Previsões económicas para 2023: o que podemos esperar?

PIB, desemprego, inflação, consumo privado, importações, exportações, investimento. Estes indicadores são, decerto, variáveis-chave para compreender o estado da economia e perspetivar como será a evolução da situação de um país ou uma região. Desse modo, na posse dos principais indicadores macroeconómicos, os gestores tomam decisões estratégicas e de investimento que vão moldar o futuro das suas organizações. Pois bem, agora que 2022 está a chegar ao fim e um novo ano surge no horizonte, é altura de dar a conhecer as previsões económicas para 2023, delineadas pelos principais organismos internacionais e nacionais. A sua mensagem é, assim, unânime: prepare-se, porque a economia mundial vai travar a fundo.

Previsões económicas para 2023: China e Índia lideram o crescimento

Apesar dos fatores inesperados que “abalaram” o normal funcionamento das economias, em 2022 — por exemplo, a guerra na Ucrânia, as pressões inflacionistas, a mudança súbita da política monetária conduzida pelas economias mais desenvolvidas e os elevados preços da energia —, a generalidade dos países mostrou-se resiliente.

O PIB mundial cresceu em 2022 (entre 3,1% e 3,2%), segundo as previsões da Comissão Europeia (CE) — publicadas em novembro de 2022 —, do Fundo Monetário Internacional (FMI) — divulgadas em outubro — e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico (OCDE) — conhecidas no passado mês de novembro.

Aliás, “resiliente” é também o adjetivo indicado para descrever o comportamento da economia portuguesa. Afinal, as estimativas apontam para um crescimento do PIB nacional (entre 6,2% e 6,7%), em 2022. Estas surgem, então, bem acima dos 3,2% estimados para a Zona Euro, pela CE.

No entanto, o ano de 2023 apresentar-se-á bem mais desafiante. Não se antecipa uma recessão mundial, contudo, o progresso será muito menor comparativamente ao registado nos anos anteriores. O “travão do crescimento” sentir-se-á, especialmente, na Europa. Eis as previsões económicas para 2023, nas principais regiões:

Previsões económicas para 2023 no mundo

Globalmente, as previsões económicas para 2023, relativas ao PIB, apontam para um aumento da produção de riqueza mundial entre 2,2% e 2,5%, de acordo com as projeções mais recentes da CE, do FMI e da OCDE. Para este desempenho deverá contribuir, sobretudo, a performance acima da média de dois gigantes asiáticos: a China e a Índia.

Na verdade, os organismos internacionais têm tornado mais comedidas as suas previsões económicas para 2023, perante a incerteza crescente e os evidentes sinais de abrandamento.

Política monetária dos bancos centrais

Aspetos como a política monetária, seguida pelos bancos centrais, para controlar os níveis de inflação — e o seu impacto no consumo privado, na atividade das empresas e no aumento dos encargos e da dívida das famílias, das corporações e dos governos — irão condicionar o desempenho económico mundial. Todavia, não serão só estes os elementos a considerar.

Conflito na Ucrânia, efeitos da pandemia e falhas nas cadeias de abastecimento

Também a imprevisibilidade da evolução do conflito na Ucrânia, a estratégia que os países (nomeadamente a China) adotarão para lidar com os efeitos do controlo da pandemia e o surgimento de potenciais disrupções nas cadeias de abastecimento são fatores de pressão no rumo das economias. Como resultado, diversos países terão registado, no final de 2022, ou registarão, durante parte do ano de 2023, uma contração económica.

“Os obstáculos que a economia global enfrenta são muitos e o enfraquecimento dos indicadores económicos aponta para novos desafios no horizonte. Contudo, com uma ação política cuidadosa e com esforços multilaterais conjuntos, o mundo pode caminhar para um crescimento mais forte e inclusivo”, salientam os especialistas do FMI, numa análise publicada em novembro.

Por outro lado, a inflação global deverá manter-se elevada: 6,5%, segundo as previsões económicas para 2023 deste organismo internacional.

Já a OCDE destaca no seu outlook, publicado em novembro, o risco que os preços elevados da energia podem exercer nas economias. “O crescimento pode ser mais fraco relativamente ao estimado, se os preços da energia aumentarem ainda mais ou se as interrupções no seu fornecimento afetarem os mercados de gás e eletricidade na Europa e na Ásia”.

China

O gigante asiático deverá tornar-se um dos principais motores de desenvolvimento. As previsões económicas para 2023 apontam para um aumento do PIB (entre 4,4% e 4,6%), segundo o FMI, a CE e a OCDE. As exportações crescerão, entre 1,1% e 2%, enquanto as importações poderão avançar entre 1,7% (previstos pelo FMI) e 4% (projetados pela CE). Os riscos para a evolução da economia chinesa surgem, sobretudo, relacionados com a evolução da crise do setor imobiliário — que pode prejudicar o bancário —, mas também com o impacto da política de “Covid Zero” (e consequentes lockdowns).

Europa

Constitui um dos blocos mais afetados por este cenário político e económico desafiante. Em 2023, o PIB gerado pelos 27 países da União Europeia (UE) terá um crescimento praticamente nulo: a CE prevê uma subida de apenas 0,3% na UE e também na Zona Euro. Gigantes como a Alemanha vão mesmo entrar em contração, sendo estimada uma quebra do PIB germânico, em 2023, entre -0,3% (previstos pela OCDE) e -0,6% (projetados pela CE).

A proximidade da Europa ao conflito na Ucrânia traduz-se numa maior exposição aos efeitos colaterais da guerra: disrupções no fornecimento de energia poderão levar ao aumento do seu preço, causar distúrbios na atividade das empresas e a subida da inflação.

“A maior ameaça advém da evolução negativa do mercado do gás e do risco de escassez, especialmente no inverno de 2023-24. Além do aprovisionamento de gás, a UE continua, direta e indiretamente, exposta a novos choques noutros mercados de matérias-primas, resultantes de tensões geopolíticas”, sublinhou a CE.

Estados Unidos da América

O fraco dinamismo financeiro afetará também, certamente, os Estados Unidos (EUA). Segundo as previsões económicas para 2023 mais otimistas, os EUA deverão ver o seu PIB subir 1% (segundo o FMI). Contudo, a CE e a OCDE preveem dados mais modestos: 0,7% e 0,5%, respetivamente. Esse crescimento apoiar-se-á, sobretudo, nas exportações. Já a inflação deverá descer consideravelmente (para os 3,5%), de acordo com as estimativas do FMl.

Previsões económicas para 2023 relativamente à economia portuguesa

Este contexto particularmente desafiante, marcado pela incerteza, no qual a inflação e a guerra constituem ameaças inquietantes, também afetará o desempenho financeiro de Portugal. As previsões económicas para 2023 apontam para um crescimento do PIB, entre 0,7% (estimativas do FMI e da CE) e 1,3% (previstos pelo governo, no Orçamento do Estado para 2023).

Assim, o abrandamento, comparativamente a 2022, justifica-se, segundo a OCDE, pelos efeitos da “guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, disrupções nas cadeias de abastecimento, preços de energia elevados e taxas de juro a subir”. Apesar dos riscos, este organismo considera que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) dinamizará o investimento público. “Garantir uma implementação atempada e eficiente do PRR pode ajudar a aumentar a infraestrutura verde, bem como a eficiência energética e permitir compensar o abrandamento em 2023”, afirmam os especialistas.

As estimativas demonstram ainda que a inflação manter-se-á elevada, mas os preços dos bens e serviços aumentarão a um ritmo inferior ao de 2022.

Por outro lado, as exportações também deverão registar um forte travão: em 2022, este indicador avançou, segundo a Comissão Europeia, 16,6%. No entanto, as exportações portuguesas de bens e serviços não alcançarão além dos 2,3%, segundo as suas previsões económicas para 2023.

O que acontecerá às trocas comerciais, em 2023?

Como esperado, o comércio internacional vai também ressentir-se com as circunstâncias adversas, prejudiciais para a performance da maioria das economias mundiais. Em novembro, a Organização Mundial do Comércio (OMC) reviu em baixa as previsões de crescimento das trocas comerciais globais para 2023, de 3,4% para 1%.

A OMC destaca, por exemplo, o facto de as importações desacelerarem globalmente, devido ao abrandamento da atividade. Essa evolução pode ser explicada por diferentes motivos, consoante a região. “Na Europa, os elevados preços da energia na sequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia reduzirão o consumo das famílias e aumentarão os custos de produção. Nos Estados Unidos, o aperto da política monetária afetará as despesas sensíveis às taxas de juros em áreas como a habitação, os veículos motorizados e o investimento fixo. A China continua a lidar com surtos de COVID-19 e com disrupções na produção combinadas com a fraca procura externa”, explicam os especialistas.

Perante as cautelosas previsões económicas para 2023 e o cenário desafiante que se antevê para os próximos meses, as empresas importadoras e exportadoras devem preparar-se, procurando o apoio de parceiros de confiança, para se manterem competitivas. No Grupo Rangel, dispomos das melhores soluções e dos profissionais mais experientes, para garantir a maior eficiência dos processos e das operações logísticas. Contacte-nos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Gabinete de Estratégia e Estudos. “Síntese Estatística de Conjuntura”. Acedido a 30 de novembro de 2022.
https://www.gee.gov.pt/pt/publicacoes/sinteses-periodicas/sintese-de-conjuntura
OCDE. “Confronting the crisis – OECD Economic Outlook”. Acedido a 30 de novembro de 2022.
https://www.oecd.org/economic-outlook/november-2022/
Comissão Europeia. “Autumn 2022 Economic Forecast: The EU economy at a turning point”. Acedido a 30 de novembro de 2022.
https://economy-finance.ec.europa.eu/economic-forecast-and-surveys/economic-forecasts/autumn-2022-economic-forecast-eu-economy-turning-point_en
FMI. “Countering the cost of living crisis. World Economic Outlook – Report October 2022”. Acedido a 30 de novembro de 2022.
https://www.imf.org/en/Publications/WEO/Issues/2022/10/11/world-economic-outlook-october-2022
OMC. “Trade growth to slow sharply in 2023 as global economy faces strong headwinds”. Acedido a 30 de novembro de 2022.
https://www.wto.org/english/news_e/pres22_e/pr909_e.htm