ESG: o que é e qual é o seu impacto na sustentabilidade das supply chains?

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A sigla “ESG” (isto é, “Environmental, Social, and Corporate Governance”) surgiu, pela primeira vez, num relatório do Pacto Global das Nações Unidas, que destacava a importância de integrar critérios sustentáveis na gestão empresarial. Desde então, as práticas ESG tornaram-se omnipresentes no universo corporativo, alinhando-se com as disposições dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

Nas cadeias de abastecimento — que concentram uma parte significativa não só das emissões de gases de estufa, como também dos impactos sociais das empresas —, o ESG desempenha um papel crucial. Mas, afinal, qual é a verdadeira repercussão destas políticas nas supply chains? E quais os seus benefícios no âmbito da logística? Descubra neste artigo.

Primeiramente, o que é ESG?

Este conceito pode definir-se, então, como o conjunto de normas, políticas e métricas que permitem avaliar o impacto social e ambiental das operações de uma empresa.

Para as organizações, constitui uma forma de provar a investidores, colaboradores e clientes que as suas práticas estão em consonância com as políticas ambientais e sociais recomendadas. Por outro lado, para os investidores, o ESG ajuda a filtrar potenciais investimentos de risco.

Em algumas geografias, as empresas de maior dimensão têm a obrigação — ou, pelo menos, a veemente recomendação — de publicar relatórios de sustentabilidade. Por exemplo, na União Europeia, a Corporate Sustainability Reporting Directive (CSRD), que entrou em vigor em janeiro de 2023 em substituição da Non-Financial Reporting Directive, estabelece um novo padrão para a divulgação de informações sobre sustentabilidade e introduz requisitos mais rigorosos para as empresas.

Esta iniciativa pretende reforçar o compromisso do setor empresarial com as metas de sustentabilidade europeias, promovendo, assim, a edificação de uma economia mais resiliente e responsável.

Quais são os parâmetros a equacionar na avaliação do ESG?

Os fatores ESG abrangem três dimensões principais, a saber: ambiental, social e governança. Importa, pois, atentar sobre os elementos específicos concernentes a cada uma delas:

Ambiental

Refere-se ao impacto da empresa no meio ambiente e ao seu esforço para mitigar riscos ambientais. Com efeito, as suas métricas incluem:

  • Emissões de gases com efeito de estufa (GEE): medição das emissões diretas (scope 1) e indiretas (scope 2 e 3);
  • Gestão de recursos naturais: consumo de água, energia e materiais utilizados nas operações;
  • Redução de resíduos: estratégias de reciclagem, reutilização e gestão de resíduos perigosos;
  • Biodiversidade e uso da terra: consequência das operações sobre ecossistemas e habitats naturais;
  • Ações climáticas: adesão a iniciativas como as metas de neutralidade carbónica e a utilização de energias renováveis.

Social

Avalia a repercussão da empresa nas pessoas, tanto interna (colaboradores) como externamente (comunidades e consumidores), regendo-se por determinados critérios, a saber:

  • Direitos humanos: respeito por normas laborais justas e combate a práticas como trabalho infantil ou escravo;
  • Condições profissionais: saúde e segurança dos colaboradores, diversidade e inclusão no local de trabalho;
  • Impacto na comunidade: apoio a comunidades locais, investimentos sociais e parcerias comunitárias;
  • Satisfação e privacidade do cliente: proteção de dados e respeito pelos direitos dos consumidores;
  • Ética da cadeia de abastecimento: garantia de práticas justas e sustentáveis ao longo da supply chain.

Governança

Foca-se na ética das práticas de gestão e na transparência corporativa. Engloba fatores como, por exemplo:

  • Estrutura de gestão: composição do conselho de administração, independência dos membros e diversidade;
  • Ética e conformidade: combate à corrupção, ao suborno e a práticas empresariais fraudulentas;
  • Transparência: divulgação de relatórios financeiros, riscos e informações não financeiras;
  • Remuneração dos executivos: alinhamento entre remuneração, desempenho e objetivos ESG;
  • Envolvimento dos stakeholders: diálogo e prestação de contas a investidores, colaboradores e outras partes interessadas.

De que forma é que o ESG afeta as cadeias de abastecimento?

Da produção de uma mercadoria à sua chegada ao consumidor final, existe um longo percurso, que envolve vários intervenientes: fornecedores, fabricantes, transportadoras e distribuidores. Por conseguinte, a gestão desta cadeia exige uma coordenação eficaz para garantir eficiência, qualidade e, claro está, práticas sustentáveis.

As práticas ESG estão, portanto, a transformar todas as etapas da supply chain. Analisemos, então, alguns casos incontornáveis:

1. Alterações dos critérios de seleção de fornecedores

Longe vão os tempos em que as empresas apenas prestavam atenção ao custo e à rapidez com que os parceiros entregavam as matérias-primas importantes para o processo produtivo. Parâmetros como as práticas laborais e de sustentabilidade revelam-se, pois, cada vez mais relevantes na escolha dos fornecedores.

Por exemplo, uma organização comprometida em reduzir a sua pegada de carbono tenderá a privilegiar parceiros que utilizem energias renováveis ou métodos de transporte mais eficientes.

2. Práticas de procurement mais ecológicas

O processo de procurement, tradicionalmente focado em custos e qualidade, tem evoluído para incluir, igualmente, critérios de ESG. Isto implica mudanças nas práticas concernentes aos pedidos de propostas (RFP) ou às avaliações de fornecedores, que passam, dessa forma, a englobar indicadores de impacto ambiental e social.

Esta abordagem permite, então, identificar fornecedores que oferecem bens e serviços mais responsáveis: materiais recicláveis, processos de fabricação de baixo impacto ambiental, métodos agrícolas regenerativos ou práticas laborais éticas, por exemplo.

3. Aumento da transparência na cadeia de abastecimento

À medida que os consumidores e investidores se tornam mais exigentes, em relação ao ESG, aprofunda-se decerto a necessidade de rastrear e divulgar dados detalhados sobre todas as etapas da cadeia de valor. Trata-se, sem dúvida, de uma prática que ajuda a identificar vulnerabilidades, possibilitando às organizações assegurar que os seus produtos proveem de fontes éticas.

Assim, muitas empresas estão a implementar sistemas de rastreabilidade que monitorizam a origem das matérias-primas e a sua trajetória ao longo de toda a supply chain. A utilização de tecnologias como ablockchain, a título ilustrativo, encontra-se cada vez mais disseminada, com o intuito de registar, de forma imutável, as etapas do processo, garantindo a acessibilidade e confiabilidade das informações sobre práticas ambientais, sociais e laborais.

4. Adoção de estratégias de logística verde

A logística e a distribuição, enquanto pilares centrais da supply chain, devem alinhar-se com os objetivos globais de sustentabilidade. Desse modo, há alguns esforços de logística verde a priorizar:

  • Redução de emissões de gases de efeito de estufa no transporte — através da utilização de veículos elétricos na last mile, do recurso a tecnologias que permitem a otimização das rotas de transporte ou da gestão inteligente do transporte multimodal, entre outros;
  • Embalagens sustentáveis — cada vez mais empresas recorrem a materiais recicláveis ou biodegradáveis no processo de packaging, para reduzir o uso de plásticos descartáveis e minimizar o peso e o volume durante o transporte;
  • Eficiência operacional — a sustentabilidade na logística passa por iniciativas como, por exemplo, a otimização sistemática e estrutural do fluxo de mercadorias e a redução de desperdícios em todas as etapas da supply chain. Nesse sentido, o recurso a soluções de robótica e inteligência artificial (IA) pode ser fulcral.

Quais são os benefícios das estratégias ESG na logística?

Inegavelmente, o efeito do ESG nas práticas da supply chain faz-se sentir em múltiplas áreas e diversos fatores, como:

  • Melhoria das condições laborais, em virtude da inclusão de critérios ESG que promovem condições de trabalho mais justas e seguras ao longo da cadeia;
  • Redução do impacto ambiental, por meio de iniciativas que ajudam a diminuir as emissões de carbono ou a produção de resíduos;
  • Conformidade com o quadro regulatório (cada vez mais exigente na maioria das geografias);
  • Incremento da resiliência das cadeias de abastecimento — fator imprescindível num contexto económico, geopolítico e ambiental muito volátil;
  • Aumento do capital reputacional das organizações, permitindo atrair e fidelizar o crescente número de consumidores e investidores que priorizam os critérios de ESG e sustentabilidade corporativa. Isto traduz-se, a médio e longo prazo, em ganhos de natureza financeira.

Pois bem, num contexto em que o futuro das empresas está diretamente ligado à adoção de práticas ESG — em particular, nas operações que decorrem nas cadeias de abastecimento —, é fundamental contar com um parceiro de logística alinhado com estes critérios.

Com o apoio personalizado da equipa Rangel, poderá, então, contar com um padrão de atuação pautado pela responsabilidade, pelo rigor e pela excelência. O nosso vasto leque de soluções de logística oferece-lhe, pois, soluções avançadas de gestão de risco, rastreabilidade, eficiência e transparência. Queremos construir um futuro melhor consigo: contacte-nos!

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
EiQ. “2025 Supply Chain ESG Risk Outlook”. Acedido a 30 de janeiro de 2025.
Novisto. “The importance of ESG practices in business”. Acedido a 30 de janeiro de 2025.
IMD. “ESG investing explained: how to drive sustainability in your company?”. Acedido a 30 de janeiro de 2025.
Skadden. “ESG: A Review of 2024 and Key Trends To Look for in 2025”. Acedido a 30 de janeiro de 2025.
Vizion. “The Impact of ESG on Supply Chain Practices”. Acedido a 30 de janeiro de 2025.
European Commission. “Corporate sustainability reporting”. Acedido a 30 de janeiro de 2025.