O que esperar da economia em 2025? Uma análise das tendências globais

Com a chegada de um novo ano, as empresas deparam-se com a necessidade de afinar os seus planos de negócios e as suas estratégias de investimento. Assim, importa analisar alguns indicadores-chave para projetar para onde vai a economia em 2025, quais serão os mercados que podem oferecer maiores oportunidades e, claro, quais os riscos a equacionar.

As principais instituições internacionais preveem uma estabilidade no crescimento da economia em 2025. No entanto, advertem: as taxas de expansão são modestas e existem riscos. “É expectável que o crescimento permaneça estável, mas ainda longe de impressionar”, afirmaram, então, os economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) na última edição do World Economic Outlook, divulgada em outubro.

Tensões comerciais, geopolítica e juros: os temas que vão dominar a economia em 2025

Tanto o FMI como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), por exemplo, estimam um crescimento da economia global de 3,2%, em 2025 — uma taxa igual à projetada para 2024. Todavia, o número esconde diferenças entre os ritmos dos principais blocos económicos.

Além disso, a incerteza geopolítica, bem como a expectativa relativa à adoção de políticas comerciais mais agressivas por parte dos Estados Unidos da América (EUA), são fatores de risco para aquelas projeções. Não obstante, a perspetiva de descida das taxas de juro nas principais economias pode oferecer algum suporte.

Estes são, decerto, alguns dos grandes temas que irão marcar o ritmo da economia em 2025. Analisemo-los, portanto, ponto por ponto:

Disputas comerciais

Existem vários fatores de pressão para a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) mundial em 2025. As tensões comerciais constituem, sem dúvida, um dos principais focos de preocupação. Com efeito, após a vitória de Donald Trump nas presidenciais americanas, o mundo prepara-se para uma escalada no agravamento de taxas aduaneiras e de outras medidas protecionistas.

O novo presidente prometeu, então, uma potencial tarifa de 10% sobre todos os bens da União Europeia exportados para os EUA. Garantiu, igualmente, a criação de taxas aduaneiras de até 60% sobre produtos oriundos da China. Há, pois, o receio de que estes blocos respondam a eventuais medidas protecionistas do país norte-americano — um cenário que poderia desencadear uma guerra comercial.

“O grande risco é a introdução de tarifas generalizadas, que, muito provavelmente, iriam atingir bastante o crescimento”, avisaram os analistas do Goldman Sachs, num relatório de novembro. O horizonte para a economia em 2025 pauta-se, portanto, por alguma incerteza, não só devido ao efeito negativo da introdução de novas taxas aduaneiras, mas também ao ambiente de tensão comercial.

Por sua vez, os economistas do FMI alertam: “Uma intensificação das políticas protecionistas poderia exacerbar as tensões comerciais, reduzindo a eficiência do mercado e constrangendo ainda mais as supply chains”.

Tensões geopolíticas

A incerteza comercial vem juntar-se a um tabuleiro geopolítico pautado pela tensão. Com efeito, além da escalada da guerra lançada pela Rússia à Ucrânia, o conflito no Médio Oriente continua longe do apaziguamento. Inegavelmente, estes contextos bélicos tiveram impactos nas cadeias de abastecimento globais. Assim, a sua continuação poderá incrementar os desafios para a logística mundial.

No entanto, os riscos geopolíticos não se ficam por aqui. Aliás, a equipa de análise da gestora de ativos BlackRock enumerou, em setembro, os choques que, neste quadro, apresentam maior probabilidade de se materializarem:

  • Rivalidade EUA/China: a competição estratégica entre Pequim e Washington poderá agravar as relações entre as duas superpotências. Além disso, há o risco de uma escalada na questão de Taiwan;
  • Ciberataques: a atenção sobre este risco atingiu um pico histórico em 2024. A preocupação deverá manter-se em 2025, pois existe uma probabilidade elevada de ataques que causem danos a infraestruturas críticas, tanto físicas como digitais. A cibersegurança mostra-se, por isso, um investimento cada vez mais imprescindível.

Os economistas do FMI notam, igualmente, que nos últimos anos o globo tem sido abalado por vários tipos de eventos, com grandes impactos nas cadeias logísticas. “Entramos agora num mundo dominado por disrupções do lado da oferta — desde o clima à saúde, passando pela geopolítica”.

Inflação e política monetária

No meio de tantos riscos, a boa notícia para a economia em 2025 é o sinal de abrandamento dos elevados níveis de inflação. Assim, com os índices de preços em valores desejáveis, os principais bancos centrais mundiais começaram a baixar as taxas de juro.

Os economistas esperam, aliás, que as autoridades monetárias, como o Banco Central Europeu (BCE) ou a Reserva Federal dos EUA, tenham margem para continuar a descer os juros ao longo do ano. Essa seria, então, uma forma de apoiar a economia em 2025, que se depara com riscos significativos.

Nesse sentido, o mercado revela-se consensual relativamente à ideia de que o BCE deve continuar a baixar a taxa da facilidade permanente de depósito, através da qual define a sua orientação de política monetária. Os dados dos mercados financeiros indicam que os investidores preveem a descida daquela taxa para 2%, ao longo de 2025. Nos EUA, projeta-se a diminuição da taxa de fundos federais para um intervalo entre 3,50% e 3,75%.

“Isso irá apoiar a atividade económica, numa altura em que os mercados de trabalho de muitas economias desenvolvidas começam a mostrar sinais de fraqueza. Ajudará, também, a evitar os riscos descendentes”, salientam os economistas do FMI.

Onde vai verificar-se, então, o crescimento da economia em 2025?

Embora as instituições internacionais prevejam uma evolução estável para o PIB mundial, em 2025, os dados escondem realidades diferentes. Vejamos, então:

Estados Unidos da América

O FMI antevê que esta superpotência registe, no próximo ano, um crescimento de 2,2% — um pouco abaixo do esperado para 2024, mas bem acima daquilo conjeturado para outros blocos económicos desenvolvidos.

A resistência do consumo, resultante das subidas robustas nos salários reais, deverá continuar a puxar por esta economia em 2025. No entanto, denota-se alguma incerteza, já que as novas políticas de Trump poderão baralhar as contas. Por um lado, as medidas protecionistas arriscam penalizar a economia, por outro, as promessas de cortes de impostos poderão ajudar a impulsionar o crescimento.

China

As principais instituições internacionais preveem uma desaceleração no crescimento chinês. O PIB do gigante asiático deverá apresentar um incremento de 4,5% em 2025, menos 0,3 décimas do que em 2024.

Com efeito, esta economia debate-se com fraquezas no setor imobiliário e com uma baixa confiança dos consumidores. Não obstante, as exportações têm saído acima do esperado. Além disso, as medidas de estímulo económico do regime de Pequim poderão dar algum suporte à economia em 2025.

Zona Euro

Neste bloco, o crescimento deverá acelerar. Contudo, essa melhoria vem de níveis ainda muito baixos. As projeções para a economia da Zona Euro apontam para um crescimento entre 1,2% e 1,3% — acima dos 0,8% projetados para 2024. Esta melhoria deve-se, sobretudo, a uma política monetária menos restritiva e ao impulso do consumo, uma vez que os salários reais deverão aumentar.

Porém, a economia da moeda única enfrenta alguns problemas estruturais, com o eixo franco-alemão a mostrar sinais de fraqueza. Além disso, o crescimento poderá ressentir-se de eventuais políticas comerciais mais agressivas oriundas de Washington.

Neste quadro, podemos destacar dois dados relevantes, a saber:

  • Na Alemanha, depois de um ano à beira da recessão, a economia poderá ter um crescimento tímido de 0,8% em 2025;
  • Em França, a maior parte das instituições prevê que a taxa de crescimento se mantenha em 1,1%. No entanto, a Comissão Europeia tem uma perspetiva mais pessimista, apontando para uma evolução de apenas 0,8% do PIB em 2025.

Portugal

Este país ibérico tem crescido acima da Zona Euro. E todas as projeções apontam para que essa tendência continue a verificar-se nesta economia em 2025. Assim, as estimativas das principais instituições para a evolução do PIB variam entre 1,9% e 2,3%. A confirmarem-se estes valores, trata-se de uma aceleração comparativamente ao previsto para 2024.

No que toca à economia portuguesa, o Banco de Portugal explicou, no Boletim Económico de outubro, que “o dinamismo do rendimento disponível continuará a refletir uma evolução favorável do mercado de trabalho, com aumento do emprego e dos salários, e o impacto das medidas orçamentais”.

Além disso, a instituição salientou que “a transição gradual para taxas de juro mais baixas e as entradas de fundos europeus apoiarão um maior crescimento do investimento”, destacando também uma aceleração na procura externa. Porém, nota que “a evolução das exportações é condicionada pelo esgotamento do impulso da recuperação pós-pandemia dos serviços, em particular dos associados ao turismo”.

Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê crescimento do comércio internacional

Nas suas projeções para a economia em 2025, a Organização Mundial do Comércio (OMC) antevê uma expansão do comércio internacional. No entanto, reviu em baixa a taxa de crescimento estimada para 2025, de 3,3% para 3%. Ainda assim, trata-se de uma aceleração em comparação com 2024, ano em que este incremento se ficou pelos 2,7%.

Apesar das estimativas otimistas, a instituição liderada por Ngozi Okonjo-Iweala salienta a existência de ameaças a este cenário, devido, acima de tudo, aos conflitos regionais e à incerteza geopolítica. Além disso, avisam que “uma escalada do conflito no Médio Oriente pode causar uma disrupção adicional e levar a uma subida dos preços da energia”.

Em suma, as previsões para o comércio internacional e a economia em 2025 deverão apresentar sinais de robustecimento. Porém, a probabilidade concernente à emergência de ameaças e riscos é muito elevada.

Neste contexto, é fundamental, sem dúvida, que as empresas invistam em estratégias para incrementar a resiliência das suas supply chains e blindar as suas operações logísticas. Para isso, conte então com o rigor, a excelência e o know-how da equipa Rangel. Dispomos de um conjunto alargado de soluções logísticas para impulsionar o seu negócio em 2025. Contacte-nos!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Fundo Monetário Internacional (FMI). “World Economic Outlook. Policy Pivot, Rising Threats – October 2024”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). “OECD Economic Outlook, Interim Report September 2024”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.
Gabinete de Estratégia e Estudos. “Síntese Estatística de Conjuntura – 22 de novembro de 2024”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.
Goldman Sachs. “Macro Outlook 2025: Tailwinds (Probably) Trump Tariffs”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.
BlackRock. “Geopolitical risk dashboard”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.
Banco de Portugal. “Boletim Económico — outubro 2024”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.
Organização Mundial do Comércio (OMC). “Global Trade Outlook and Statistics – October 2024”. Acedido a 3 de dezembro de 2024.