Qual será o impacto da guerra comercial na logística global? 31 de Janeiro, 2025 Rangel Logistics Solutions Internacional, Logística, Mercado ‘Tarifa’ é a palavra mais bonita do dicionário”, disse o presidente norte-americano Donald Trump durante a sua campanha eleitoral. Pois bem, num contexto em que os conceitos de “barreiras”, “políticas protecionistas” ou “quotas” voltam a assumir um crescente protagonismo, é essencial equacionar o impacto da guerra comercial nas cadeias de abastecimento. Quais serão, então, as suas implicações para a economia internacional? E como devem preparar-se as empresas para garantir a estabilidade e a resiliência das suas operações? China e Estados Unidos da América: breve enquadramento de um conflito comercial de escala global Portanto, uma guerra comercial é um conflito que ocorre quando países impõem tarifas, quotas, políticas protecionistas e outras barreiras ao comércio internacional, com o desiderato de proteger as suas indústrias ou exercer pressão política. Nos últimos anos, esta dinâmica tornou-se cada vez mais visível, sobretudo com a escalada de tensões entre os Estados Unidos da América (EUA) e a China — duas das maiores economias do mundo. O impacto da guerra comercial tornou-se mais evidente à medida que a administração Biden decidiu manter as barreiras impostas por Trump, em 2018, e implementou políticas mais rigorosas neste âmbito. Incluem-se aqui, por exemplo, o aumento das tarifas sobre produtos chineses como o aço, o alumínio ou os semicondutores. Adicionalmente, o executivo do país norte-americano elevou as tarifas impostas sobre os veículos elétricos chineses para 100% e restringiu o envio de componentes tecnológicos para a Huawei. Em resposta, a China restringiu a utilização de computadores com chips americanos, promovendo assim uma política agressiva de autossuficiência tecnológica. A estratégia engloba, pois, investimentos maciços na Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), visando produzir semicondutores avançados e reduzir a dependência relativamente aos EUA e a Taiwan. Por conseguinte, o impacto da guerra comercial afetou setores críticos, como o automóvel, os semicondutores e a energia. Contribuiu, por isso, para uma desaceleração no comércio mundial, criando desafios profundos para as supply chains internacionais. Que evoluções se esperam para este ano? As tarifas e barreiras deverão, decerto, desempenhar um papel central na dinâmica do comércio global em 2025. Espera-se que o impacto da guerra comercial se intensifique caso os EUA introduzam, de facto, tarifas que vão além de setores específicos, abarcando uma grande parte das importações. Estas medidas podem, então, afetar as mercadorias de parceiros tradicionais, como a União Europeia (UE), o Japão, o Canadá ou o México. Por outro lado, prevê-se que a China e o bloco europeu adotem políticas comerciais mais estratégicas. A potência asiática, em particular, deverá focar-se na redução da sua dependência relativamente ao mercado americano, intensificando as parcerias comerciais com o Sul Global e investindo na sua autossuficiência tecnológica e industrial. Por sua vez, para atenuar o impacto da guerra comercial, a UE procurará robustecer as suas indústrias estratégicas, especialmente nos setores automóvel, tecnológico e energético. Simultaneamente, deverá procurar preservar acordos multilaterais que protejam o comércio livre. Este ano será, ainda, marcado pela regionalização das cadeias de valor, através de estratégias como o friendshoring e o nearshoring. Países como o Vietname, a Índia ou o México, por exemplo, devem beneficiar de novos investimentos, à medida que as empresas multinacionais apostam na diversificação das suas cadeias de abastecimento e na mitigação da sua exposição a mercados instáveis. Contudo, importa sublinhar que esta tendência desafia o modelo tradicional de comércio, fomentando uma nova era comercial pautada pela “desglobalização”. Este fenómeno caracteriza-se pela formação de blocos regionais mais fortes, mas fechados, e pela cimentação de alianças mercantis politicamente alinhadas. Qual é, então, o impacto da guerra comercial nas operações logísticas globais? O impacto da guerra comercial revela-se, sem dúvida, incontornável no atual panorama económico internacional. A imposição de tarifas, assim como as subsequentes retaliações, afetam a dinâmica da economia mundial, criando desafios significativos para empresas, consumidores e governos. Entre as principais consequências deste quadro, na economia e na logística globais, podemos destacar múltiplos fatores, como: 1. Desaceleração do comércio global As tensões comerciais entre grandes potências, caso de EUA, China e UE, reduzem, certamente, o fluxo internacional de bens e serviços. Afinal, a utilização de tarifas enquanto ferramenta de negociação e retaliação cria incertezas para as empresas, desencoraja investimentos e pode desacelerar o crescimento económico. De acordo com as perspetivas do Fundo Monetário Internacional (FMI), o impacto da guerra comercial, caso esta seja ampla e prolongada, será nefasto, podendo traduzir-se numa contração de até 7% no PIB global. 2. Fragmentação das cadeias de abastecimento A regionalização das cadeias de abastecimento está a emergir, sem dúvida, como uma resposta estratégica às tensões comerciais e à instabilidade económica e regulatória. Várias empresas estão, pois, a transferir a sua produção para países politicamente alinhados, numa tentativa de reduzir a dependência de economias mais imprevisíveis e o impacto da guerra comercial. Esta mudança implica, decerto, desafios significativos: do aumento de custos logísticos à necessidade relativa a investimentos avultados em infraestruturas, passando pela complexificação das operações. Contudo, este tipo de decisões permite otimizar a gestão de riscos e promover a resiliência da cadeia de abastecimento contra choques globais, como pandemias ou tensões geopolíticas. Ademais, garante o acesso a novos mercados. 3. Aumento de custos para consumidores e empresas As tarifas aumentam os custos dos bens importados. Para os consumidores, o impacto da guerra comercial traduz-se no encarecimento dos produtos e, portanto, na redução do poder de compra. Para as empresas, sobretudo as que dependem de matérias-primas ou componentes estrangeiros, significa um aumento dos custos de produção, pressionando assim as margens de lucro e comprometendo a competitividade em mercados globais. 4. Impacto em setores estratégicos Existem setores que, em virtude da sua dependência de componentes importados (semicondutores e baterias, por exemplo), se revelam especialmente vulneráveis ao impacto da guerra comercial. Atentemos, então, em três casos expressivos: No setor automóvel, as tarifas elevam significativamente os custos de produção. Além disso, podem atrasar a entrega de veículos e dificultar a expansão de modelos elétricos, essenciais para a mobilidade sustentável; No setor tecnológico, os aumentos de custos relacionados com semicondutores e placas eletrónicas, a título ilustrativo, reduzem a competitividade, limitam a inovação e encarecem dispositivos como laptops ou smartphones; Na energia renovável, a aplicação de tarifas sobre baterias e painéis solares pode atrasar a transição energética, encarecendo projetos verdes e dificultando o acesso a tecnologias limpas. Consequentemente, estas barreiras comerciais criam incertezas que prejudicam os investimentos de longo prazo, bem como a inovação em áreas e setores decisivos. 5. Tensão geopolítica O encadeamento de retaliações entre países — no quadro de uma guerra comercial alargada — pode contribuir, sem dúvida, para agudizar as tensões geopolíticas que, hoje, marcam o cenário internacional. Isto tem impactos notórios na saúde das relações diplomáticas e na capacidade de criar sinergias internacionais. Estes ciclos de sanções e contrassanções criam um ambiente de incerteza, que prejudica os países envolvidos e os parceiros comerciais dependentes de cadeias globais interconectadas. A importância determinante da gestão logística especializada Num contexto em que se demonstra cada vez mais desafiante prever custos futuros de produção, importação ou exportação, a aposta no planeamento e na resiliência das operações logísticas torna-se imprescindível. Afinal, o impacto da guerra comercial global força as organizações a investir na preparação de crises, antecipando possíveis disrupções nascadeias de abastecimento e nos mercados mundiais. Embora a redução dos custos de transporte possa parecer vantajosa para as empresas, muitas vezes reflete uma contração económica mais ampla, com implicações para a gestão logística global. Por exemplo, a flutuação da procura por bens processados, evidenciada pelas variações no Shanghai Containerized Freight Index, constitui um indicador relevante no que concerne à possível desaceleração das dinâmicas do comércio mundial. A monitorização contínua e sistemática das ameaças à estabilidade das operações logísticas e, igualmente, dos custos operacionais, emerge como um fator decisivo para os negócios. Para isso, é crucial que as empresas contem com o suporte de um parceiro logístico com uma equipa especializada, que assegure este trabalho contínuo de monitorização, planeamento e adaptação. Se está preocupado com o impacto da guerra comercial nas dinâmicas do seu negócio, conte então com o rigor e a experiência consolidada da equipa Rangel. Temos ao seu dispor um conjunto amplo de soluções logísticas personalizadas, desenhadas para garantir a blindagem e a eficiência da sua supply chain. Contacte-nos! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:European Commission. “Global Trade Fragmentation. An EU Perspective”. Acedido a 3 de janeiro de 2025.https://economy-finance.ec.europa.eu/system/files/2023-10/eb075_en.pdfCornell SC Johnson College of Business. “Trade Titans: The Impact of the U.S.-China Trade War on Global Economics”. Acedido a 3 de janeiro de 2025.https://business.cornell.edu/hub/2024/06/14/trade-titans-impact-us-china-trade-war-global-economics/Freight Center. “Impact of Trade Wars on Global Freight”. Acedido a 3 de janeiro de 2025.https://www.freightcenter.com/trade-wars-impact-on-global-transportation/Supply Chain Brain. “The U.S.-China Trade War Heats Up, And Businesses Move to Adjust”. Acedido a 3 de janeiro de 2025.https://www.supplychainbrain.com/articles/39951-the-us-china-trade-war-heats-up-and-businesses-move-to-adjustUN Trade & Development (UNCTAD). “Global Trade Update (December 2024)”. Acedido a 3 de janeiro de 2025.https://unctad.org/publication/global-trade-update-december-2024 Etiquetas:exportações logística
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