrangeiras (investimento direto estrangeiro) estabelecidas em Xangai em 2020. Entre janeiro e outubro, foram estabelecidas 4552 novas empresas com investimento direto estrangeiro nesta cidade, uma redução de 19.7%, em comparação com o período homólogo em 2019.

No que diz respeito às trocas comerciais, segundo dados oficiais da Alfândega de Xangai, se entre Janeiro e Abril de 2020 havia-se registado um decréscimo generalizado de -2.1%, justamente no pico da pandemia na China e durante o período de confinamento, a mesma fonte diz-nos agora que esse indicador, entre Janeiro e Outubro de 2020, aumentou 2% em comparação com 2019. De um modo geral, foram as empresas privadas que mais importaram bens estrangeiros (+15% em comparação com o ano anterior) e também, as que mais exportaram bens locais (+7.1% em comparação com o ano anterior).

No que concerne às exportações de Xangai para o estrangeiro, os Estados Unidos da América foram o cliente mais importante, tendo exportado 1044.67 mil milhões RMB (um aumento de +7.8% em comparação ao mesmo período em 2019); seguindo-se a União Europeia, para onde se exportou 1660.67 mil milhões RMB (-0.9%); Hong Kong comprou 1139.18 mil milhões RMB (+0.6%) e, por último, o Japão comprou 1044.67 mil milhões RMB (-6.8%) a Xangai.

Por último, as trocas comerciais entre Xangai e Portugal, apesar de terem sofrido uma quebra de -38% em junho, têm vindo aumentar entre julho e outubro, em comparação com o período homólogo em 2019 (16%, 36%, 29% e 40%, respetivamente).

No que diz respeito às exportações de Portugal para Xangai, os resultados registados pela Alfândega desta cidade nos últimos meses foram bastante positivos: junho (43,8%), julho (17,16%), agosto (37,8%), setembro (24,6%) e outubro (48%).


FEIRAS

A importante feira alimentar SIAL SHANGHAI, que celebrou em 2020 a sua vigésima edição, realizou-se em Setembro.

Em novembro de 2020 teve lugar em Xangai a terceira edição da CHINA INTERNATIONAL IMPORT EXPO, uma feira organizada pelo Estado Chinês e com o objetivo de abrir portas às empresas internacionais que queiram vender os seus produtos no maior mercado consumidor do mundo.

Os preparativos para a 8ª edição da ProWine China 2020, que teve lugar em Xangai de 10 a 12 de novembro, decorreram dentro da atual normalidade. À semelhança do ano transato, Portugal contou na edição deste ano com um pavilhão nacional, organizado pela Vini Portugal, no qual estiveram presentes 14 empresas portuguesas do setor. Fruto das restrições atualmente em vigor que impossibilitam a entrada de cidadãos estrangeiros não residentes na China, a participação das empresas nacionais ficou a cargo dos seus representantes, distribuidores e/ou importadores neste mercado.

A feira INTERTEXTILE (SPRING EDITION) irá decorrer, em Xangai, entre os dias 10 e 12 de março 2021.

A feira AUTO SHANGHAI irá decorrer entre os dias 21 e 28 de abril 2021.

A feira SIAL CHINA irá decorrer, em Xangai, entre os dias 18 e 20 de maio 2021.

A feira DESIGN SHANGHAI irá decorrer entre os dias 3 e 6 de junho 2021.

A feira Interior Lifestyle China 2020 irá decorrer, em Xangai, entre os dias 9 e 11 de setembro 2021.

A quarta edição da CIIE irá decorrer, em Xangai, entre os dias 5 e 10 de novembro 2021.

A feira PROWINE CHINA 2021 irá decorrer, em Xangai, entre os dias 9 e 11 de novembro 2021.

Contudo, as medidas restritivas de viagem associadas à pandemia da COVID-19 impostas pelas autoridades chinesas têm impedido a presença de profissionais estrangeiros e cancelamento de muitos participantes.


NOVAS OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO DECORRENTES DO PÓS-COVID E CONSELHOS UTEIS ÀS EMPRESAS

A pandemia aumentou a consciencialização do consumidor chinês sobre a fragilidade da saúde humana. Por exemplo, um estudo da consultora Nielsen revelou que os entrevistados mostraram uma consciência sobre a sua saúde muito mais evidente, com a maioria a afirmar que prestará mais atenção à alimentação saudável mesmo após a epidemia (80%), que gastará mais em desporto e fitness no futuro (75%) e que irá aumentar os seus gastos em exames médicos regulares (60%).

Segundo o site da especialidade, Winesinfo, no primeiro semestre de 2020 o volume de importação de vinho para a China teria sido de 210 milhões de litros, valor que corresponde a cerca de 830 milhões USD. De acordo com a mesma fonte, o setor registara uma queda acumulada acima dos 30%, sendo que a proporção total da importação de vinho teria caído 49%.

De acordo com um relatório sobre o mercado de produtos de beleza realizado pela Morgan Stanley  na China, a participação da China no mercado global de beleza aumentará em até 66% nos próximos cinco anos, representando um salto nas vendas de aproximadamente US $ 38 mil milhões.

Segundo um estudo levado a cabo pela Deloitte sobre o impacto nos hábitos de consumo da pandemia nos primeiros 6 meses do ano, verificou-se a emergência do consumo em cloud, tendência intimamente associada à crescente necessidade dos pagamentos "sem contacto” e das novas tecnologias adotadas pela indústria do retalho durante o pico pandémico. Tendo por base o mesmo estudo, indica aquela consultora ter-se verificado, durante o período em análise, uma aceleração, por um lado, do encerramento de espaços e estabelecimentos comerciais, um pouco por toda a China, e por outro, de crescimento exponencial das lojas online, sobretudo aquelas que transacionam bens de consumo e produtos alimentares frescos. Como tal, sugere a Deloitte maior aposta, por parte de empresas que apostam sobretudo no segmento do retalho físico, no comércio eletrónico, aliada a investimentos direcionados às plataformas de social media e social commerce do país.

De acordo com a JD Big Search Institute, o mês de maio, que coincidiu com o alívio das restrições das regras de controlo pandémico e com um período de feriados nacionais, marcou o reinício da atividade económica no país. Tais condições permitiram o surgimento de um boom do consumo doméstico, tendo o consumo online aumentado 45% em comparação com o mesmo período de 2019. Alguns setores registaram ainda recordes sem precedentes durante o período em análise. Por exemplo, as vendas de artigos outdoor aumentaram 210%, dispositivos domésticos 140% e os eletrodomésticos 100% por comparação com os quatro meses anteriores.

O mesmo estudo indica que o regresso ao trabalho de grande parte população chinesa contribuiu igualmente para a recuperação sustentada do consumo no país. Neste contexto, o JD Big Search Institute afirma que empresas estrangeiras apostadas em suceder no mercado chinês, deverão ser resilientes e ter capacidade de adaptação, devendo permanecer atentas às alterações das tendências de consumo que se verificam frequentemente no país. A título de exemplo, destaca este Instituto como as vendas de produtos de desinfeção e esterilização aumentaram durante o período de regresso ao trabalho na China, tendo o alcóol gel e outros produtos desinfetantes relacionados registado aumentos de 112% e 254%, respetivamente (crescimento mês a mês de janeiro a maio). Perante este cenário, sugere o JD Big Search Institute que empresas não nacionais a operar na China, poderão encontrar novas oportunidades de negócio, sobretudo na inovação e criação de produtos / serviços no âmbito da proteção e prevenção epidémica.

A pandemia veio também trazer oportunidades a indústrias detentoras de produtos e serviços que requerem contato reduzido entre indivíduos. Por exemplo, de acordo com dados avançados pela JD.com, as vendas de bicicletas elétricas aumentaram 638% face ao período homólogo de 2019, e as vendas de hoverboards para adultos aumentaram 147%, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

A agora popular "educação online” é outro "subproduto” da atual pandemia. Com o rápido desenvolvimento do ensino online, as empresas passam a dispor de uma oportunidade única para criar novos produtos e serviços relacionados que possam potenciar este novo mercado.

Por último, nota para a tendência de "consumption upgrade” onde a JD Big Search Institute destaca o aumento substancial do consumo de equipamentos de ginástica domésticos de ponta, artigos de luxo e eletrodomésticos de grandes dimensões. Segundo este Instituto, e a título de exemplo, o volume de transações de aparelhos de fitness como remadores, máquinas elípticas e esteiras aumentou mais de 133, 91 e 96 por cento, respetivamente, entre os dias 1 e 6 de abril (crescimento ano a ano quando comparado com 2019).

O surto pandémico que atualmente assola os quatro cantos do planeta, expôs, na sua fase inicial de propagação, inúmeras fragilidades e lacunas do setor da saúde da China. O impacto da Covid-19 no país não só obrigou a uma reestruturação do seu sistema nacional de saúde, como também recolocou este setor no topo das prioridades das autoridades centrais chinesas.

O setor de saúde da China está atualmente classificado como o segundo maior do mundo, apenas atrás dos EUA. Em 2019, o este setor registou um volume de 1,1 triliões USD, número que representa um aumento de 10 por cento em comparação com o ano anterior.

A dimensão do setor da saúde chinês, aliada ao contexto atual bem como à sua crescente abertura ao capital e investimento estrangeiro, são fatores que conferem às empresas estrangeiras um importante conjunto de oportunidades de negócio.

Segundo a China Briefing, de momento, o mercado da saúde na China oferece oportunidades no seguinte segmento dos dispositivos médicos nas categorias de: prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação.

1. Saúde preventiva. A gestão preventiva a longo prazo da saúde ganha cada vez mais preponderância na indústria de dispositivos médicos, devendo-se, do lado do consumidor, à sua crescente consciencialização da importância da saúde e qualidade de vida, e do lado comercial, por intermédio da adoção de abordagens tendencialmente preventivas em detrimento de outros tratamentos convencionais.

2. Telemedicina e gestão digital do paciente. Como consequência da atual pandemia, a utilização de mecanismos de tecnologia digital na prestação de serviços de saúde tem vindo a ganhar cada vez mais popularidade junto da população chinesa. Com um sistema nacional de saúde saturado e estruturas hospitalares mal distribuidas, o serviço de telemedicina e de diagnóstico digital oferece à população chinesa uma nova forma abordagem de cuidados médicos.

3. Optimização de dados para melhorar a qualidade dos serviços de saúde. Produtores de dispositivos médicos poderão aproveitar bases de dados para dotar os seus produtos com mecanismos desenvolvidos com o intuito de avaliar o desempenho e resultados com maior precisão, melhorando assim a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de condições médicas.

A China’s National Medical Product Administration (NMPA) é o principal órgão regulador e administrativo que cria, implementa e gere os padrões de todos os dispositivos médicos, cosméticos e medicamentos na China. A NMPA é responsável pela maioria das atividades de pré-comercialização e pós-comercialização, pelo que, empresas interessadas em operar neste segmento no país, deverão cumprir com todas as linhas orientadoras e regulamentos deste organismo.


Nota: Tendo em conta o rápido desenvolvimento da pandemia COVID-19 e dos seus impactos na economia dos diversos países, a informação constante nesta página poderá não corresponder à totalidade da informação do mercado disponível e poderá ficar temporariamente desatualizada.

Última atualização: 14 de Janeiro de 2021.


FONTE:
AICEP PORTUGAL GLOBAL. Covid-19: Situação nos Mercados. Disponível em: https://www.covid19aicep.pt/mercados.html
Acesso em: 10 de Dezembro de 2020