Principais corredores logísticos em África: oportunidades e desafios a considerar 23 de Maio, 2025 Rangel Logistics Solutions Internacional, Transportes Os corredores logísticos em África estão, inegavelmente, no centro de significativas mudanças económicas na região. Com uma população jovem em expansão e uma classe média emergente — que fomenta a cimentação de novos mercados internos —, este continente oferece condições promissoras para o desenvolvimento do comércio e da logística. Estas rotas estratégicas ligam portos e corredores logísticos a centros urbanos, assim como áreas produtivas a mercados consumidores. Revelam-se, portanto, cruciais para a integração regional e a otimização de custos operacionais. Exploramos, então, os principais corredores logísticos em África, analisando as oportunidades e os desafios que persistem no desenvolvimento de uma rede de transportes e de logística eficiente. Quais são os principais corredores logísticos em África? Cada vez mais, os corredores logísticos em África ligam nações e mercados com segurança e eficiência. Assim, examinemos algumas das mais relevantes rotas que, nos últimos anos, receberam investimento do Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB): África Oriental Nesta região, o desenvolvimento de infraestruturas tem-se concentrado em torno do Lago Vitória e da região dos Grandes Lagos, com o objetivo de melhorar a ligação entre os países sem litoral e os principais portos da costa leste, como Mombaça e Dar es Salaam. Alguns dos corredores logísticos na África Oriental mais relevantes são: Corredor Mombaça-Nairobi-Addis Ababa Esta rota, que liga o Quénia à Etiópia e se estende até ao Djibouti, é certamente um dos corredores logísticos em África com maior impacto regional. Com cerca de 1.900 km — e articulações que se estendem até Djibouti por outros eixos complementares —, o projeto foi desenvolvido em várias fases ao longo de uma década, com o apoio financeiro do AfDB. Este investimento permitiu à Etiópia, por exemplo, escoar pelo menos 20% das suas mercadorias de forma mais competitiva através do porto de Mombaça. Além disso, o comércio bilateral entre a Etiópia e o Quénia registou um incremento de 400%. Corredor Central Também integrado na rede de corredores logísticos em África, conecta o porto de Dar es Salaam, na Tanzânia, aos países vizinhos sem acesso ao mar, como o Burundi, o Ruanda, o Uganda e a República Democrática do Congo (RDC). Nos últimos anos, este corredor beneficiou de uma modernização significativa nas infraestruturas portuárias e ferroviárias. Estas melhorias contribuíram para uma redução expressiva nos custos logísticos e favoreceram o desenvolvimento económico das populações ao longo do eixo. África Austral Os corredores logísticos da África Austral constituem rotas estratégicas de transporte essenciais para a integração regional, uma vez que facilitam o comércio e a conectividade entre países costeiros e interiores. Apoiados por instituições como a SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral) e a Corridor Task Force, incluem-se, entre estes eixos: Corredor de Nacala Ligando Moçambique, Malawi e Zâmbia, destaca-se, decerto, como um caso de sucesso entre os corredores logísticos em África. Com um investimento de 458 milhões de dólares do Banco Africano de Desenvolvimento, viabilizou uma redução do tempo de transporte de mercadorias de 30 para apenas 15 horas, refletindo assim uma melhoria substancial na eficiência da supply chain. Corredor Norte-Sul (secção norte) O corredor Norte-Sul, que integra, igualmente, a lista de principais corredores logísticos em África, conecta o Porto de Mombaça (Quénia) e o Uganda, o Ruanda, o Burundi e a RDC. Nos últimos anos, este eixo beneficiou de investimentos substanciais, com destaque para projetos como a autoestrada Kampala-Jinja e os Postos Fronteiriços Integrados (One-Stop Border Posts), que têm contribuído para reduzir os tempos de trânsito e melhorar a fluidez logística. Estas melhorias têm, de facto, impulsionado o comércio regional, beneficiando sobretudo os países africanos sem acesso direto ao mar. Corredor do Lobito Reativado em 2024, o corredor do Lobito marca um avanço significativo na infraestrutura logística da África Austral. Após vários anos de investimento e modernização, a linha férrea e o porto do Lobito voltaram a operar em plena capacidade, ligando, assim, Angola à República Democrática do Congo e à Zâmbia. Esta reabertura permite o escoamento eficiente de minerais estratégicos — como o cobre e o cobalto — e de produtos agrícolas, reduzindo de forma expressiva os tempos e custos de transporte na região. África Ocidental Esta região é servida por corredores costeiros e transsaarianos que unem os portos do Golfo da Guiné às capitais do interior. Nesse sentido, destacamos: Corredor Abidjan-Lagos O corredor Abidjan-Lagos liga cinco países costeiros da África Ocidental, a saber: Costa do Marfim, Gana, Togo, Benim e Nigéria. Constitui, pois, uma referência entre os corredores logísticos em África. Com um investimento de 479 milhões de dólares do AfDB, é, hoje, uma peça-chave no comércio intrarregional. O seu desenvolvimento contribuiu significativamente para reduzir os tempos de transporte e de espera nas fronteiras, em particular entre Benim e Togo, graças à modernização das infraestruturas e à implementação de sistemas integrados de controlo aduaneiro. África Central Com fortes ligações à África Austral, esta região tem apostado na melhoria das infraestruturas de transporte e registado, inegavelmente, um aumento da quantidade de transações. Desse modo, tem vindo a garantir o reforço da integração económica e facilitado o escoamento de recursos estratégicos. Um dos principais eixos é, então: Corredor Central RDC-Angola Ao reforçar a ligação entre África Central e Austral, ocupa uma posição de destaque entre os corredores logísticos em África. Com um investimento de 267 milhões de dólares do Banco Africano de Desenvolvimento, as melhorias infraestruturais reduziram o tempo de viagem entre Mbuji-Mayi e Kananga de 72 para 12 horas. Ademais, fizeram crescer em mais de 300% o volume de comércio entre a RDC e Angola. Este corredor garante, ainda, o acesso da RDC aos portos atlânticos de Angola — Lobito, Luanda e Soyo. Contribui, assim, para a integração entre as regiões da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral e da Comunidade Económica dos Estados da África Central. Oportunidades estratégicas dos corredores logísticos em África Entre 2004 e 2022, o Banco Africano de Desenvolvimento canalizou 15 mil milhões de dólares para o desenvolvimento de 25 corredores logísticos em África estratégicos, cobrindo 18.022 quilómetros de estradas neste continente. Pois bem, este investimento beneficiou aproximadamente 307 milhões de pessoas, criando um conjunto múltiplo de oportunidades: Expansão do acesso ao mercado O continente africano representa, atualmente, uma das regiões com maior potencial de crescimento económico, com uma população jovem e em rápida expansão, que deverá ultrapassar os 2,5 mil milhões de habitantes até 2050. Esta dinâmica demográfica está, portanto, a transformar África num mercado consumidor de importância estratégica para empresas que procuram diversificar as suas operações e explorar novas oportunidades de negócio. Zona de Comércio Livre A implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA) surge como uma oportunidade determinante para empresas que pretendem investir em África. Este acordo pretende criar um mercado único, potenciando, desse modo, o crescimento económico, por meio da redução de barreiras comerciais entre os países-membros. Na prática, os corredores logísticos em África facilitam a movimentação eficiente de mercadorias entre os Estados signatários, o que é fulcral para usufruir das vantagens da AfCFTA. Projetos notáveis, como o corredor Abidjan-Lagos, demonstram já um impacto positivo na dinamização do comércio regional. Empresas estrategicamente localizadas nestes corredores estão, por isso, numa posição privilegiada para capitalizar o crescimento do comércio intra-africano. Digitalização e tecnologia A revolução digital nesta região é, sem dúvida, uma oportunidade significativa para modernizar as operações dos principais corredores logísticos em África. Afinal, a adoção de sistemas de gestão de transporte (TMS), plataformas de comércio eletrónico e tecnologias de monitorização das mercadorias estão a transformar radicalmente as dinâmicas do setor. Iniciativas como os Postos Fronteiriços Integrados têm demonstrado resultados positivos. No posto de Moyale, na fronteira entre o Quénia e a Etiópia, registaram-se reduções substanciais nos tempos de espera, espelhando assim os benefícios da digitalização e da integração de procedimentos aduaneiros. Que desafios devem as organizações equacionar em relação aos corredores logísticos em África? Ao analisar o desenvolvimento dos corredores logísticos em África, é crucial identificar os desafios estruturais que persistem e, inegavelmente, podem comprometer a eficiência operacional e o potencial de crescimento. Aliás, estes obstáculos, quando ignorados, podem limitar a capacidade das organizações para tirar pleno partido das oportunidades emergentes neste quadro. Infraestruturas inadequadas Apesar dos progressos, as insuficiências concernentes a esta área vital continuam a ser um dos principais desafios para o desenvolvimento dos corredores logísticos em África. O relatório do AfDB revela que o continente tem apenas dois quilómetros de estradas pavimentadas por 100 km². Ademais, apenas 43% da população rural tem acesso a estradas transitáveis o ano todo, afetando, naturalmente, a eficiência das operações logísticas. Barreiras não tarifárias Estas barreiras — que incluem, por exemplo, procedimentos aduaneiros complexos, requisitos administrativos e taxas diversas — continuam a dificultar o fluxo eficiente de mercadorias ao longo dos corredores logísticos em África. A harmonização dos procedimentos aduaneiros e a adoção de sistemas eletrónicos interligados para a gestão documental e o controlo de mercadorias são, por isso, medidas consideradas prioritárias para reduzir estes obstáculos. Os Postos Fronteiriços Integrados representam um avanço nesta direção, mas o progresso tem sido variável entre os diferentes corredores e países. Segurança das operações logísticas A instabilidade política e a insegurança que, por vezes, se verificam nos corredores logísticos em África representam, certamente, desafios para os processos da cadeia de abastecimento. Afinal, a eclosão de conflitos sociais e políticos, a atividade criminosa e as ameaças à segurança da carga afetam a operacionalidade de alguns hubs logísticos vitais. Com efeito, as empresas que atuam nestas regiões devem desenvolver estratégias de gestão de crise robustas, o que implica custos adicionais. A colaboração com autoridades locais, parceiros logísticos especializados e organizações regionais é essencial para mitigar estes riscos. Fragmentação do mercado A fragmentação do mercado africano, com diferentes regimes regulatórios, requisitos documentais e normas técnicas, continua a ser um obstáculo para a eficiência das operações logísticas. Esta disparidade regulatória aumenta, decerto, a complexidade que subjaz ao comércio transfronteiriço no continente. A implementação da AfCFTA visa, pois, solucionar estas questões por meio da harmonização de políticas e regulamentos. No entanto, a sua integração total pressupõe uma base institucional sólida e um compromisso político sustentado por parte dos Estados-membros. Qual é a importância de contar com um operador logístico de confiança, neste quadro? O futuro dos corredores logísticos em África passa, então, por três grandes eixos estratégicos: O investimento em infraestruturas sustentáveis e resilientes; A facilitação do comércio, por meio da simplificação aduaneira e da digitalização de processos; O desenvolvimento de competências locais que garantam uma resposta adequada às crescentes exigências da gestão de supply chains. Neste contexto, para os players que ambicionam tirar partido das oportunidades singulares deste mercado em expansão, é essencial contar com o apoio de um operador logístico especializado, com conhecimento do terreno e experiência comprovada na região. Com presença direta em vários mercados africanos e uma vasta experiência na gestão de processos logísticos internacionais, a equipa Rangel é o parceiro estratégico de que precisa para garantir a eficiência e a segurança das suas operações neste continente. Temos ao seu dispor um conjunto alargado de soluções logísticas adaptáveis aos desafios e ao perfil do seu negócio. Contacte-nos! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:Banco Africano de Desenvolvimento (AfDB). “Cross-Border Road Corridors – Expanding Market Access in Africa and Nurturing Continental Integration”. Acedido a 18 de abril de 2025.https://www.afdb.org/en/documents/cross-border-road-corridors-expanding-market-access-africa-and-nurturing-continental-integrationTralac. “Transforming African Trade Corridors for the Future: What Are the Key Priority Areas?”. Acedido a 18 de abril de 2025.https://www.tralac.org/blog/article/15331-transforming-african-trade-corridors-for-the-future-what-are-the-key-priority-areas.htmlAfrican Land. “Exploring Africa’s Main Road Corridors and Ports: An Overview”. Acedido a 18 de abril de 2025.https://african.land/blog/article/exploring-africas-main-road-corridors-and-ports-an-overview-b603GMES & Africa Geoportal. “The African Development Corridors Database”. Acedido a 14 de maio de 2025.https://gmesgeoportal.rcmrd.org/maps/rcmrd::the-african-development-corridors-database/explore?location=-0.440203%2C25.620100%2C3.76&path= Etiquetas:áfrica corredores logísticos transporte terrestre
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