O futuro do mercado logístico africano: oportunidades e desafios a ter em consideração

O mercado logístico africano está a evoluir rapidamente, impulsionado por fatores como, por exemplo, a globalização, a transformação digital ou o acordo da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA). Não obstante, apesar destes avanços, muitas cadeias de abastecimento ainda enfrentam desafios significativos, relacionados com lacunas infraestruturais, processos fronteiriços ineficientes ou a falta de redes regionais interligadas.

Neste artigo, aprofundamos estes e outros tópicos, explorando, então, os desafios e as oportunidades do mercado logístico africano.

Mercado logístico africano: qual é a importância do AfCFTA?

A Zona de Comércio Livre Continental Africana revelou-se, sem dúvida, uma das iniciativas económicas mais significativas para o mercado logístico africano. Em vigor desde 2021, e com 55 estados-membros, o AfCFTA pretende criar a maior área de livre comércio do mundo.

O seu desiderato passa pela facilitação do comércio intra-africano, contribuindo assim para a integração regional e para o reforço da posição económica do continente no contexto global.

O setor da logística e dos transportes será, indubitavelmente, um dos maiores beneficiários desta iniciativa. Aliás, segundo um relatório do World Economic Forum (WTF), a procura por transporte intra-africano deverá registar um incremento de 28% até 2030. Estima-se que isto exigirá, então, cerca de:

  • 2 milhões de camiões;
  • 100 mil vagões ferroviários;
  • 250 aeronaves;
  • Mais de 100 navios.

Por conseguinte, é necessário criar uma rede logística mais eficiente e integrada, que ligue as zonas rurais às urbanas e facilite o comércio entre os países da região.

Uma das principais mudanças para o mercado logístico africano será, pois, a maior acessibilidade para empresas de menor porte, que antes enfrentavam dificuldades devido aos elevados custos concernentes à logística. Agora, começam a dispor de soluções cada vez mais descomplicadas.

Quais são os principais desafios do mercado logístico africano?

Embora em crescimento, o mercado logístico africano enfrenta, inegavelmente, um conjunto de desafios que podem interferir com a sua evolução. Elencamos, portanto, alguns fatores centrais neste âmbito:

  • Custos elevados de logística: os custos de transporte e de manuseio portuário em África são consideravelmente mais elevados do que noutras regiões, sobretudo as mais desenvolvidas. Por exemplo, o transporte de um contentor do porto de Djibuti (África Oriental) para Adis Abeba (capital da Etiópia) de camião custa entre 3.000 e 4.000 euros (cerca de 800 quilómetros). Uma viagem comparável do porto de Hamburgo para Munique custaria cerca de 800 euros;
  • Infraestruturas inadequadas: frequentemente, as estradas da região não são pavimentadas e, quando o são, não estão em condições para suportar o nível de tráfego. Além disso, a falta de interligação entre estradas, redes ferroviárias e portos prejudica a eficiência logística. Isto traduz-se, certamente, em entregas mais ineficazes — em especial no last mile — e, claro está, em custos mais elevados;
  • Falta de visibilidade na cadeia de abastecimento: muitos países africanos lidam com infraestruturas precárias, sistemas de comunicação ineficazes e processos logísticos descentralizados, dificultando o rastreamento preciso das mercadorias e a manutenção dos padrões de qualidade. Tal pode, decerto, resultar em atrasos, ineficiências e, até, em práticas fraudulentas, como o desvio de mercadorias. Esta realidade compromete a confiança e a transparência das operações comerciais;
  • Complexidade do comércio internacional e intra-africano: os longos tempos de espera nas fronteiras, assim como a carga burocrática e as dificuldades no desalfandegamento, tornam as importações e exportações mais demoradas e dispendiosas.

Que oportunidades se devem equacionar no mercado logístico africano?

Apesar dos obstáculos significativos que o mercado logístico africano apresenta, este continente oferece um vasto leque de oportunidades que podem revelar-se amplamente vantajosas para os negócios.

Educação da população jovem

África possui a maior proporção de jovens no mundo — a média de idades no continente é de 18,8 anos. Isto representa, de facto, um grande potencial para o setor logístico.

Com o devido investimento em educação e capacitação técnica, os jovens podem assumir papéis-chave na modernização e na expansão do setor e, claro, da economia da região. Isto será particularmente importante em determinadas áreas, por exemplo, a adoção das tecnologias emergentes ou a gestão de risco nas cadeias de abastecimento.

Aposta na digitalização

A inovação tecnológica é uma das principais alavancas para a transformação das supply chains e do setor logístico em África. Startups em países como Quénia, Nigéria e África do Sul, a título ilustrativo, estão a implementar plataformas de otimização de transporte e ferramentas de gestão de carga. Estas soluções digitais reduzem os custos e o desperdício, aumentam a eficiência nas diversas etapas da cadeia e otimizam o controlo dos inventários, assim como a gestão de armazenagem.

Comércio intra-africano

Quando plenamente implementado, o AfCFTA transformará a dinâmica comercial em África. Com a remoção de barreiras tarifárias e regulamentares, estima-se, então, que o valor do comércio intra-africano aumente entre 15% (50 mil milhões de dólares) e 25% (70 mil milhões de dólares) até 2040.

Por conseguinte, esta abertura contribuirá para o crescimento económico, incentivará os investimentos em infraestruturas de transporte, criará empregos, diversificará as exportações e fortalecerá parcerias regionais.

H3: Investimento nas cadeias de abastecimento locais

O robustecimento das cadeias de abastecimento locais será, certamente, essencial para fortalecer as economias africanas e reduzir a dependência de importações.

A indústria automóvel e o setor alimentar são dois exemplos do notável impacto das cadeias locais nestas economias regionais. No setor automóvel, o aumento da produção local em países como África do Sul, Egito e Marrocos pode gerar entre 3,5 a 5 milhões de veículos anuais até 2035, criando, assim, milhares de empregos de qualidade.

Por sua vez, no setor alimentar, a crescente procura por alimentos processados, sobretudo nas áreas urbanas, oferece uma oportunidade para reduzir o desperdício e otimizar a eficiência económica. Neste âmbito, os investimentos em tecnologia de armazenamento e transporte refrigerado são oportunidades para incrementar as exportações agrícolas e oferecer maior segurança alimentar à população.

Melhoria das infraestruturas

A precariedade infraestrutural consiste, sem dúvida, num dos maiores desafios do mercado logístico africano. No entanto, há diversos projetos ambiciosos em andamento com o potencial de melhorar este panorama. Por exemplo, a modernização do porto de Mombasa, no Quénia — um dos mais movimentados da África Oriental e Central —, assume o objetivo de aumentar a capacidade de manuseio de cargas para 110 milhões de toneladas anuais até 2040.

Similarmente, denota-se uma forte aposta na expansão de rodovias inter-regionais para melhorar a ligação entre os países africanos. Estes projetos pretendem, então, promover o transporte de mercadorias, reduzindo os custos, encurtando os tempos de entrega e melhorando as condições de segurança.

Logística verde

A sustentabilidade no mercado logístico em África é, de facto, uma tendência cada vez mais incontornável. Neste quadro, importa sublinhar o impulso associado aos investimentos em infraestruturas para energias renováveis, assim como à digitalização de processos, para otimizar operações e parcerias internacionais.

Embora a implementação de práticas de logística verde possa ser um desafio, devido à dependência de combustíveis fósseis e à necessidade de investimentos iniciais avultados, o leque de oportunidades concernentes à melhoria da sustentabilidade do mercado logístico africano é bastante vasto. A crescente modernização da economia e a concretização de acordos, como o AfCFTA, podem ajudar a fomentar estas práticas e, assim, a promover um desenvolvimento mais sustentável e seguro.

Pois bem, além da aposta na digitalização e na eficiência das operações logísticas, a gestão de risco e a preparação antecipada de crises e disrupções nas supply chains constituem fatores basilares no quadro do mercado logístico africano. Para isso, revela-se imprescindível contar com um parceiro logístico habilitado.

A equipa Rangel — com uma experiência consolidada nesta região — está preparada para apoiar a sua empresa na otimização destes processos, garantindo a implementação de estratégias alicerçadas nos mais rigorosos padrões de segurança e eficácia. Consulte, então, os nossos serviços logísticos e descubra como podemos ajudar a transformar as suas operações no continente africano.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Technische Universität Berlin. “The Future of Logistics Networks with sub-Saharan Africa: Embracing the Potential”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
Technische Universität Berlin. “Challenges and Opportunities of Logistics in African Countries”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
Maersk. “The Future of Logistics in Africa: Embracing Disruption and Innovating for Success”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
Dovetail. “The Growth of the Supply Chain & Logistics Industry in Africa”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
MordorIntelligence. “Middle East and Africa Logistics Market Size & Share Analysis – Growth Trends & Forecasts (2024 – 2029)”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
World Economic Forum (WTF). “AfCFTA: A New Era for Global Business and Investment in Africa”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
Statista. “Median age of the population of Africa from 2000 to 2030”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.
The Maritime Executive. “Modernization Milestones at Mombasa Port, East Africa’s Regional Hub”. Acedido a 9 de dezembro de 2024.