História da logística: das origens à era da automação e da inteligência artificial 5 de Setembro, 2025 Rangel Logistics Solutions Logística A história da logística confunde-se, sem dúvida, com a própria história da organização das sociedades. Afinal, desde os primeiros impérios até às atuais cadeias de abastecimento globais, altamente digitalizadas e complexas, a capacidade de movimentar recursos de forma eficaz e segura sempre foi um fator determinante no sucesso económico, político e estratégico. Com efeito, empreender uma incursão nesta trajetória revela-se essencial para interpretar o papel central que a logística desempenha hoje. Não apenas pela sua função operacional, mas sobretudo enquanto eixo estruturante da competitividade e da resiliência organizacional. Ao revisitar os principais marcos da história da logística — das campanhas militares à era da automação — reconhecemos que esta disciplina sempre se moldou aos desafios do seu tempo. E é precisamente essa capacidade de adaptação contínua que faz dela um ativo crítico para enfrentar a volatilidade dos mercados globais. Índice Muito antes da supply chain: as primeiras páginas da história da logística A revolução industrial e a era do transporte mecanizado E como se definiram os grandes paradigmas logísticos no século XX? Da Segunda Guerra ao nascimento da logística moderna Just-in-time e a viragem japonesa A revolução da colaboração em rede e a lógica da supply chain A era digital: um salto tecnológico que revolucionou a história da logística Big data, IoT e visibilidade em tempo real Automação e inteligência artificial (IA) FAQ (perguntas frequentes) 1. É possível enquadrar o surgimento do conceito moderno de logística? 2. O que distingue a logística 3.0 da logística 4.0? 3. Qual é o papel da sustentabilidade na história da logística? Muito antes da supply chain: as primeiras páginas da história da logística Embora o reconhecimento da logística, enquanto disciplina de gestão, tenha ocorrido apenas no século XX, a sua prática acompanhou, inequivocamente, a evolução das civilizações. Aliás, muito antes de surgirem expressões como “cadeia de abastecimento”, já a organização dos fluxos — de bens, pessoas e informação — desempenhava um papel imprescindível nos contextos militar, económico, político e social. De facto, os primeiros grandes sistemas da história da logística levam-nos à Antiguidade. As primeiras utilizações do termo “logística” surgem no âmbito da preparação de campanhas militares e, portanto, da necessária mobilização de recursos em territórios hostis. Heródoto, por exemplo, ao relatar a marcha de Ciro, o Grande, descreve a preocupação com o abastecimento das tropas, sublinhando a sua relevância estratégica central. Ademais, importa também destacar os avanços da civilização romana no que concerne ao desenvolvimento de uma rede viária complexa, com cerca de 80 mil quilómetros de estradas. Estas vias faziam-se acompanhar por entrepostos, armazéns e estruturas de aprovisionamento que asseguravam o abastecimento de exércitos e províncias. Consistia, pois, na verdadeira espinha dorsal logística do império. Paralelamente, as dinâmicas do comércio internacional trouxeram novos desafios logísticos. A Rota da Seda, criada há mais de dois mil anos, ligava o Extremo Oriente ao Mediterrâneo, exigindo coordenação entre caravanas, pontos de descanso, zonas de transbordo e entrepostos comerciais. Nesta fase embrionária, os alicerces de toda a história da logística — planeamento, armazenagem, transporte e visibilidade da cadeia — estavam já presentes, ainda que com meios rudimentares. A revolução industrial e a era do transporte mecanizado A Revolução Industrial marcou, inegavelmente, uma inflexão na história da logística. As possibilidades de mecanização tornaram obsoletos os sistemas tradicionais de abastecimento e exigiram uma nova abordagem à movimentação de bens em grande escala. Com a introdução da máquina a vapor e o desenvolvimento da ferrovia, a logística ganhou, então, uma infraestrutura capaz de suportar o ritmo da produção industrial. De facto, os comboios reduziram substancialmente os tempos de entrega, incrementaram a previsibilidade dos fluxos e expandiram a cobertura territorial. Similarmente, os portos adaptaram-se a navios de maior calado e surgiram os primeiros grandes armazéns industriais, estrategicamente posicionados junto aos nós de transporte. Não obstante, a gestão logística permaneceu, nesta fase, fortemente compartimentada. Geralmente, as operações de transporte, armazenagem, processamento de encomendas ou controlo de inventário estavam dispersas entre diferentes departamentos, sem uma lógica de integração transversal. No entanto, a crescente complexidade dos mercados, a intensa diversificação da oferta e o alargamento das redes comerciais exigiriam, nas décadas seguintes, uma evolução conceptual que transformaria, de forma definitiva, a história da logística. E como se definiram os grandes paradigmas logísticos no século XX? O século passado marcou o início da consolidação da logística enquanto função estruturada. Deixou, por isso, de ser perspetivada como um conjunto de operações isoladas — frequentemente subordinadas a outras áreas — para se assumir, progressivamente, como um eixo estratégico de criação de valor. Por conseguinte, cimentaram-se, neste período, os grandes paradigmas que continuam em vigor: a sincronização dos fluxos, a eliminação de desperdícios, a emergência de uma visão sistémica e colaborativa da cadeia de abastecimento e, mais tarde, a digitalização dos processos. Da Segunda Guerra ao nascimento da logística moderna O contexto bélico funcionou, sem dúvida, como catalisador de uma nova abordagem à gestão dos recursos. Afinal, a escala global do conflito exigiu sistemas logísticos altamente coordenados, capazes de garantir, com previsibilidade, o abastecimento simultâneo de múltiplas frentes de combate. Por esse motivo, desenvolveram-se métodos de planeamento integrado, armazenagem estratégica e manutenção técnica em larga escala. No pós-guerra, muitas destas práticas foram adaptadas ao mundo empresarial, promovendo uma visão moderna da disciplina — agora reconhecida pelo seu impacto na eficiência e na estrutura de custos das organizações. Todavia, ainda não foi neste momento que a história da logística ultrapassou a forte compartimentação que pautava esta área, dificultando a racionalização dos movimentos e impedindo uma visão integrada do desempenho. Just-in-time e a viragem japonesa Foi no Japão que se consolidou uma nova perspetiva da história da logística: o “modelo JIT”. A estratégia just-in-time (JIT) centra-se na eliminação de desperdícios, na sincronização dos fluxos e na produção estritamente ajustada à procura real. Com efeito, questionou a lógica dominante dos grandes inventários, vistos como um recurso fulcral para garantir a continuidade operacional. A implementação do JIT implicava um grau de fiabilidade até então pouco exigido: entregas frequentes, em volumes reduzidos, com grande precisão temporal e uma articulação estreita com os fornecedores. A logística passava, assim, a ser um elemento estruturante do próprio modelo produtivo. A difusão internacional deste paradigma, a partir dos anos 1980, coincidiu com a introdução de tecnologias como o EDI (Electronic Data Interchange) e o código de barras, que permitiram digitalizar processos e reforçar a visibilidade. A revolução da colaboração em rede e a lógica da supply chain Nas últimas décadas do século XX, a história da logística assistiu a um novo salto conceptual. A integração funcional e sistémica da cadeia de abastecimento — ou supply chain — substituiu, progressivamente, a visão fragmentada das atividades. Passa-se, assim, a priorizar a articulação entre fornecedores, operadores, distribuidores e clientes, numa rede com objetivos comuns. Este novo paradigma tornou claro que a criação de valor não depende apenas da eficiência interna de cada empresa, mas da capacidade de coordenação entre os intervenientes. Isto exige, sem dúvida, níveis inéditos de visibilidade, fiabilidade e partilha de informação. A disseminação de sistemas integrados de gestão — como os ERP (ou seja, Enterprise Resource Planning) — veio dar corpo a esta colaboração em rede. A era digital: um salto tecnológico que revolucionou a história da logística O século XXI trouxe uma transformação estrutural: a digitalização constituiu, decerto, uma verdadeira rutura com os modelos tradicionais, introduzindo novas lógicas de operação, decisão e controlo. A informação passou, então, a assumir um papel central, os dados tornaram-se ativos estratégicos e os fluxos logísticos ganharam uma nova dimensão: a da inteligência. Pois bem, a evolução da logística passou a alicerçar-se em sistemas de rastreamento em tempo real, análises preditivas e decisões assistidas por algoritmos: chegámos à logística 4.0, com um ecossistema digitalizado, conectado e inteligente. Big data, IoT e visibilidade em tempo real A integração de sensores, dispositivos conectados e mecanismos de rastreamento — no âmbito da Internet das Coisas (IoT) — permite recolher dados, certamente com uma precisão sem precedentes, sobre localização, condições ambientais ou desempenho operacional. Estas informações passaram a alimentar plataformas de gestão logística e modelos analíticos baseados em big data, capazes de antecipar ruturas, otimizar rotas, prever flutuações da procura e apoiar decisões críticas. Por conseguinte, nesta fase da história da logística, a estruturação de dados passou a ser um instrumento de controlo e antecipação. Automação e inteligência artificial (IA) Similarmente, a automação dos processos logísticos assume um papel central nesta nova era. Armazéns robotizados, picking automatizado, veículos guiados automaticamente (AGV) e soluções de sorting inteligente têm agilizado as operações, tornando-as também mais seguras. Além disso, a inteligência artificial generativa veio ampliar substancialmente estas capacidades. Afinal, modelos preditivos de gestão de inventário, algoritmos de otimização de carga e ferramentas de planeamento dinâmico, por exemplo, tornaram-se instrumentos-chave para lidar com a crescente complexidade e volatilidade dos mercados e das redes logísticas globais. Ora, a história da logística mostra-nos que esta disciplina nunca foi estática — evolui com o tempo, os contextos e as exigências do mercado. Consequentemente, num quadro cada vez mais desafiante, especializado e competitivo, é essencial contar com um parceiro logístico experiente, tecnologicamente preparado e com capacidade de adaptação contínua. Na Rangel, contamos com uma equipa de excelência, reconhecida pela sua vasta experiência neste ramo. Consulte, então, a nossa ampla oferta de serviços logísticos e prepare o seu negócio para os desafios de hoje e do futuro! FAQ (perguntas frequentes) 1. É possível enquadrar o surgimento do conceito moderno de logística? Sim, a abordagem moderna a esta área vital ganhou força após a Segunda Guerra Mundial, com a adaptação de técnicas militares de abastecimento ao contexto empresarial. 2. O que distingue a logística 3.0 da logística 4.0? A logística 3.0 digitalizou processos com o uso de computadores, warehouse management systems (WMS) e códigos de barras. Por sua vez, a logística 4.0 introduz tecnologias inteligentes como IoT, big data e IA, permitindo decisões preditivas e cadeias altamente conectadas. 3. Qual é o papel da sustentabilidade na história da logística? Inegavelmente, a sustentabilidade tornou-se incontornável na evolução da logística moderna. Envolve práticas como otimização de rotas, logística inversa e redução sistemática de emissões, por exemplo, alinhando eficiência operacional com responsabilidade ambiental. FontesUtisgad Journal (International Journal of Commerce, Industry and Entrepreneurship Studies). “The Evolution of Logistics Management toward the Digital Transition”. Acedido a 16 de julho de 2025.https://utisgad.org/wp-content/uploads/2023/07/UTISGAD-2023-3-1-1206.pdfJournal of Enterprise and Business Intelligence (JEBI). “History, Issues, and Future Scope of Logistics and Supply Chain”. Acedido a 16 de julho de 2025.https://anapub.co.ke/journals/jebi/jebi_pdf/2023/jebi_volume_3-issue_2/JEBI202303010.pdfUniversidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “Logística e cadeia de suprimentos”. Acedido a 16 de julho de 2025.http://arquivos.eadadm.ufsc.br/EaDADM/UAB3_2013-2/Modulo_6/Logistica/material_didatico/logistica_e_cadeia_de_suprimentos-3ed-online.pdfDODO. “The evolution of logistics: from the Silk Road to artificial intelligence and robots”. Acedido a 16 de julho de 2025.https://www.idodo.group/content-hub/the-evolution-of-logistics-from-the-silk-road-to-artificial-intelligence-and-robots/ Etiquetas:história logística
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