Peso volumétrico: quais os seus efeitos na armazenagem e na expedição de mercadorias? 9 de Maio, 2025 Rangel Logistics Solutions Logística Num contexto logístico cada vez mais marcado pelas exigências concernentes à celeridade, à sustentabilidade e à eficiência, o peso volumétrico emerge, decerto, como um fator decisivo na equação que pondera custos e desempenho. O impacto do comércio eletrónico é, aliás, um claro exemplo disso, com o aumento do volume de encomendas a impulsionar a procura por entregas rápidas, personalizadas e com rastreamento em tempo real. Contudo, o que parece uma simples operação de envio de bens esconde uma complexidade técnica crescente. Nomeadamente, a correta avaliação do espaço ocupado por esses bens nos veículos de transporte de mercadorias e nos sistemas de armazenagem. É neste âmbito, portanto, que o peso volumétrico ganha centralidade. Não apenas como métrica de cálculo de custos logísticos, mas como um elemento estruturante da eficiência operacional. Primeiramente, o que é o peso volumétrico? O peso volumétrico — também conhecido por peso dimensional — consiste numa métrica amplamente utilizada na logística moderna para representar não apenas o peso real de uma carga, mas o espaço físico que ocupa durante o transporte ou a armazenagem. A sua relevância torna-se mais proeminente conforme os custos operacionais se tornam mais sensíveis à ocupação volumétrica do que à massa transportada. Isto é particularmente evidente, por exemplo, em operações aéreas ou em armazéns de elevada densidade. Como calcular o peso volumétrico? Pois bem, o cálculo do peso volumétrico alicerça-se numa fórmula simples: Peso Volumétrico = (Comprimento × Largura × Altura) / Fator de Volume Todas as dimensões devem encontrar-se na mesma unidade. Por sua vez, o fator de volume pode variar consoante as unidades de medida utilizadas, a distância percorrida e as características e regulamentações específicas de certos setores. O resultado expressa-se, geralmente, em volume por unidade de peso, como por exemplo em metros cúbicos por quilograma (m³/kg). Este valor é, posteriormente, comparado com o peso real da mercadoria. Quando o volume da encomenda excede o seu peso físico, o peso volumétrico determina o custo de envio. Isto é, as transportadoras tendem a aplicar o maior dos dois como peso faturável. Por esse motivo, conhecer e aplicar corretamente esta métrica deixou de ser apenas uma exigência técnica. Trata-se, acima de tudo, de uma alavanca estratégica para a competitividade. De que modo é que o peso volumétrico influencia os custos logísticos e o espaço de armazenagem? Inegavelmente, a influência desta variável estende-se muito além do cálculo de tarifas de transporte. Este é um fator estruturante na organização dos recursos físicos e operacionais ao longo de toda a cadeia de abastecimento. Consequentemente, a correta gestão deste fator, tanto na armazenagem como na expedição, traduz-se em ganhos substanciais de eficiência e previsibilidade. Armazenamento e planeamento logístico Na armazenagem, o peso volumétrico desempenha um papel crítico na definição do layout, na escolha das infraestruturas e na configuração dos sistemas de armazenamento. A gestão eficaz do espaço disponível — frequentemente medido em metros cúbicos utilizáveis — exige, portanto, o conhecimento preciso das dimensões dos produtos, viabilizando uma alocação racional das unidades logísticas. Soluções como sistemas de prateleiras móveis, estantes verticais automatizadas ou armazéns autoportantes, por exemplo, só atingem o seu pleno potencial quando orientadas por dados volumétricos fiáveis. Além disso, os sistemas de gestão de armazéns (WMS) mais avançados integram algoritmos de otimização baseados no peso volumétrico, podendo assim maximizar a densidade de armazenamento e reduzir os tempos de acesso. Este conhecimento é igualmente essencial para o controlo do inventário: permite estimar, com maior precisão, o volume total ocupado por determinado stock, antecipar necessidades de reposição e gerir picos de armazenamento. Expedição, transporte e custos operacionais Neste domínio, o impacto do peso volumétrico é particularmente evidente no momento de fixar tarifas. Afinal, uma parte significativa das transportadoras recorre a esta variável para calcular o custo do envio. Por conseguinte, volumes elevados e pouco densos (como produtos têxteis, embalagens vazias ou bens de grande dimensão mas de baixo peso) podem originar custos superiores aos que resultariam do peso real. Adicionalmente, o conhecimento do peso volumétrico é determinante para a seleção do modo de transporte mais adequado. Em operações em que o espaço disponível é o recurso mais limitativo — como nos porões de aeronaves, nos contentores marítimos ou nos veículos de distribuição urbana —, este dado torna-se, certamente, indispensável para garantir a plena utilização da capacidade de carga. Otimizar o peso volumétrico permite, por isso, reduzir o número de envios necessários, maximizar a carga útil dos veículos e diminuir as emissões por tonelada transportada. Trata-se de um ganho económico, mas também ambiental. Desse modo, a gestão deste fator constitui uma estratégia vital para incrementar a rentabilidade do transporte, aumentar a previsibilidade dos custos e impulsionar a sustentabilidade da supply chain. Tecnologias e tendências que estão a transformar o cálculo do peso volumétrico As transformações operadas pela digitalização, pela inovação tecnológica e pelas novas exigências de sustentabilidade estão, sem dúvida, a redefinir a forma de calcular, interpretar e aplicar esta métrica estratégica. Entre as principais forças de transformação, podemos, então, sublinhar: Digitalização da medição logística As mais recentes soluções de WMS e Transportation Management Systems (TMS) integram, cada vez mais, módulos automatizados para calcular o peso volumétrico. Para isso, têm por base dados captados por scanners volumétricos, sensores de alta precisão e softwares de embalamento inteligente. Estas ferramentas eliminam erros manuais, otimizam a conformidade tarifária e aceleram os processos de expedição, particularmente no e-commerce e na distribuição de elevada rotatividade. Previsão com inteligência artificial (IA) A aplicação de IA e de machine learning viabiliza a antecipação, com elevada precisão, do peso volumétrico de futuros envios. Este planeamento preditivo baseia-se na análise de dados históricos, dos perfis de consumo e da morfologia dos produtos, permitindo assim reduzir custos associados à variabilidade da procura e ajustar as estratégias de consolidação no âmbito do transporte ou da armazenagem. Cálculo em tempo real A digitalização 3D, a realidade aumentada e os contentores com sensores IoT (Internet of Things) estão a revolucionar o cálculo e o controlo do peso volumétrico em tempo real. No transporte marítimo, por exemplo, os contentores inteligentes monitorizam a distribuição interna da carga e fornecem dados críticos para uma estiva mais segura e eficiente. Por sua vez, no transporte terrestre, os veículos equipados com sistemas de carregamento dinâmico conseguem ajustar a disposição da carga consoante o seu volume e peso, maximizando, assim, a sua estabilidade e eficiência. Embalagens mais leves e sustentáveis A pressão relativa a metas de sustentabilidade está a impulsionar a adoção de práticas de logística verde. Nesse sentido, o uso de embalagens mais leves, biodegradáveis e ajustáveis revela-se cada vez mais incontornável. Materiais leves – caso dos plásticos compostáveis ou soluções à base de micélio (cogumelos) – oferecem alternativas viáveis às embalagens convencionais, reduzindo o peso volumétrico sem comprometer a integridade do produto. Esta mudança possibilita, portanto, diminuir os custos logísticos e alinhar as operações com critérios ESG (exigidos tanto por investidores como por consumidores). 4 formas de otimizar o peso volumétrico e reduzir custos A gestão eficiente do peso volumétrico exige, certamente, uma abordagem integrada e estratégica. Consequentemente, deve articular as potencialidades da tecnologia com a otimização global de processos, a seleção criteriosa de embalagens e a capacitação das equipas logísticas. Por um lado, a adoção de boas práticas nesta matéria permite reduzir os custos diretos de transporte e armazenagem. Por outro, possibilita aumentar a competitividade e a resiliência das cadeias de abastecimento. Elencamos, pois, algumas estratégias essenciais a equacionar: Ajuste das embalagens ao volume real dos produtos —evite caixas desproporcionadas e recorra a softwares de smart packaging para selecionar, automaticamente, a embalagem ideal para cada item (considerando características como dimensões, densidade, fragilidade ou rotatividade); Consolidação de envios —sempre que viável, agrupe várias encomendas num único volume ou numa só remessa. Isto propicia incrementar a densidade logística, reduzir o número de expedições e melhorar a rentabilidade do transporte; Seleção criteriosa do transporte —adapte os modos de expedição (aéreo, marítimo, terrestre) à relação peso/volume dos produtos, aproveitando melhor a capacidade de carga e os custos por metro cúbico; Seleção de operadores logísticos especializados —conte com o apoio de parceiros de confiança, que dominem a otimização volumétrica e disponham das ferramentas tecnológicas mais indicadas nesta área estratégica. A gestão do peso volumétrico é, hoje, um vetor central para a competitividade nas operações logísticas globais. Se a sua organização precisa de apoio neste âmbito, conte então com a experiência e o rigor dos nossos especialistas. Na Rangel, dispomos de um conjunto amplo de soluções logísticas sofisticadas, para o ajudar a tornar a sua supply chain mais ágil, sustentável e eficiente. Contacte-nos! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Warehousing and Fulfillment. “What is Dimensional Weight? And Why Does it Matter?”. Acedido a 2 de abril de 2025.Solistica. “The future of volumetric weight: trends and perspectives in logistics”. Acedido a 2 de abril de 2025.Interlake Mecalux. “Volumetric weight and its effects on storage and shipping”. Acedido a 2 de abril de 2025. Etiquetas:armazenagem logística
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