Como pode a impressão 3D impactar o futuro da logística?

Imprimir objetos complexos em qualquer local parece, decerto, uma possibilidade saída de um filme de ficção científica. No entanto, esta já é uma realidade em muitos setores, incluindo na logística moderna. A integração da impressão 3D — impulsionada pela digitalização da economia e pela Indústria 4.0 — está a transformar profundamente os processos de produção e distribuição, garantindo assim uma abordagem mais eficiente, sustentável e flexível.

Neste artigo, exploramos então o impacto que esta tecnologia poderá apresentar na definição do futuro da logística e das dinâmicas da cadeia de abastecimento global.

O que é a impressão 3D e como funciona?

A impressão 3D, ou manufatura aditiva, é uma tecnologia que permite criar objetos tridimensionais, mediante um processo que consiste em adicionar material, camada após camada, até formar o artigo final.

De modo geral, a criação de um modelo em 3D segue quatro etapas, a saber:

1. Modelagem — constitui, portanto, o primeiro passo para criar um objeto em 3D. Por regra, utiliza-se software de modelagem 3D, como o CAD, para projetar a peça. Estes programas permitem criar artigos com um elevado grau de precisão, ajustando-os, então, às suas necessidades específicas;
2. Fatiamento — trata-se do processo de divisão do modelo digital em faixas muito finas. Desta forma, a impressora pode construir o objeto camada por camada. Para tal, utiliza-se um software de fatiamento, que gera um ficheiro G-code com todas as instruções para a impressora;
3. Impressão — com o modelo devidamente “fatiado”, é, pois, o momento de dar forma à peça. A impressora segue as instruções do ficheiro G-code, depositando o material por camadas;
4. Pós-processamento — após a impressão, poderá, ainda, revelar-se necessário realizar os acabamentos do objeto. Nomeadamente, a remoção de suportes, o lixamento, a pintura ou a montagem, por exemplo.

Qual será o impacto da impressão 3D na logística e nas cadeias de abastecimento?

A impressão 3D tem vindo a demonstrar o seu potencial em múltiplas áreas, caso da saúde, indústria automóvel, aeroespacial ou construção civil. Destaca-se, pois, na produção de artigos como próteses personalizadas, peças leves para veículos ou estruturas arquitetónicas.

No setor logístico, esta tecnologia está, passo a passo, a transformar os métodos de fabricação, de armazenamento e, também, de distribuição. Atentemos, portanto, em alguns exemplos:

Produção mediante as dinâmicas da procura

A impressão 3D viabiliza a produção de peças ou itens apenas quando é preciso, ​​eliminando assim a necessidade de manter grandes stocks. O modelo de produção sob procura é particularmente eficaz em setores que exigem personalização, agilidade e eficiência, evitando situações de excesso de stock.

Produção de peças de reposição

Empresas de logística podem fabricar rapidamente peças de reposição no local onde se demonstram necessárias, como em centros logísticos ou oficinas de manutenção. Este método reduz, certamente, os tempos de espera (lead times) e otimiza a eficiência operacional, suprimindo a exigência de transportar peças de reposição para locais distantes.

Por exemplo, impressoras instaladas em centros logísticos ou aeroportos podem produzir componentes críticos para reparos rápidos, evitando paragens prolongadas.

Personalização de mercadorias

Num mercado cada vez mais exigente e competitivo, a impressão 3D facilita a criação de produtos à medida dos consumidores, respondendo, desse modo, às suas necessidades específicas. Por exemplo, na área da saúde, é possível utilizar a impressão 3D para produzir próteses auditivas personalizadas.

Armazéns digitais

Ao adotar esta tecnologia, as empresas podem, então, criar armazéns digitais, onde mantêm arquivos prontos para impressão. Oferecem, decerto, mais agilidade que os inventários físicos. Com efeito, estes modelos podem atualizar-se rapidamente, permitindo que as empresas ajustem os seus produtos sem custos significativos.

Produção em locais remotos

As impressoras 3D constituem uma solução prática e eficiente para superar os desafios da logística em áreas de difícil acesso (plataformas offshore) ou em situações críticas. Podem, por isso, substituir o transporte — demorado e dispendioso — de ferramentas, peças ou materiais para geografias distantes.

Os desafios e as vantagens da impressão 3D

A adoção da impressão 3D nos processos da supply chain incorpora um conjunto de benefícios tangíveis. Entre eles, destacamos então os seguintes:

• Redução de custos — com a produção direcionada apenas para os itens necessários, as empresas podem, sem dúvida, evitar despesas elevadas com o armazenamento e a manutenção de inventários físicos volumosos;
• Diminuição do desperdício — a impressão 3D utiliza o material essencial para a produção, reduzindo significativamente os resíduos e promovendo processos mais eficientes e sustentáveis;
• Personalização em massa — esta tecnologia permite criar produtos ajustados às necessidades do consumidor, sem incorrer em custos adicionais ou comprometer a eficiência operacional;
• Redução dos transportes — ao possibilitar a fabricação local, a impressão 3D reduz a obrigação de transporte de longa distância, o que também diminui o lead time e os custos logísticos;
• Sustentabilidade — a proximidade da produção, em relação aos clientes finais, contribui, inegavelmente, para a redução da pegada de carbono. Além disso, a utilização eficiente de materiais reforça práticas ecológicas na gestão da cadeia de abastecimento.

Apesar das vantagens, a implementação da impressão 3D na logística enfrenta, decerto, desafios significativos. Desde logo, importa sublinhar o peso do investimento inicial, com a aquisição de equipamentos avançados e a formação de pessoal qualificado.

De igual modo, é imprescindível garantir que estes produtos se regem pelas normas da indústria, especialmente em setores exigentes, como o aeroespacial ou a saúde. Ademais, a variabilidade nos resultados de impressão, em virtude das diferenças dos materiais, das máquinas ou das configurações, pode dificultar a consistência e a integração em processos de produção globais.

Por fim, a limitação de materiais disponíveis para impressão 3D continua a ser um fator restritivo. Embora a oferta esteja em constante crescimento, ainda não é possível responder às necessidades específicas de todas as indústrias, o que limita a adoção mais transversal desta tecnologia.

Qual será o papel da impressão 3D no futuro da logística?

A impressão 3D é, indubitavelmente, uma das grandes tendências da logística. Da descentralização da produção à automação total das cadeias de abastecimento, esta tecnologia está a abrir novas possibilidades para uma logística mais ágil, sustentável e orientada para o consumidor.

Vejamos, pois, algumas das principais aplicações da impressão 3D neste âmbito:

1. Produção local descentralizada

Como vimos, a impressão 3D permite deslocar a produção para lugares próximos aos consumidores. Consequentemente, este modelo pode dar origem a micro-hubs de fabricação local, em cidades estratégicas, que produzem itens sob procura, reduzindo o lead time e os custos logísticos.

2. Otimização da cadeia de abastecimento

Com armazéns digitais, as empresas podem gerir inventários de forma mais eficiente, apostando no armazenamento dos designs digitais prontos para impressão e refreando, assim, o desperdício associado a stocks obsoletos.

3. Contenção do impacto ambiental

A fabricação local pode, de facto, reduzir a pegada de carbono associada ao transporte de mercadorias de longa distância. Além disso, o processo utiliza apenas o material necessário, minimizando desperdícios e fomentando práticas mais sustentáveis, alinhadas com as metas globais de redução de emissões de carbono.

4. Automação e integração tecnológica

A integração da impressão 3D com Internet of Things (IoT) e inteligência artificial (IA) permitirá uma evolução tecnológica que culminará na automação das múltiplas etapas da supply chain. Sensores inteligentes poderão, pois, monitorizar a procura em tempo real e acionar a produção de itens automaticamente, otimizando a eficiência operacional.

5. Preparação para emergências

A flexibilidade e agilidade da impressão 3D possibilitará a fabricação de ferramentas, equipamentos e itens essenciais em cenários de emergência, como desastres naturais. Por exemplo, abrigos temporários, filtros de água e peças de infraestruturas podem produzir-se no local, garantindo uma resposta rápida e eficaz em áreas afetadas.

Além disso, num contexto pautado por uma crescente tensão económica e geopolítica, esta valência pode revelar-se importante para assegurar a continuidade das operações dos negócios.

Ora, se pretende transformar a gestão logística do seu negócio com soluções inovadoras que integrem automação, digitalização e processos eficientes, é essencial dispor de um parceiro logístico de excelência. Na Rangel, contamos com uma equipa rigorosa e com um conjunto amplo de soluções logísticas sofisticadas, para o ajudar a tornar a sua supply chain mais ágil, sustentável e eficiente. Contacte-nos!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
Supply Chain Technology News. “How 3D Printing is Transforming Supply Chain Processes”. Acedido a 10 de janeiro de 2025.
EDI Weekly. “The Impact of 3D Printing on Supply Chain Management in Manufacturing”. Acedido a 10 de janeiro de 2025.
Everything Supply Chain. “3D Printing Solves Supply Chain Challenges”. Acedido a 10 de janeiro de 2025.
Supply Chain Brain. “The Benefits of Data-Driven 3D Printing for the Supply Chain”. Acedido a 10 de janeiro de 2025.