O impacto dos novos acordos comerciais globais na logística 10 de Janeiro, 2025 Rangel Logistics Solutions Logística Os acordos comerciais globais consistem, sem dúvida, no combustível que mantém as trocas internacionais em movimento. Derrubam barreiras, criam oportunidades e definem as regras que enquadram as importações e exportações. Pois bem, se está a pensar em levar o seu negócio além-fronteiras, é essencial conhecer estas normas, que regem o quadro comercial internacional. Neste artigo, exploramos, então, as diretrizes destes acordos comerciais globais, analisando as abordagens estratégicas a adotar para aproveitar as oportunidades e enfrentar os desafios emergentes neste contexto. Como se definem os acordos comerciais globais? Os acordos comerciais globais constituem compromissos, celebrados entre países ou regiões, que propiciam a abertura de mercados e favorecem o comércio internacional. O seu desiderato passa, nesse sentido, por facilitar o livre comércio, por meio da: Redução das tarifas aduaneiras, para beneficiar as trocas comerciais globais de produtos e serviços; Abolição das quotas em bens específicos, permitindo um fluxo mais fluido de determinadas mercadorias; Simplificação de regulamentações e normas comerciais, promovendo assim o cumprimento das regras vigentes por parte das empresas e dos operadores logísticos; Facilitação dos procedimentos aduaneiros nos processos de exportação e importação; Definição de normas técnicas e sanitárias para evitar duplicações e simplificar a exportação de bens. Exemplos de acordos comerciais globais No quadro da União Europeia (UE), especificamente, os acordos comerciais globais estabelecidos apresentam diferentes formatos e objetivos. Por exemplo, a Convenção Pan-Euro-Mediterrânica (PEM) configura um conjunto de acordos comerciais que visa facilitar o comércio entre a UE e vários países da região Euro-Mediterrânica (EFTA, Balcãs e países do Mediterrâneo). O regime preferencial reduz ou elimina tarifas para produtos oriundos desses países, desde que cumpram as regras de origem e sejam fabricados na região. Podemos elencar, ainda, outros exemplos de acordos comerciais globais que envolvem a União Europeia: Acordos de Parceria Económica (APE) — destinam-se a apoiar o progresso dos parceiros comerciais da África, das Caraíbas e do Pacífico (ACP). Favorecem, desse modo, o crescimento económico nos países em desenvolvimento, com foco na redução da pobreza e na integração económica sustentável; Acordos de Comércio Livre (ACL) — envolvem a redução mútua de barreiras tarifárias entre países desenvolvidos e economias emergentes. Permitem, portanto, uma abertura recíproca dos mercados, garantindo um acesso preferencial e promovendo a competitividade. É o caso dos acordos entre a UE e os países da EFTA (Islândia, Noruega, Liechtenstein, Suíça) e os países do Mediterrâneo, como Marrocos, Tunísia, Israel e Egito, no âmbito da Convenção PEM; Acordos de Associação (AA) — parcerias que vão além do comércio. Incluem, pois, componentes políticas e sociais, através da cooperação em áreas como a segurança, o desenvolvimento sustentável ou os direitos humanos. Reforçam-se, assim, os laços entre regiões, incentivando a estabilidade política. Ainda no âmbito da Convenção PEM, sublinham-se os acordos de Estabilização e Associação com os países dos Balcãs Ocidentais (Albânia, Sérvia, Montenegro, Macedónia do Norte e outros), que promovem reformas económicas e fornecem acesso preferencial ao mercado da UE. Qual é a importância dos acordos comerciais globais para a gestão das cadeias de abastecimento? As supply chains são redes que, frequentemente, abrangem múltiplos países. Sendo projetadas para garantir a entrega de mercadorias em múltiplos pontos do globo, necessitam de uma cuidadosa articulação entre as suas diversas etapas. A logística é a cola a ligar esses pontos, assegurando que os produtos certos cheguem ao lugar certo, no momento indicado e com o custo ideal. Ora, as tarifas, as regulamentações locais e as burocracias aduaneiras são fatores que podem, de facto, comprometer a fluidez das cadeias de abastecimento globais, acrescentando custos e complexidade à sua gestão. Por conseguinte, se um país impõe políticas protecionistas sobre as importações, o custo dos produtos incrementa para as empresas e população locais. Isto dificulta, decerto, a competitividade no mercado internacional. Deste modo, os acordos comerciais globais podem contribuir para: Contenção de custos e eficiência logística Os acordos comerciais globais apresentam, então, um impacto direto na redução de custos logísticos, permitindo que as empresas adquiram produtos e matérias-primas de diferentes partes do mundo com tarifas reduzidas e sem barreiras comerciais significativas. Esta eliminação de custos excessivos resulta em preços mais competitivos e no incremento da competitividade no mercado global. Abertura de novos mercados e expansão das infraestruturas O acesso aos mercados — agilizado pelo estabelecimento de acordos comerciais globais — fomenta a abertura de horizontes nas organizações e, até, nos países. Trata-se, por isso, de um incentivo ao investimento em infraestruturas logísticas eficientes, como portos e rodovias, essenciais para o transporte de mercadorias numa escala mundial. Incentivo à digitalização e inovação tecnológica A entrada em vigor de um acordo comercial impulsiona a adoção de tecnologias digitais e de dispositivos de automação na logística, com o intuito de incrementar a rastreabilidade e a visibilidade da cadeia de abastecimento. Além disso, este é um fator basilar para a otimização das operações logísticas internacionais. Esta aposta torna as cadeias de abastecimento, e o setor da logística, mais ágil, transparente, eficiente e sustentável. Fomento das práticas ecológicas e sustentáveis Muitos dos novos acordos comerciais internacionais incorporam cláusulas de cariz ambiental, que incentivam, explicitamente, a utilização de métodos de transporte mais ecológicos, como o transporte marítimo e ferroviário. Visam, pois, contribuir para a redução da pegada de carbono da logística mundial. Previsibilidade nas cadeias de abastecimento A estabilidade salvaguardada pelos acordos comerciais globais reduz, decerto, a incerteza e o risco inerentes às disrupções nas cadeias de abastecimento. Dessa forma, as empresas podem planear as suas operações com um grau superior de segurança. Isto garante, sem dúvida, uma maior confiabilidade no que concerne à gestão dos prazos de entrega ou ao controlo de custos. Os desafios internacionais do atual cenário comercial Embora os acordos comerciais globais criem oportunidades para empresas e operadores logísticos, também apresentam desafios consideráveis. A instabilidade nas negociações comerciais, assim como a volatilidade política, aumentam as potenciais ameaças para as empresas, que se deparam com a crescente necessidade de desenvolver estratégias de mitigação do risco para lidar com mudanças tarifárias ou, até, com a cessação de acordos. Um exemplo notável, neste âmbito, é a situação enfrentada por múltiplas empresas no quadro da guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China. Muitas organizações acabaram, então, por transferir parte das suas operações para outros países, com o intento de evitar as tarifas impostas entretanto. Ademais, para reduzir os riscos, são cada vez mais os players que têm adotado estratégias de nearshoring, friendshoring e de diversificação de fornecedores. O objetivo passa por criar rotas logísticas alternativas — geograficamente próximas ou com um elevado grau de afinidade política e cultural —, diminuindo, assim, a dependência em relação a um único mercado. Similarmente, as organizações que investem no planeamento estratégico e nas melhores práticas de gestão de crise, bem como em tecnologias de análise de dados, em tempo real, assumem uma maior capacidade para mitigar o risco no atual cenário comercial. Conseguem, assim, tornar as suas cadeias de abastecimento mais resilientes. Mas como pode a sua empresa tirar partido dos acordos comerciais globais? Para aproveitar as oportunidades subjacentes aos acordos comerciais globais em vigor, as organizações devem, então, adotar estratégias logísticas proativas e seguras, para aumentar a sua flexibilidade operacional e que garantam a sua adaptação às características e aos objetivos dos diferentes mercados. Incluem-se, aqui, medidas como: Realizar pesquisas de mercado para identificar mercados-alvo e avaliar o seu potencial; Usufruir dos acordos comerciais globais aplicáveis, em cada operação, com o intuito de maximizar as vantagens competitivas e beneficiar das preferências tarifárias; Garantir a total conformidade com os requisitos regulatórios e os padrões de qualidade em vigor, por exemplo, para facilitar o acesso ao mercado; Monitorizar os desenvolvimentos regulatórios e as mudanças nas políticas comerciais dos países — assim como nos contornos dos acordos comerciais globais — para antecipar riscos e oportunidades; Estabelecer relações alicerçadas na confiança mútua com um parceiro logístico experiente, podendo navegar de forma eficaz e rentável na complexidade que caracteriza, hoje, os mercados internacionais. Pretende expandir o seu negócio para novos mercados? Pois bem, com uma vasta experiência em múltiplos pontos do globo, a Rangel é o parceiro logístico ideal para o apoiar na gestão operacional deste intrincado e moroso processo. Com a ajuda e o aconselhamento dos nossos especialistas, poderá usufruir dos acordos comerciais globais mais benéficos para o seu contexto, bem como de um conjunto alargado de soluções logísticas de excelência, adaptadas aos seus desafios. Entre em contacto connosco! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Disk. “The Impact of Trade Tariffs on Global Supply Chain Strategies”. Acedido a 19 de novembro de 2024.Evans Distribution Systems. “The Role of Trade Agreements in Strengthening Global Supply Chains”. Acedido a 19 de novembro de 2024.Maritime Fairtrade. “How Free Trade Agreements Shape the Future of Maritime Commerce”. Acedido a 19 de novembro de 2024.International Trade Council. “The Impact of International Trade Agreements on Global Business”. Acedido a 19 de novembro de 2024.Conselho da União Europeia. “Acordos comerciais da UE”. Acedido a 19 de novembro de 2024. Etiquetas:logística Partilhar no Facebook Partilhar no Twitter Partilhar no LinkedIn
31 de Janeiro, 2025 Internacional, Logística, Mercado Qual será o impacto da guerra comercial na logística global? Ler mais